Notícia

Banco genômico brasileiro permitirá aprimorar o diagnóstico de doenças genéticas no país

Análises do genoma completo de 1.171 idosos de São Paulo possibilitarão identificar mutações responsáveis por doenças ou que são determinantes para o envelhecimento saudável

Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH)

Fonte

Agência FAPESP

Data

terça-feira, 8 março 2022 06:15

Áreas

Biologia. Biotecnologia. Genética. Genoma. Saúde Pública.

Um banco de dados genômicos de idosos de São Paulo, desenvolvido por pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL), do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), permitirá identificar mutações responsáveis por doenças genéticas na população brasileira ou que são determinantes para o envelhecimento saudável.

Os dados individuais já estão disponíveis para a comunidade científica, mediante a solicitação de download, e os agregados começaram a ser disponibilizados nos últimos anos no Arquivo Brasileiro On-line de Mutações (ABraOM).

Resultados obtidos por meio de análises feitas a partir do banco genômico foram descritos em artigo publicado nesta na revista científica Nature Communications. Descobertas preliminares foram publicadas em 2020 na plataforma bioRxiv, em artigo sem revisão por pares.

“Desde que os dados começaram a ser disponibilizados foram registrados diversos acessos de pesquisadores do Brasil e do exterior ao repositório. Isso demonstra a importância dessa iniciativa para a comunidade científica”, disse à Agência FAPESP a Dra. Mayana Zatz professora do IB-USP e coordenadora do CEGH-CEL – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP.

O banco é resultado de um estudo pioneiro de sequenciamento de 1.171 genomas completos de idosos brasileiros, representando a maior coorte de genomas de idosos da América Latina.

A pesquisa, denominada inicialmente “Projeto 80mais”, foi iniciada em 2008 com o objetivo de caracterizar o genoma de idosos saudáveis dos pontos de vista físico e cognitivo, com o intuito de dar origem a um banco de referência genômica da população brasileira e contribuir para desvendar os fatores envolvidos com o envelhecimento saudável.

Com média de idade de 71 anos e não aparentados, os idosos foram selecionados por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) no âmbito do Projeto Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (Sabe), apoiado pela FAPESP.

Iniciado em 2000 e coordenado pelas professoras Dra. Maria Lúcia LebrãoDra. Yeda Duarte, o Sabe tem o objetivo de traçar o perfil das condições de vida e saúde de idosos que residem na cidade de São Paulo e em outros centros urbanos da América Latina e do Caribe a partir de entrevistas domiciliares, avaliações e exames médicos.

“O estudo é representativo da população idosa de São Paulo porque é baseado no censo do município paulista e inclui pessoas de todos os níveis socioeconômicos”, avaliou a professora Mayana Zatz.

População altamente miscigenada

Os idosos foram escolhidos como população-alvo para sequenciamento do genoma por já terem passado da idade de início de manifestação de uma série de doenças que surgem na velhice, como o Alzheimer e Parkinson, entre outras.

O fato de morarem em São Paulo, a maior metrópole do país, também permitiu que representem a diversidade genética da população brasileira, que é altamente miscigenada, como destacou a Dra. Mariana Zatz: “São Paulo é a cidade mais miscigenada do Brasil, porque reúne descendentes de imigrantes de diferentes continentes, como Europa, Ásia e África, além de pessoas nascidas em vários outros Estados e países”.

Essa alta diversidade genética dos idosos paulistas participantes do estudo permitirá preencher a lacuna da baixa representatividade de populações altamente miscigenadas nos bancos genômicos internacionais, baseados preponderantemente na população europeia, apontam os autores do estudo.

Os pesquisadores identificaram, por exemplo, cerca de 2 milhões de variantes genéticas nos idosos paulistas até então não descritas em bancos de dados genômicos internacionais. “Isso está relacionado com o fato de os bancos genômicos internacionais retratarem mais o genoma de referência europeu. É possível que esse número de 2 milhões de novas variantes genéticas que encontramos diminua à medida que esses repositórios incluam populações pouco representadas, como a brasileira”, estimou o Dr. Michel Naslavsky, professor do IB-USP e primeiro autor do estudo.

O aumento da diversidade nos bancos genômicos internacionais também permitirá aprimorar a acurácia de testes genéticos para populações altamente miscigenadas, como a brasileira e de outros países da América Latina, em geral, avaliam os pesquisadores.

Acesse o Arquivo Brasileiro On-line de Mutações (ABraOM).

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Elton Alisson, Agência FAPESP. Imagem: Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH).

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