Notícia

Glóbulos vermelhos podem ajudar a prever risco de morte e infarto do miocárdio após cirurgia vascular

Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto demostra que parâmetro hematológico RDW pode ajudar a prever complicações após cirurgia vascular

Belova59 via Pixabay

Fonte

Universidade do Porto

Data

sexta-feira, 4 março 2022 12:30

Áreas

Biomedicina. Cardiologia. Hematologia. Microbiologia.

Um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), em Portugal, demonstrou que o RDW – um parâmetro hematológico que mede a diferença entre as células maiores e menores dos glóbulos vermelhos – pode ajudar a prever o risco de mortalidade e da ocorrência de infarto agudo do miocárdio após a realização de uma cirurgia vascular arterial.

EM estudo publicado na revista científica World Journal of Surgery, os pesquisadores portugueses relataram que por cada aumento de uma unidade na amplitude de distribuição dos glóbulos vermelhos, o já designado RDW, aumenta em 8% o risco do paciente sofrer um infarto e em 10% o risco de mortalidade no período pós-operatório.

A Dra. Marina Dias Neto, professora da FMUP e uma das autoras do estudo, explicou que “a utilização de parâmetros hematológicos, como é o caso do RDW, tem vido a ser investigado ao longo dos anos por se tratarem de parâmetros baratos, medidos por rotina na prática clínica e, por isso, facilmente acessíveis em todos os hospitais”.

Idade, estado funcional e diabetes podem ser problema

Outra das conclusões a que chegaram os pesquisadores está relacionada com a descoberta de três fatores que interferem no prognóstico após uma cirurgia arterial eletiva: a idade do paciente, o seu estado funcional e o ser ou não portador de diabetes tratada com insulina.

Segundo os autores da pesquisa, “o risco de morte aumenta 8% por cada ano de idade com que o paciente é submetido à cirurgia”. Por outro lado, o risco de infarto “aumenta cerca de cinco vezes em pacientes que são dependentes de terceiros para as suas atividades de vida diária”, e no caso de pacientes diabéticos que necessitam de tratamento com insulina, esse risco “aumenta cerca de quatro vezes”.

Face a estes novos dados, os médicos podem definir com maior exatidão quais são os doentes submetidos a cirurgia vascular arterial que têm pior prognóstico, incorporando essa estratificação na “decisão cirúrgica, na detecção precoce e na prevenção de efeitos adversos, sempre que possível”.

Apesar destas descobertas, o mecanismo fisiopatológico responsável pela associação encontrada ainda não é totalmente conhecido. “Especula-se que o RDW possa refletir o estado inflamatório que é responsável pela progressão da doença aterosclerótica”, revelou a professora Marina Dias Neto.

“Sabe-se que valores elevados neste parâmetro hematológico se associam a menor deformabilidade dos glóbulos vermelhos, o que por sua vez leva a uma maior propensão para o desenvolvimento de eventos trombóticos, bem como um compromisso do fluxo sanguíneo para os tecidos”, concluiu a cirurgiã vascular e professora da FMUP.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.

Fonte: Daniel Dias, FMUP. Imagem: Belova59 via Pixabay.

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