Notícia

Pesquisadores avançam nos estudos sobre a superbactéria ‘Conan’, radiorresistente e capaz de sobreviver em condições extremas

Últimos resultados de pesquisa, com foco no envelope celular da bactéria, foram publicados na revista científica PNAS

Divulgação, Universidade de Cagliari

Fonte

Universidade de Cagliari

Data

quarta-feira, 16 novembro 2022 06:10

Áreas

Bacteriologia. Biologia. Bioquímica. Doenças Infecciosas. Farmacologia. Microbiologia. Química Medicinal.

A bactéria Deinococcus radiodurans é uma bactéria chamada extremófila, capaz de sobreviver em condições extremas. Está entre as bactérias mais radiorresistentes conhecidas até agora, tanto que ganhou o apelido de’ Conan’ e foi incluída no Guinness (Livro dos Recordes) como ‘a forma de vida mais resistente à radiação’.

A bactéria foi descoberta em 1956 durante experimentos de esterilização de alimentos enlatados com raios gama; depois de isolá-la, surgiu sua capacidade de resistir a doses de radiação gama até 15.000 vezes maiores do que as suficientes para matar um ser humano. Outras experiências mostraram posteriormente que ela resiste ao congelamento, secagem e flutuações de temperatura. Em 2015, um experimento realizado a bordo da Estação Espacial Internacional demonstrou que o Deinococcus radiodurans era capaz de sobreviver por um ano mesmo fora da estação orbital. Sua capacidade de se autoproteger e reparar rapidamente o DNA é surpreendente, e segundo alguns cientistas sua evolução poderia ter ocorrido em Marte e depois se espalhado para a Terra como resultado de um impacto meteórico. Mas o oposto também pode ser verdade: é uma bactéria terrestre potencialmente capaz de migrar pelo universo levando vida a outros planetas.

A pesquisa da Universidade de Cagliari

Na Universidade de Cagliari, na Itália, o Dr. Dario Piano e a Dra. Domenica Farci, pesquisadores do Departamento de Ciências da Vida e do Meio Ambiente e à Faculdade de Biologia e Farmácia da universidade, estudam a Deinococcus radiodurans há mais de uma década. Uma longa e fascinante história, que começou com o objetivo de compreender os mecanismos de resistência dos organismos biológicos a estresses de diversos tipos. Os últimos resultados de pesquisa, com foco no envelope celular da bactéria, foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS). Os autores destacaram, no resumo do artigo: “O envelope celular da bactéria extremófila Deinococcus radiodurans foi estudado por microscopia crioeletrônica e descrito em detalhes sem precedentes”.

A pesquisa foi financiada pelo Centro Nacional de Ciências da Polônia e realizada em colaboração entre a Universidade de Cagliari e a Universidade Warsaw de Ciências da Vida (SGGW), na Polônia, o Instituto de Tecnologia da Europa Central (CEITEC), na República Tcheca, e a Universidade Umeå, na Suécia.

A Dra. Domenica e o Dr. Dario explicaram: “Destacamos a organização regular de três complexos de proteínas que cobrem toda a parede celular bacteriana de maneira cristalina. Este é o primeiro caso em que se observa uma parede celular estruturada com tão alto grau de regularidade. Comumente, estruturas proteicas altamente ordenadas foram identificadas apenas para um componente da superfície das paredes celulares bacterianas. Nesse caso, essa ordem se estende incrivelmente por toda a espessura da parede. As implicações deste estudo têm um enorme potencial de aplicação em vários campos da nanotecnologia e no desenvolvimento de novas tecnologias de antibióticos”.

Estudos anteriores e possíveis aplicações

Ainda não está claro qual é o habitat natural dessa superbactéria. Até agora, a Deinococcus radiodurans foi isolada tanto em ambientes ricos em nutrientes orgânicos, como solos, fezes de animais, carnes processadas e águas residuais, quanto em ambientes secos, como poeira e tecidos. O que é certo é que existem várias aplicações da Deinococcus, inclusive através do uso de técnicas de engenharia genética; entre outras coisas, foi demonstrado que a bactéria poderia ser usada para a eliminação de resíduos radioativos.

Uma etapa anterior do trabalho de pesquisa realizado pelos pesquisadores italianos também foi incluída no projeto financiado pelo Centro Nacional de Ciências da Polônia e foi publicada em maio de 2022 na revista científica Journal of Biological Chemistry.

Acesse o resumo do artigo publicado na revista PNAS (em inglês).

Acesse o artigo científico completo publicado na revista Journal of Biological Chemistry (em inglês).

Acesse a notícia completa publicada na página da Universidade de Cagliari (em italiano).

Fonte: Universidade de Cagliari. Imagem: bactéria Deinococcus radiodurans vista ao microscópio. Fonte: Divulgação, Universidade de Cagliari.

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