Notícia
Gene FOXA1 desencadeia comportamento metastático no câncer de mama
Pesquisadores realizaram uma abordagem geral do genoma para aprofundar a maneira como o gene FOXA1 realiza a complexa tarefa de desencadear comportamentos metastáticos
Instituto Nacional de Câncer, NIH
Fonte
Baylor College
Data
quarta-feira, 22 janeiro 2020 09:40
Áreas
Biologia Celular e Molecular. Genômica. Oncologia.
Cerca de 75% dos cânceres de mama têm receptores de estrogênio, portanto, são chamados de receptores positivos de estrogênio (ER+). As células originais de câncer de mama ER+ dependem do estrogênio para crescer, e terapias que tornam o estrogênio indisponível para as células, chamadas terapias hormonais, podem resultar em remissão em longo prazo em alguns pacientes. O tamoxifeno, um dos vários tipos de terapia hormonal, funciona ligando e bloqueando o receptor de estrogênio nas células cancerígenas.
No entanto, a maioria dos pacientes com doença metastática, incluindo aqueles cujos tumores responderam inicialmente à terapia hormonal, eventualmente recaem e vão a óbito devido à resistência adquirida pelos tumores à terapia hormonal.
Em seu laboratório no Baylor College, nos Estados Unidos, a Dra. Rachel Schiff e seus colegas, juntamente com colaboradores da Escola Médica de Harvard, revelaram um novo mecanismo que ajuda a explicar como o câncer de mama resistente adquire comportamento metastático, abrindo a possibilidade de novas estratégias terapêuticas.
“Em trabalhos anteriores, descobrimos que as células tumorais resistentes às terapias hormonais produzem mais [o gene] FOXA1 do que células suscetíveis, e essa abundância de FOXA1 desempenha um papel ativo em conferir resistência à terapia”, disse a Dra. Rachel Schiff, professora de Medicina no Baylor College e co-autora do estudo.
No presente estudo, os pesquisadores adotaram uma abordagem geral do genoma para aprofundar a maneira como o FOXA1 realiza a complexa tarefa de desencadear comportamentos metastáticos.
Alterar o programa aciona o comportamento metastático
“Trabalhando com linhas de células de câncer de mama em laboratório, descobrimos que o FOXA1 reprograma células de câncer de mama resistentes à terapia hormonal ativando certos genes que foram desativados antes e desativando outros. O novo programa de expressão gênica imita um programa inicial de desenvolvimento embrionário que confere às células cancerígenas novas capacidades, como ser capaz de migrar para outros tecidos e invadi-los agressivamente, características do comportamento metastático”, explicou o Dr. Xiaoyong Fu, professor de Biologia Molecular e Celular no Baylor College.
Os pesquisadores também descobriram que o FOXA1 não age sozinho. Juntamente com outros fatores, ele ativa um grande número de aprimoradores que trabalham juntos para sincronizar a reprogramação de células em todo o genoma. O HIF-2a atua juntamente com FOXA1, mediando a ativação de conjuntos de genes pró-metastáticos e caminhos associados a um desfecho clínico ruim.
É importante ressaltar que os pesquisadores mostraram em experimentos com células de laboratório que um inibidor do HIF-2a, atualmente em desenvolvimento clínico para tratamento de carcinoma avançado de células renais e glioblastoma recorrente, reduziu a migração e a invasão de células de câncer de mama resistentes ao sistema endócrino que expressam alta atividade de FOXA1.
“Em colaboração com nossos colegas da Escola Médica de Harvard, exploramos a possibilidade de transferir essas descobertas para a clínica. Analisamos conjuntos de dados clínicos de câncer de mama metastático e descobrimos eventos de reprogramação semelhantes aos encontrados em nossos modelos de células de câncer de mama resistentes ao sistema endócrino ”, esclareceu a Dra. Rachel Schiff. “Essas descobertas apoiam investigar se a inibição do HIF-2a ou outro intensificador que controla a expressão de muitos genes no câncer de mama resistente à terapia endócrina pode ser traduzida em estratégias terapêuticas eficazes”, concluiu a especialista.
Os resultados foram recentemente publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia na página do Baylor College (em inglês).
Fonte: Ana María Rodríguez, Baylor College. Imagem: Instituto Nacional de Câncer, NIH.
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