Notícia
Biólogos identificam novos alvos para vacinas contra o câncer
Vacinação contra certas proteínas encontradas nas células cancerosas pode melhorar a resposta das células T aos tumores
RF._.studio via Pexels
Fonte
MIT | Instituto de Tecnologia de Massachusetts
Data
segunda-feira, 20 setembro 2021 06:10
Áreas
Oncologia. Saúde Pública. Vacinas.
Na última década, cientistas exploraram a vacinação como uma forma de ajudar a combater o câncer. Essas vacinas experimentais contra o câncer são projetadas para estimular o próprio sistema imunológico do corpo a destruir um tumor, por meio da injeção de fragmentos de proteínas cancerígenas encontradas no tumor.
Até agora, nenhuma dessas vacinas foi aprovada pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA), mas algumas se mostraram promissoras em ensaios clínicos para tratar melanoma e alguns tipos de câncer de pulmão. Em uma nova descoberta que pode ajudar os pesquisadores a decidir quais proteínas incluir nas vacinas contra o câncer, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriram que a vacinação contra certas proteínas do câncer pode aumentar a resposta geral das células T e ajudar a diminuir os tumores em camundongos.
A equipe de pesquisa descobriu que a vacinação contra os tipos de proteínas identificadas pode ajudar a despertar as populações de células T dormentes que têm como alvo essas proteínas, fortalecendo uma resposta imunológica geral.
“Este estudo destaca a importância de explorar profundamente os detalhes das respostas imunológicas contra o câncer. Agora podemos ver que nem todas as respostas imunológicas anticâncer são criadas igualmente e que a vacinação pode desencadear uma resposta potente contra um alvo que de outra forma seria efetivamente ignorado”, disse o Dr. Tyler Jacks, professor de Biologia do MIT, membro do Instituto Koch para Pesquisa Integrativa do Câncer e o autor sênior do estudo. Megan Burger, pós-doutoranda do MIT, é a autora principal do novo estudo, que foi publicado na revista científica Cell.
Competição de células T
Quando as células começam a se tornar cancerosas, elas começam a produzir proteínas mutantes não observadas em células saudáveis. Essas proteínas cancerosas, também chamadas de neoantígenos, podem alertar o sistema imunológico do corpo de que algo deu errado, e as células T que reconhecem esses neoantígenos começam a destruir as células cancerosas.
Eventualmente, essas células T experimentam um fenômeno conhecido como ‘exaustão de células T’, que ocorre quando o tumor cria um ambiente imunossupressor que desativa as células T, permitindo que o tumor cresça sem controle.
Os cientistas esperam que as vacinas contra o câncer possam ajudar a rejuvenescer essas células T e ajudá-las a atacar os tumores. Nos últimos anos, eles trabalharam para desenvolver métodos para identificar neoantígenos em pacientes com tumores para incorporar em vacinas contra o câncer personalizadas. Algumas dessas vacinas se mostraram promissoras em ensaios clínicos para tratar melanoma e câncer de pulmão de células não pequenas.
“Essas terapias funcionam surpreendentemente em um subconjunto de pacientes, mas a grande maioria ainda não responde muito bem. Muitas pesquisas em nosso laboratório têm como objetivo tentar entender por que isso acontece e o que podemos fazer terapeuticamente para obter mais respostas desses pacientes”, explicou a Dra. Megan Burger.
Estudos anteriores mostraram que das centenas de neoantígenos encontrados na maioria dos tumores, apenas um pequeno número gera resposta das células T.
O novo estudo do MIT ajuda a esclarecer o porquê disso. Em estudos de camundongos com tumores de pulmão, os pesquisadores descobriram que, à medida que as células T direcionadas ao tumor surgem, subconjuntos de células T que têm como alvo diferentes proteínas cancerosas competem entre si, levando ao surgimento de uma população dominante de células T. Depois que essas células T se exaurem, elas ainda permanecem no ambiente e suprimem quaisquer populações de células T concorrentes que têm como alvo diferentes proteínas encontradas no tumor.
No entanto, a Dra. Megan Burger descobriu que se ela vacinasse esses animais com um dos neoantígenos visados pelas células T suprimidas, ela poderia rejuvenescer essas populações de células T. “Se você vacinar contra antígenos que têm respostas suprimidas, você pode desencadear essas respostas de células T. Tentar identificar essas respostas suprimidas e direcioná-las especificamente pode melhorar as respostas dos pacientes às terapias com vacinas”, concluiu a pesquisadora.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do MIT (em inglês).
Fonte: MIT News Office. Imagem: RF._.studio via Pexels.
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