Notícia

Como os anticoncepcionais afetam seu humor?

Estudo concluiu que a pílula afeta os padrões de atividade em áreas do cérebro relacionadas ao estresse, memória e processamento emocional

Abigail Keenan via Unsplash

Fonte

Universidade de Melbourne

Data

sábado, 3 outubro 2020 11:55

Áreas

Metabolismo. Neurociências. Psicologia. Saúde da Mulher.

Pílulas anticoncepcionais são consumidas diariamente por mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo para proteger contra gravidez indesejada, resolver desequilíbrios hormonais ou melhorar a pele.

Um estudo publicado recentemente na revista científica Hormones and Bahavior indicou que a pílula também afeta os padrões de atividade em áreas do cérebro relacionadas ao estresse, memória e processamento emocional. Em consonância com pesquisas anteriores, foram observadas mudanças na estrutura e função do cérebro, com algumas diferenças maiores entre as mulheres que começaram a usar a pílula na adolescência.

O estudo comparou dois grupos de mulheres de 18 a 26 anos: aquelas que usam atualmente a pílula e aquelas que nunca usaram a pílula anticoncepcional. As participantes realizaram um teste de estresse social, que envolveu amostragem de cortisol, falar em público e uma tarefa de aritmética mental. Então, responderam a questionários avaliando ansiedade e depressão, uma tarefa de memória emocional e realizaram exames de ressonância magnética cerebral funcional e estrutural.

O uso de pílulas foi associado ao aumento da ativação no córtex pré-frontal durante o processamento da memória de trabalho para estímulos de ativação negativa, como imagens de um acidente de carro ou arma de fogo. Isso sugere que as imagens negativas estavam tendo maior impacto sobre as participantes.

Mulheres que tomam anticoncepcional também mostraram mudanças estruturais nas regiões cerebrais implicadas na regulação da emoção e na memória, sugerindo que a pílula afeta importantes vias neurais do cérebro.  E mulheres que começaram a usar a pílula durante a adolescência também mostraram uma resposta diminuída do cortisol em comparação com mulheres que começaram a usar a pílula na idade adulta – isto é, o hormônio do estresse cortisol foi menos responsivo em mulheres que tomam a pílula anticoncepcional por mais tempo.

Essas mudanças podem parecer positivas, mas são, em grande parte, más notícias. Respostas reduzidas do cortisol são tipicamente observadas em populações cronicamente estressadas e são características de burnout e fadiga. No geral, os resultados sugerem que a quantidade de tempo que as mulheres usam a pílula pode influenciar sua sensibilidade emocional e ajudar a explicar por que algumas mulheres desenvolvem transtornos de humor após o uso de anticoncepcionais orais.

Respostas semelhantes foram observadas em usuárias de diferentes anticoncepcionais hormonais, como o adesivo ou DIU hormonal, e também após estresse físico.

Os resultados apontam para uma intersecção desconhecida entre a pílula, a idade no primeiro uso e o bem-estar mental das mulheres.

As múltiplas faces da pílula

Apesar de ser um dos medicamentos mais prescritos no mundo, esta pesquisa mostra que há muito sobre os efeitos da pílula que não se conhece. Poucas pesquisas abordam sistematicamente os efeitos psicológicos e comportamentais da pílula anticoncepcional oral, e essa falta de pesquisas é um problema real.

No entanto, sabe-se que a psicologia e o comportamento mudam dependendo dos níveis dos hormônios ovarianos, e que anticoncepcionais como a pílula podem afetar intensamente esses hormônios. Mulheres que tomam pílula têm maior probabilidade de serem diagnosticadas com depressão e menos probabilidade de se adaptarem a estímulos de medo.

Usuárias de pílulas gastam menos tempo resolvendo tarefas cognitivas desafiadoras – um sinal de perseverança reduzida. Na arena do sexo e dos relacionamentos, o uso de pílulas pode reduzir o desejo sexual e até mesmo mudar o tipo de homem que as mulheres preferem como parceiros românticos. Entrar e sair da pílula em um relacionamento também pode diminuir a satisfação no relacionamento.

A pesquisa sugere uma ampla e preocupante gama de efeitos da pílula no comportamento sócio-cognitivo e no bem-estar psicológico e, principalmente, os resultados destacam que as pessoas que tomam pílula anticoncepcional não têm ideia desses efeitos.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Melbourne (em inglês).

Fonte: Lindsie Arthur, Dra. Khandis Blake e Dra. Kathleen Casto, Escola de Ciências Psicológicas da Universidade de Melbourne. Imagem: Abigail Keenan via Unsplash.

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