Notícia

Agente anticâncer é desenvolvido com cera da carnaúba

Estudo da Universidade Federal do Ceará é capa de revista científica internacional

Pixabay

Fonte

UFC | Universidade Federal do Ceará

Data

sábado, 20 junho 2020 12:30

Áreas

Diagnóstico. Farmacologia. Nanotecnologia. Oncologia.

Um estudo científico que contou com a participação de pesquisadores do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará (UFC) foi destaque de capa da edição de abril da revista científica Chemistry A European Journal, uma publicação das Sociedades Europeias de Química. O trabalho aborda o uso de produtos naturais da caatinga como estratégia em terapias de combate ao câncer.

Integram o estudo as pesquisadoras Dra. Carolina Moura, egressa do doutorado do Programa de Pós-Graduação em Química, e as professoras Dra. Nágila Ricardo e Dra. Otília Pessoa, do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC. Assinam ainda o texto cientistas do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Portugal.

A pesquisa trata da utilização da cera de carnaúba como matriz lipídica para um nanocompósito (materiais em que pelo menos um de seus componentes apresentam dimensões nanométricas) aplicável no tratamento contra o câncer. Nessa plataforma, estão nanopartículas magnéticas e um bioativo natural com ação anticancerígena, a oncocalixona-A, extraída de uma árvore endêmica da caatinga, o pau-branco do sertão.

Sobre o nanocompósito explica a professora Nágila Ricardo, coordenadora do Laboratório de Polímeros e Inovação de Materiais (LabPIM), onde foi desenvolvida a pesquisa: “A cera de carnaúba forma uma cápsula lipídica com um caráter magnético conferido pela presença das nanopartículas de óxido de ferro. Tem-se então (no nanocompósito) o fármaco responsável pelo efeito terapêutico, e as nanopartículas de ferro nele funcionam como agentes de contraste para ressonância magnética de imagem e para hipertermia magnética (superaquecimento da região do tumor, matando as células cancerígenas)”.

O nanocompósito desenvolvido no estudo atua, portanto, em duas vias no combate às células tumorais: tanto através da liberação de fármacos que podem agir de forma mais precisa no corpo do paciente, reduzindo assim os efeitos colaterais do tratamento, quanto através da viabilização do uso da técnica de hipertermia magnética, propiciada por meio das nanopartículas presentes na estrutura. “A hipertermia magnética moderada tem atraído significativamente a atenção como um método seguro para a terapia do câncer. As células tumorais são mais sensíveis à temperatura elevada do que as células normais e essa técnica pode permitir um acréscimo de temperatura no local específico, matando assim as células tumorais e causando o mínimo de danos ao tecido normal”, observou a Dra. Carolina Moura.

Outra via de ação do nanocompósito está no seu papel de diagnóstico de doenças. “Este trabalho demonstra o grande potencial da nanotecnologia no tratamento, na prevenção e no diagnóstico de inúmeras doenças, dentre elas o câncer. A utilização de partículas no nível da nanoescala oferece inúmeras vantagens. A presença da magnetita nas partículas de cera de carnaúba permite avaliar as propriedades das nanopartículas magnéticas como fonte geradora de calor e como agente de contraste em imagem por ressonância magnética, uma técnica amplamente utilizada no diagnóstico clínico de doenças e avaliação pós-terapêutica”, reitera a professora Nágila Ricardo.

Dentro dessa perspectiva, o nanocompósito insere-se na abordagem dos procedimentos teranósticos, uma área em expansão da Medicina que integra nanociência para aplicações terapêuticas mais precisas. “Combinam-se em um mesmo sistema múltiplas estratégias que atuam em sinergia para aumentar seus efeitos terapêuticos benéficos, quando comparados em atuação de forma isolada. O teranóstico envolve uma combinação de terapia e diagnóstico para formar um único agente. Com isso tem-se ao mesmo tempo o diagnóstico, a administração do fármaco e o mais importante, é possível monitorar a resposta ao tratamento aplicado”, afirma a professora.

A escolha da cera da carnaúba para a pesquisa segue um dos enfoques do LabPIM: a utilização de produtos naturais da caatinga para o desenvolvimento de novos materiais que possam ser empregados no combate ao câncer. O derivado da árvore símbolo do Ceará, inclusive, atualmente é destaque no campo da Química Fina, para a síntese de nanopartículas lipídicas sólidas (NLSs). “As NLSs que possuem em sua composição cera de carnaúba têm sido propostas como veículos adequados para a administração de drogas com baixa solubilidade. Aos sistemas de NLSs foram adicionadas nanopartículas magnéticas e surgiram as nanopartículas lipídicas sólidas magnéticas (NLSMs), que têm sido descritas como um sistema em potencial para carreamento e liberação controlada de drogas”, concluiu a Dra. Carolina Moura.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFC.

Fonte: Universidade Federal do Ceará. Imagem: Cera de Carnaúba. Fonte: Pixabay.

Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Farma e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Farma, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 farma t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional nas áreas de Ciências Biológicas, Biomédicas e Farmacêuticas, Saúde e Tecnologias 

Entre em Contato

Enviando

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

Create Account