Notícia

Desenvolvimento de novos fármacos contra o câncer mira água dentro das células

Fonte

Universidade de Coimbra

Data

sábado, 11 maio 2019 16:15

Áreas

Desenvolvimento de Fármacos. Farmacologia. Biologia Celular e Molecular. Oncologia.

Um estudo que, pela primeira vez, avaliou o impacto de fármacos anticancerígenos na água do interior das células foi distinguido com o “Society Impact Award” 2019, prêmio atribuído pelo “ISIS Neutron and Muon Source”, laboratório que possui um dos mais potentes feixes de nêutrons e múons do mundo, localizado no Reino Unido. Lançado em 2018, o “ISIS Impact Award” reconhece o impacto científico, social e econômico do trabalho desenvolvido pela comunidade de usuários das instalações do centro – cerca de mil cientistas de todo o mundo por ano.

O estudo agora premiado, liderado pela Dra. Maria Paula Marques e pelo Dr. Luís Batista de Carvalho, da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento “Química-Física Molecular” (QFM) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em Portugal, visa o desenvolvimento de novos fármacos antitumorais com múltiplos locais de ação, a chamada quimioterapia multi-alvo, que permite aumentar a eficácia do tratamento de pacientes com câncer, principalmente em casos de prognóstico muito baixo.

Geralmente, explicam os pesquisadores, “os medicamentos de combate ao câncer têm um único alvo (uma molécula receptora, que pode ser o DNA, uma proteína específica, a membrana da célula, etc.). Mas se conseguirmos um fármaco que atue simultaneamente em vários locais da célula, a eficácia do tratamento será maior, e terá menos efeitos tóxicos para o paciente”.

Sabendo-se que a água, a substância mais abundante dentro da célula, é essencial para o seu bom funcionamento, estes pesquisadores decidiram estudar o comportamento dos diferentes tipos de água intracelular na presença de fármacos anticancerígenos. “Só conhecendo todas as mudanças que os medicamentos desencadeiam na estrutura da água no interior da célula é possível avaliar de que forma esta água pode ser usada como um alvo terapêutico. É a primeira vez que se tenta perceber o efeito de fármacos na água intracelular”, notam os cientistas, que trabalham no desenvolvimento de novos fármacos contra o câncer há cerca de duas décadas.

A equipe inovou também na realização das experiências, já que foi a primeira vez que se colocaram células cancerígenas humanas sob a ação de um feixe de nêutrons. Para isso ser possível, foi necessário cultivar e incubar com o fármaco um número extremamente elevado de células cancerígenas humanas imediatamente antes da aquisição dos dados. “São experiências muito complexas, que exigem a utilização de milhões de células vivas”, contam a Dra. Maria Paula Marques e o Dr. Luís Batista de Carvalho.

Foram testados dois fármacos, em dois tipos de câncer muito agressivos: carcinoma de mama metastático (triplo-negativo) e osteossarcoma (câncer ósseo, que afeta particularmente crianças e adolescentes). Primeiro foi avaliado o efeito de um medicamento conhecido – a cisplatina – e, numa segunda fase, foi testado um fármaco desenvolvido pelos pesquisadores da QFM-UC. Ambos os compostos têm como alvo principal o DNA da célula.

Os resultados foram bastante promissores, revelam os coordenadores do estudo. “No seu conjunto, verificou-se que os dois fármacos afetam a água intracelular nos tipos de câncer que foram estudados. Mais observaram-se diferenças significativas no modo de ação dos dois medicamentos, dependentes ainda do tipo de câncer”, concluíram os especialistas.

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.

Fonte: Cristina Pinto, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Imagem: Divulgação, Universidade de Coimbra.

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