Notícia

Cientista utiliza o cacau em estudo para criar medicamento contra a COVID-19

Fruto, que é típico do sul da Bahia, possui substâncias com potencial a ser testado contra o vírus

Pixabay

Fonte

FAPESB | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia

Data

terça-feira, 30 junho 2020 07:10

Áreas

Desenvolvimento de Fármacos. Doenças Infecciosas. Proteômica. Saúde Pública.

O cacau, importante fruto para a economia do Sul da Bahia, agora é utilizado para contribuir em benefício da sociedade, porém de uma forma diferente. Em busca de potenciais fármacos que possam contribuir para diminuir a pandemia da COVID-19, causada pelo novo coronavírus, uma equipe liderada pelo pesquisador Dr. Carlos Pirovani, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), ganhou o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) na sua pesquisa de avaliação do potencial de enzimas presentes no cacau para atuar contra as proteases presentes no vírus. Em palavras simples, o Dr. Carlos resume a proposta do seu estudo: “Essas proteases do vírus atuam como tesouras, cortando as grandes moléculas do vírus, o que o torna capaz de infectar o nosso organismo. No laboratório de Proteômica da UESC, testamos a hipótese de que alguns inibidores que encontramos em proteases do cacau possam bloquear o efeito das ‘tesouras’ do Coronavírus”, explicou o pesquisador.

O pesquisador conta como surgiu a ideia de desenvolver o estudo. “Lá na Universidade, nossa equipe já trabalha com moléculas do cacau (inibidores de proteases) desde 2005. Já testávamos essas moléculas contra diferentes doenças e decidimos aplicar nosso trabalho para ajudar, por meio da ciência, a combater a pandemia da COVID-19. Como as proteases (tesouras) do coronavírus são alvos promissores para a criação de drogas inibidoras, decidimos realizar os testes e verificar se os inibidores que encontramos no cacau encontramos são eficazes e podem gerar um medicamento contra a doença”, disse ao reiterar que o grupo vem recebendo mensagens de pesquisadores do exterior, motivando-o a continuar o trabalho.

O Dr. Carlos Pirovani afirma querer ir contra a maioria das ações no que diz respeito à procura por um medicamento contra a COVID-19. “Enquanto a maioria busca reposicionar drogas já existentes para que sejam utilizadas contra a COVID-19, como é o caso da cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e corticoide, nossa abordagem envolve posicionar novas drogas. Nesse caso, ainda temos o aditivo de usar moléculas naturais que já produzimos em nosso laboratório. Assim, esperamos desenvolver moléculas que sejam efetivas não só contra o [novo] coronavírus, mas também outras viroses”, declarou o especialista.

Devido à complexidade da doença e do cenário pandêmico, a pesquisa busca provar que as substâncias do cacau são realmente efetivas contra as proteases do vírus. Segundo o cientista, independentemente dos resultados finais, os iniciais, feitos em análise computacional, já indicam os caminhos para o desenho de moléculas promissoras a partir das substâncias do fruto. “Em um cenário perfeito, realmente esperamos que essas substâncias sejam eficazes, mas como imortalizou Ariano Suassuna, ‘bom mesmo é ser esperançoso realista’. Por isso, a parte da pesquisa que envolve analisar as interações das substâncias do cacau com as “tesouras” do vírus já está em andamento e elas serão avaliadas quanto à toxidade às células humanas. Aquelas que passarem no teste serão avaliadas contra o próprio Sars-Cov-2 no Centro de Tecnologia em Vacina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob a supervisão do professor Flávio Fonseca.

O projeto conta com apoio da farmacêutica Brenda Santana, da bióloga Monaliza Macêdo e da biomédica Andria Freitas, todas estudantes de mestrado ou de doutorado da UESC, que são responsáveis pelas análises laboratoriais. Além disso, contou com a contribuição da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e outros pesquisadores da UESC como as professoras Jane Lima e Luciana Debortoli, além do professor Eric Aguiar e da biomédica Danielle Lopes.

“Projetos desta natureza só são viáveis quando se envolve uma equipe multidisciplinar de forma a contemplar uma ampla gama de conhecimentos específicos e metodologias a serem empregadas, além do incentivo por parte da gestão pública. O apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), por meio da FAPESB, é fundamental neste processo”, concluiu o Dr. Carlos Pirovani.

Acesse a notícia completa na página da FAPESB.

Fonte: Ascom, FAPESB. Imagem: Pixabay.

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