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Cientistas de Princeton identificam novos possíveis pontos de entrada para a proteína spike da COVID-19
Um dos fatores essenciais que o vírus da COVID-19 precisa para entrar em um hospedeiro é um receptor em uma célula humana – um local onde a chamada ‘proteína spike’ universalmente reconhecida pode se prender à superfície da célula, perfurá-la, expelir seu conteúdo infeccioso e se replicar. Sem um receptor, não há replicação. Sem replicação, não há infecção.
Pesquisadores do Departamento de Química e do Departamento de Biologia Molecular da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, usaram uma tecnologia de mapeamento celular chamada µMap, introduzida há apenas dois anos pelo Laboratório do professor Dr. David MacMillan, para descobrir oito pontos de entrada de interesse anteriormente desconhecidos para a proteína spike. Quatro deles, descobriram os pesquisadores, são funcionalmente importantes para a entrada viral.
A pesquisa foi publicada recentemente na revista científica Journal of the American Chemical Society (JACS). Esse conhecimento poderia expandir o conjunto de ferramentas usadas para combater o vírus, principalmente à medida que ele sofre mutações e desenvolve maneiras de evitar vacinas.
O projeto colaborativo foi iniciado no auge da incerteza pandêmica há dois anos sob a liderança do Dr. Alexander Ploss, um importante virologista e professor de Biologia Molecular, e do Dr. David MacMillan, professor de Princeton e ganhador do Prêmio Nobel de Química em 2021.
Os cientistas sabem desde que o vírus SARS-CoV-1 apareceu em 2003 que seu principal receptor de entrada viral era uma enzima chamada enzima conversora de angiotensina 2, ou ACE2. Essa enzima foi confirmada em 2020 como o mesmo receptor do SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19. Mas o projeto de Princeton decidiu estudar a hipótese que a ACE2 não era a única possibilidade.
“Sabíamos que existem certas moléculas hospedeiras das quais esse vírus depende absolutamente para entrar nas células pulmonares para causar a infecção, e uma dessas moléculas é chamada ACE2. Então basicamente dissemos, ok, vamos ver se há mais por aí. E procuramos ligantes imediatos”, destacou o professor Alexander Ploss.
“Mas, como você pode imaginar, o processo de entrada é complexo. O vírus se liga a alguma coisa e ainda precisa passar pela membrana celular para entrar em uma célula e, ao longo desse caminho, pode interagir com outros fatores do hospedeiro. Não quero dizer que tudo é ditado pela entrada viral. Obviamente, existem vários processos igualmente essenciais dentro da célula após a entrada do vírus que podem influenciar a gravidade da doença. Mas é obviamente o primeiro passo fundamental. Se o vírus não conseguir entrar, o jogo acabou”, explicou o pesquisador.
O Dr. Steve Knutson, coautor do artigo e pesquisador de pós-doutorado no Laboratório do professor David MacMillan, acrescentou: “Embora a descoberta da ACE2 como o principal receptor tenha sido um grande marco, certamente não conta toda a história da patologia da COVID-19. A biologia pode ser inerentemente promíscua, e adivinhamos corretamente que a proteína spike SARS-CoV-2 interage com várias proteínas da célula hospedeira para a entrada”. Ele acrescentou que investigações como esta são uma pesquisa ‘perfeita’ para a tecnologia µMap.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Princeton (em inglês).
Fonte: Wendy Plump, Departamento de Química, Universidade Princeton.
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