Notícia

Doença por corpos de Lewy pode ser detectada antes dos sintomas

Fonte

Universidade Lund

Data

sexta-feira, 21 julho 2023 13:20

Áreas

Análises Clínicas. Biologia. Biomedicina. Desenvolvimento de Fármacos. Envelhecimento. Neurociências. Neurologia. Saúde do Idoso. Saúde Pública.

Recentemente, um grupo de pesquisa da Universidade Lund, na Suécia, mostrou que a doença por corpos de Lewy pode ser detectada antes que os sintomas apareçam, usando um teste de líquido cefalorraquidiano.

A doença por corpos de Lewy é a segunda doença neurodegenerativa mais comum depois da doença de Alzheimer. A designação genérica inclui a doença de Parkinson e a demência por corpos de Lewy: quando as dificuldades de movimento são mais dominantes, a doença é chamada de doença de Parkinson, e quando as deficiências cognitivas são dominantes, o termo demência por corpos de Lewy é usado.

O estudo foi publicado em dois artigos na revista científica Nature Medicine, onde os pesquisadores também demonstraram que a redução do olfato está fortemente ligada à doença por corpos de Lewy, mesmo antes do desenvolvimento de outros sintomas claros. As descobertas também foram relatadas simultaneamente na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer.

“A doença por corpos de Lewy é causada pelo desdobramento incorreto da proteína alfa-sinucleína no cérebro. Quando isso acontece, a proteína se aglomera e forma os chamados corpos de Lewy, que danificam as células nervosas”, disse o Dr. Oskar Hansson, professor de Neurologia da Universidade Lund e consultor sênior do Hospital Universitário Skåne.

Até muito recentemente, não era possível determinar com certeza se uma pessoa com dificuldades de movimento ou deficiências cognitivas tinha corpos de Lewy no cérebro até depois de sua morte. Mas agora, com um exame de líquido cefalorraquidiano, é possível ver se a pessoa tem a proteína mal dobrada. O grupo de pesquisa do Dr. Oskar Hansson acabou de concluir um grande estudo envolvendo mais de 1.100 indivíduos, todos sem deficiências cognitivas ou dificuldades motoras inicialmente. No entanto, descobriu-se que quase 10% tinham corpos de Lewy em seus cérebros de acordo com o teste de líquido cefalorraquidiano. Portanto, é possível detectar precocemente a doença por corpos de Lewy, antes mesmo dos primeiros sintomas aparecerem.

“Apesar dos participantes não terem problemas cognitivos ou neurológicos no início do estudo, observamos que aqueles com corpos de Lewy no cérebro experimentaram posteriormente um declínio em suas funções cognitivas ao longo do tempo. Também foram eles que desenvolveram doença de Parkinson ou demência com corpos de Lewy nos próximos anos”, disse o Dr. Oskar Hansson.

Uma descoberta interessante também foi que os corpos de Lewy estão fortemente associados a um olfato reduzido mesmo antes do desenvolvimento de outros sintomas. O sentido do olfato também se deteriora à medida que a doença progride. A correlação é tão clara que poderia ser justificado rastrear indivíduos com mais de 60 anos de idade com um teste de olfato e, em seguida, prosseguir com o teste do fluido cefalorraquidiano se alguém quiser detectar a doença por corpos de Lewy precocemente, de acordo com o pesquisador.

”Vários medicamentos direcionados aos corpos de Lewy estão sendo desenvolvidos atualmente, com a esperança de retardar a doença. Muito provavelmente, esse tipo de medicamento tem mais chance de ser eficaz se administrado no início do curso da doença. Se fossem identificados indivíduos assintomáticos com olfato reduzido e o teste de corpos de Lewy positivo, eles poderiam participar de testes de medicamentos que visassem o desenvolvimento de novos medicamentos para interromper a doença precocemente”, destacou o pesquisador.

No entanto, o Dr. Oskar Hansson enfatizou que existem muitas causas de perda de olfato que não estão relacionadas à demência por corpos de Lewy, e é por isso que o teste com o líquido cefalorraquidiano é importante.

Acesse o primeiro artigo científico completo (em ingles).

Acesse o segundo artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Lund (em inglês).

Fonte: Universidade Lund. Imagem: fotomicrografia de um corpo de Lewy (indicado pela seta) no citoplasma de um neurônio na substância negra de uma pessoa que morreu com a doença de Parkinson. Fonte: Tulemo via Wikimedia Commons.

 

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