Notícia

Dor crônica: com nova tecnologia, pesquisadores buscam medicamentos seguros e eficazes

Pesquisadores registram os sinais elétricos que viajam entre os neurônios e estudam as moléculas que controlam a entrega de sinais de dor ao cérebro

Justin Tang, Universidade Carleton

Fonte

Universidade Carleton

Data

sexta-feira, 27 janeiro 2023 15:25

Áreas

Bioeletrônica. Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Dor. Fisiologia. Indústria Farmacêutica. Microbiologia. Neurociências. Neurocirurgia. Saúde Pública.

Uma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre de dor crônica, superando todos os que sofrem de diabetes, doenças cardíacas e câncer juntos. O impacto econômico geral dessa condição – definida como dor que dura mais de três meses, às vezes sem motivo aparente – é estimado em mais de US$ 1 trilhão por ano (cerca de R$ 5,1 trilhões).

No entanto, a dor crônica é frequentemente considerada uma preocupação de qualidade de vida, não um problema médico, e a maioria dos pacientes não está satisfeita com os cuidados ou terapias que recebem.

O Dr. Michael Hildebrand, pesquisador de Neurociência da Universidade Carleton, no Canadá, explora as causas da dor crônica há mais de 15 anos. Um novo projeto que ele está dirigindo – em colaboração com a Eli Lilly and Company e o Hospital de Ottawa, entre outros – pode levar a uma melhor compreensão do que está acontecendo na medula espinhal para perpetuar essa dor e como desenvolver medicamentos para tratá-la.

“Esta é uma crise enorme porque estamos lidando com dores debilitantes, bem como altos custos com saúde e perda de produtividade. As pessoas podem parecer bem porque nem sempre têm sinais externos, mas isso realmente afeta sua vida. Realmente precisamos avançar na pesquisa da dor, e é um momento importante porque estamos nos mobilizando para enfrentar esse desafio”, disse o Dr. Michael Hildebrand.

Embora o cérebro processe os sinais de dor e isso ajude dizendo que algo está errado, esses impulsos sensoriais são, antes, organizados e viajam pela medula espinhal. Para algumas pessoas, a dor aumenta quando não deveria – após a cicatrização de uma lesão, por exemplo.

O professor Hildebrand acredita que a dor pode ser tratada com mais eficiência estudando a medula espinhal e mirando quimicamente nas áreas onde os sinais são retransmitidos e amplificados desnecessariamente.

Em seu laboratório, os pesquisadores realizam experimentos usando tecido da medula espinhal de camundongos ou de doadores humanos, estes últimos adquiridos por meio de sua parceria única com a neurocirurgiã Dra. Eve Tsai, do Hospital de Ottawa. Eles registram os sinais elétricos que viajam entre os neurônios e estudam as moléculas que controlam a entrega de sinais de dor ao cérebro.

Em um artigo publicado em 2022, a pesquisa mostrou, pela primeira vez, que os neurônios na medula espinhal de homens e mulheres processam os sinais de dor de maneira diferente – uma descoberta que pode ter implicações para o desenvolvimento futuro de medicamentos.

As causas da dor crônica

O professor Hildebrand e a Dra. Annemarie Dedek, pós-doutoranda em Carleton, estão agora trabalhando com cientistas da Eli Lilly para aprofundar esta pesquisa. Eles estão usando matrizes de eletrodos múltiplos de alta definição para aprimorar a compreensão dos mecanismos da dor com o objetivo de desenvolver novos testes de triagem pré-clínica de tecidos humanos para terapias de dor.

“Uma peça-chave desse quebra-cabeça que está faltando é descobrir o que está acontecendo com os circuitos da medula espinhal quando você ativa esses caminhos da dor ou quando os bloqueia com tratamentos. Este projeto nos ajudará a identificar moléculas e receptores específicos que são alvos potenciais de drogas”, destacou a Dra. Annemarie.

Usando tecnologia tradicional, os pesquisadores só puderam estudar o que está acontecendo dentro das amostras de tecido, uma célula por vez. Mas as matrizes de múltiplos eletrodos no laboratório do professor Hildebrand e no Hospital de Ottawa – minúsculos chips quadrados com cerca de seis milímetros de lado e contendo cerca de 4.000 eletrodos – podem registrar a atividade de centenas de neurônios ao mesmo tempo.

“As células nas fatias da medula espinhal que usamos ainda estão se comunicando e disparando”, explicou a Dra. Annemarie Dedek, que lida com a maior parte do trabalho prático e conta com especialistas em ciência da computação em Carleton para descobrir como armazenar e gerenciar o volume de dados incrivelmente alto.

“Posso colocar uma fatia em uma matriz de múltiplos eletrodos e registrar a atividade de todo o circuito. Isso é realmente poderoso, porque nos permite ver como as células estão trabalhando em conjunto e ver os processos no nível do circuito que podem estar envolvidos na dor crônica. Quando entendermos melhor esse circuito, essa técnica poder ser usada para atingir algumas das soluções que estamos estudando para interromper os sinais de dor”.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Carleton (em inglês).

Fonte: Dan Rubinstein, Universidade Carleton. Imagem: Dra. Annemarie Dedek no laboratório. Fonte: Justin Tang, Universidade Carleton.

Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Farma e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Farma, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 farma t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional nas áreas de Ciências Biológicas, Biomédicas e Farmacêuticas, Saúde e Tecnologias 

Entre em Contato

Enviando

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

Create Account