Notícia

Anticorpos contra o SARS-CoV-2 gerados em infecção prévia são seis vezes menos eficazes contra variante P.1

Amostras de plasma convalescente – coletadas entre dois e três meses após a infecção – foram testadas paralelamente contra a linhagem B e a variante P.1: resultados indicam que o potencial de neutralização frente à nova cepa foi em média seis vezes menor

Mayan Sachan via Unsplash

Fonte

Agência FAPESP

Data

quarta-feira, 3 março 2021 07:35

Áreas

Doenças Infecciosas. Microbiologia. Saúde Pública.

Experimentos laboratoriais conduzidos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicam que anticorpos presentes no plasma sanguíneo de pessoas que já tiveram COVID-19 e se recuperaram são cerca de seis vezes menos eficientes para neutralizar a variante brasileira do SARS-CoV-2, denominada P.1., do que a chamada linhagem B, que circulou no país nos primeiros meses da pandemia.

O estudo mostra ainda que o plasma coletado de indivíduos que receberam a segunda dose da CoronaVac há cerca de cinco meses apresenta baixa quantidade de anticorpos capazes de neutralizar o novo coronavírus – tanto a linhagem B quanto a variante P.1. Os dados foram divulgados no último dia primeiro de março na plataforma Preprints with The Lancet e ainda estão em processo de revisão por pares.

“O que esses resultados preliminares sugerem é que tanto as pessoas que já tiveram COVID-19 como aquelas que foram vacinadas podem ser infectadas pela nova variante P.1. e, portanto, não devem se descuidar”, alerta Dr. José Luiz Proença Módena, professor do Instituto de Biologia (IB-Unicamp) e coordenador da investigação.

Segundo o pesquisador, esse fenômeno é comum e ocorre também com outras vacinas, fazendo com que alguns vírus continuem circulando mesmo após uma população ser imunizada. “Em hipótese alguma ele sugere que a vacina não funciona”, afirmou o especialista.

Os experimentos descritos no artigo foram realizados com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) (projetos 16/00194-8 e 20/04558-0) no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve) do IB-Unicamp, que tem nível 3 de biossegurança (NB3) e é administrado pelo Dr. José Módena. O grupo recebeu de colaboradores do Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) 20 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes infectados pela variante brasileira, que foram inoculadas em culturas celulares suscetíveis ao SARS-CoV-2. A presença da P.1. nas amostras dos pacientes foi confirmada por sequenciamento do genoma viral.

Dois isolados da variante P.1. obtidos a partir das culturas infectadas in vitro foram usados nos testes de neutralização feitos tanto com o plasma de convalescentes quanto de vacinados.

“Nós já tínhamos uma coleção de plasma doado por pessoas que se recuperaram da COVID-19 – todas as amostras com altas quantidades de anticorpos neutralizantes. Esse material foi originalmente colhido e analisado para o tratamento de pacientes em estado grave [método conhecido como transfusão passiva de imunidade ou terapia com plasma convalescente]”, contou o Dr. José Módena à Agência FAPESP.

As amostras de plasma convalescente – coletadas entre dois e três meses após a infecção – foram testadas paralelamente contra a linhagem B e a variante P.1. Os resultados indicam que o potencial de neutralização frente à nova cepa foi em média seis vezes menor.

“Esse é um valor que chama a atenção. No caso do vírus influenza [causador da gripe], por exemplo, quando de um ano para outro surge uma nova variante que é seis vezes menos neutralizada pelos anticorpos, já se considera que há escape imune e que é necessário atualizar a vacina”, destacou o pesquisador.

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Karina Toledo, Agência FAPESP. Imagem: Mayan Sachan via Unsplash.

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