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Uso de antibióticos pode aumentar risco de neuropatias
Pesquisadores analisaram um banco de dados de 1,3 milhão de adultos que receberam uma ou mais prescrições de antibióticos sem diagnóstico de neuropatia periférica no início do tratamento
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Pesquisa da Universidade de Dundee, no Reino Unido, mostrou que uma classe comumente usada de antibióticos pode aumentar o risco de um paciente sofrer uma lesão grave e potencialmente permanente dos nervos em quase 50%.
A neuropatia periférica tem sido reconhecida há muito tempo como um efeito colateral potencial dos antibióticos fluoroquinolonas, mas não se sabia o quão forte era essa associação e como ela poderia ser afetada pela duração do tratamento, ou por idade e sexo.
Pesquisadores liderados pelo Dr. Daniel Morales, da Faculdade de Medicina da Universidade de Dundee, analisaram um banco de dados de 1,3 milhão de adultos que receberam uma ou mais prescrições de fluoroquinolona ou antibióticos amoxicilina-clavulanato sem diagnóstico de neuropatia periférica no início do tratamento.
Eles descobriram que o uso atual de antibióticos sistêmicos fluoroquinolonas pareceu aumentar o risco de neuropatia periférica em 47%, causando um adicional de 2,4 casos por 10.000 pacientes por ano de tratamento. Uma pessoa prescrita com amoxicilina-clavulanato não foi significativamente mais propensa a experimentar neuropatia periférica.
O risco foi maior para os homens e aumentou com a idade e com o tempo de tratamento com fluoroquinolona. Um diagnóstico de neuropatia periférica permaneceu com maior probabilidade de ser diagnosticado por até seis meses após a prescrição de fluoroquinolona.
Os homens com mais idade, o grupo com maior probabilidade de adquirir neurapatia periférica depois de 28 dias de fluoroquinolonas, teriam uma chance em 34.000 desta ocorrência. Embora o risco absoluto de um diagnóstico de neuropatia periférica permaneça baixo, o Dr. Morales disse que este deve ser considerado como um dos efeitos colaterais potenciais antes de prescrever antibióticos.
“A segurança dos antibióticos fluoroquinolonas tem recebido muita atenção em relação ao seu potencial para causar efeitos colaterais em longo prazo em algumas pessoas”, disse ele. “Um destes efeitos é a neuropatia periférica, na qual os nervos, mais comumente dos membros inferiores, podem ser afetados, causando dormência, dor ou problemas de equilíbrio”, completa o pesquisador.
“As fluoroquinolonas são antibióticos eficazes, mas os profissionais de saúde devem reconhecer que a neuropatia periférica pode ocorrer raramente após a terapia com fluoroquinolona. Observamos que o tratamento com fluoroquinolonas pode aumentar o risco de neuropatia periférica em cerca de 50% e que esse risco pode durar até 6 meses após o tratamento. Foi interessante observar que os resultados variaram de acordo com o tempo de tratamento com o antibiótico e nossas descobertas sugerem que o risco pode não ser o mesmo para todos. ”
Quando os profissionais de saúde suspeitam que um medicamento causa uma reação adversa, eles são encorajados a relatar esses casos a agências reguladoras de medicamentos. Relatos de casos já reportados identificaram a neuropatia periférica como um efeito colateral potencial do tratamento com antibióticos fluoroquinolonas. No entanto, estudos adicionais confirmando ou refutando esse risco foram limitados, em particular aqueles que visam quantificar o risco e examinar como ele pode variar entre diferentes pessoas.
A pesquisa do Dr. Morales foi publicada na última edição da revista científica JAMA Neurology.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Dundee (em inglês).
Fonte: Grant Hill, Universidade de Dundee. Imagem: Shutterstock.
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