Notícia

Em Portugal, i3S lança centro de pesquisa pioneiro para reduzir a experimentação animal

Fonte

Universidade do Porto

Data

quarta-feira, 10 maio 2023 06:20

Áreas

Biologia. Biotecnologia. Engenharia Biomédica. Estudo Clínico. Indústria Farmacêutica. Laboratórios. Microbiologia. Pesquisa Científica.

Foi recentemente lançado no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, em Portugal, o primeiro 3R Knowledge Center de Portugal, dedicado à substituição, redução e refinamento da experimentação animal (3Rs) em Ciência.

A iniciativa foi anunciada durante um evento dedicado a este tema, que aconteceu recentemente e que reuniu no i3S pesquisadores de várias áreas, notadamente alguns premiados em nível europeu pelo desenvolvimento de métodos que substituem animais e/ou reduzem o impacto sobre os animais que são usados em pesquisas.

Portugal era, até agora, um dos poucos países europeus que não tinha um 3R Knowledge Center. Uma falha que, para a Dra. Anna Olsson, pesquisadora principal no i3S e líder da iniciativa em Portugal, será compensada por um centro que “vai potenciar atividades de investigação e de formação em 3Rs com impacto na comunidade científica nacional”.

O princípio dos 3Rs para a investigação em Ciências de Vida e Saúde defende que os investigadores devem sempre procurar Substituir (Replace, em inglês, um dos Rs da sigla), Reduzir e Refinar a experimentação animal. Apresentado pela primeira vez em 1959, o princípio dos 3Rs está agora consagrado na legislação que regula o uso de animais para fins científicos, seja ao nível europeu (Diretiva 2010/63/EU) seja ao nível português (Decreto-Lei 113/2013).

“Usamos muito mais modelos alternativos do que os críticos acham. Mas a experimentação animal não vai poder ser totalmente substituída tão cedo. Por isso é tão importante investir não só na substituição, mas também no refinamento da investigação com animais”, explicou a Dra. Anna Olsson.

Um Centro aberto a todos os investigadores

Apesar de a prática dos 3Rs estar já bastante incorporada na prática científica portuguesa, não existia nenhuma estrutura organizada e dedicada ao tema no panorama nacional. Por isso, o o primeiro 3RKC – 3R Knowledge Center português, “apesar de nascer no i3S, convida toda a comunidade científica em Portugal (e não só) a juntar-se à iniciativa”.

A visão do 3RKC, segundo a Dra. Anna Olsson, é “disseminar conhecimento e providenciar apoio prático aos pesquisadores que procuram implementar os 3Rs em suas pesquisas”.

O Dr. António Jacinto, coordenador do projeto NOVA Institute for Medical Systems Biology e convidado para o evento de lançamento 3RKC, destacou que os “3Rs são uma prioridade na pesquisa” e adianta que a instituição que representa “poderá ser das primeiras a associar-se ao 3RKC“.

Mais tecnologia e menos experimentação animal

Muitos passos no processo de pesquisa já acontecem regularmente sem experimentação animal, recorrendo a métodos in-vitro menos complexos. Mas a simplicidade destes sistemas limita o tipo de questões que podem ser abordadas.

A investigação biomédica que procura descodificar mecanismos de doenças e desenvolver terapias, explicou a Dra. Anna Olsson, “precisa de ter modelos que recapitulam/simulam a complexidade do organismo, incluindo diferentes tipos de órgãos, circulação sanguínea e sistema imunológico. Por isso, é essencial demonstrar e partilhar conhecimento sobre alternativas, nomeadamente a utilização de organoides e órgão-em-chip, que oferecem modelos mais complexos que simulam melhor os sistemas complexos de um organismo”.

Nesse sentido, acrescentou a pesquisadora do i3S, o 3RKC visa ser, acima de tudo, “um agregador do conhecimento que já existe ou que é desenvolvido de novo por investigadores na sua prática científica, para depois difundir e partilhar na comunidade científica e, dessa forma, tornar o princípio mais ágil, ou seja, que saia mais rapidamente do papel e se torne uma prática global”.

Segundo a Dra. Anna Olsson, o projeto europeu REMODEL, que agora termina, “permitiu capacitar o i3S nessas novas tecnologias e demonstra bem as vantagens da partilha de conhecimento entre pesquisadores para implantação de uma estratégia dos 3Rs”. Aliás, sublinhou, “foi a experiência deste projeto que alavancou a ideia do 3RKC”.

Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.

Fonte:  Luísa Melo e Júlio Borlido Santos, i3S/Universidade do Porto. Imagem: Divulgação, i3S/Universidade do Porto.

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