Notícia

Com apoio de empresa farmacêutica, terapia poderá regenerar lesões medulares

Em laboratório, pesquisadores desenvolveram técnica fácil e de baixo custo de repolimerização da laminina

Divulgação, FAPERJ

Fonte

FAPERJ | Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

Data

sábado, 27 maio 2023 15:55

Áreas

Biologia. Bioquímica. Biotecnologia. Engenharia Biológica. Indústria Farmacêutica. Microbiologia. Ortopedia.

Um paciente de 23 anos com uma lesão medular recente que poderia acarretar tetraplegia recuperou todos os movimentos. O restabelecimento da mobilidade total do acidentado só foi possível devido aos avanços da ciência. O resultado foi obtido durante os estudos clínicos de uma pesquisa iniciada há mais de 20 anos pela bióloga Dra. Tatiana Sampaio, chefe do Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A tecnologia com utilização da polilaminina chamou a atenção da empresa brasileira Cristália, localizada em Itapira (SP), que num primeiro momento firmou contrato de R$ 3 milhões com a UFRJ, com intermediação da Fundação Universitária José Bonifácio, entidade que gerencia os recursos financeiros advindos de contratos entre a UFRJ e empresas. Além disso, a empresa farmacêutica irá arcar com os custos da continuidade dos estudos, agora focados na reversão de lesões crônicas e no desenvolvimento do produto, que a Dra. Tatiana acredita chegar à população em dois anos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está analisando um pedido para uso da droga em um estudo clínico regulatório. “As lesões crônicas desenvolvem uma cicatriz que impedem a polilaminina de atuar, o que exige a associação de alguma droga que possa atuar nessa barreira”, explicou a pesquisadora.

Fazem parte da equipe o pesquisador Dr. João Menezes e a ex-aluna de doutorado Karla Menezes, que oito meses antes da formatura em Biologia sofreu um acidente e fraturou três vértebras e, por isso, tinha um interesse pessoal no estudo. A equipe sintetizou a polilaminina a partir da estrutura original da laminina, uma proteína produzida pelo organismo para auxiliar na formação e regeneração do sistema nervoso. Para serem eficazes no tratamento, as moléculas precisam estar polimerizadas, como acontece na natureza.  No laboratório, os pesquisadores desenvolveram uma técnica fácil e de baixo custo de repolimerização da laminina.

Uma lesão na medula espinhal pode fazer com que a comunicação entre cérebro e corpo seja interrompida. Da medula espinhal saem os nervos que se estendem até outras partes do corpo, como pernas, braços e pés. A medula é capaz de enviar comandos e informações do cérebro ao restante do corpo, e também é por essa via que os sinais sensoriais vindos de todas as partes do corpo chegam até o cérebro. Lesões medulares podem ser traumáticas ou não e provocar desde perda de sensibilidade até paraplegias (impossibilidade de movimentar os membros inferiores) ou tetraplegias (impossibilidade de realizar movimentos do pescoço para baixo), dependendo da região da medula afetada.

A pesquisa desenvolvida pela Dra. Tatiana Sampaio contou com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) durante a fase do estudo clínico, realizado em meados dos anos 2000, cujo seguro – exigido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) – consumiu praticamente a totalidade dos cerca de R$ 100 mil do auxílio. Os testes foram restritos a um número reduzido de pacientes recém-lesionados (de 24 horas a três dias do acidente) dos hospitais Azevedo Lima, em Niterói, e Souza Aguiar, no Rio, que receberam uma única dose do medicamento.  A recuperação da mobilidade pode ser parcial ou total, dependendo do grau da lesão.

A pesquisadora explicou que a polilaminina é uma alternativa ao uso das células-tronco, principalmente pela sua facilidade de manipulação em relação à retirada de células-tronco. “Estamos apenas imitando a natureza, pois a proteína é produzida pelo organismo naturalmente no processo de desenvolvimento do sistema nervoso”, explicou a professora Tatiana. Segundo ela, o tratamento com a laminina é uma opção mais barata, fácil e segura e está mais avançada do que a terapia com células-tronco, que possui maior complexidade pela dificuldade de se prever seu comportamento após a injeção. “No Brasil existem pouquíssimos laboratórios autorizados a produzir células-tronco para uso humano, e eles dificilmente conseguiriam atender à demanda”, avaliou a bióloga.

Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.

Fonte: Paula Guatimosim, FAPERJ. Imagem: neurônios sobre polilaminina: à esquerda apenas os neurônios (em verde), a polilaminina não está marcada. À direita, os neurônios estão em vermelho e a polilaminina em verde. Fonte: Divulgação, FAPERJ.

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