Notícia
Esclerose Múltipla: descoberta pode reduzir progressão da doença
Ao identificar uma molécula que reduz a progressão da Esclerose Múltipla, pesquisadores abrem caminho para novas terapias
Pixabay
Fonte
Universidade de Montreal e Roche Farma Brasil
Data
terça-feira, 19 novembro 2019 09:45
Áreas
Neurociências.
Em um estudo publicado na revista científica Science Translational Medicine, pesquisadores do Centro de Pesquisa do Hospital da Universidade de Montreal (CRCHUM, da sigla em inglês), no Canadá, identificam uma molécula chamada ALCAM que, uma vez bloqueada, atrasa a progressão da esclerose múltipla. Seus resultados, obtidos a partir de estudos in vitro com humanos e in vivo em camundongos, podem levar ao desenvolvimento de uma nova geração de terapias para tratar esta doença autoimune.
Sob condições normais, a barreira hematoencefálica protege nosso cérebro da exposição a elementos nocivos. Por exemplo, evita que células do sistema imunológico, como linfócitos, invadam nosso sistema nervoso central. No entanto, em pessoas com esclerose múltipla, essa barreira é permeável. Um grande número de linfócitos consegue migrar para o cérebro e deteriorar seus tecidos (pela destruição da bainha de mielina que protege os neurônios e permite a transmissão de impulsos nervosos).
“Em nosso estudo, mostramos pela primeira vez que uma molécula chamada ALCAM (Molécula de Adesão a Células de Leucócitos Ativadas), expressa pelas células B (linfócitos B), controla sua entrada no cérebro através dos vasos sanguíneos. Isso lhe permite migrar para o outro lado da barreira hematoencefálica em camundongos e humanos. Ao bloquear essa molécula em camundongos, conseguimos reduzir o fluxo de células B em seus cérebros e, como resultado, retardar a progressão da doença ”, disse o Dr. Alexandre Prat, pesquisador do CRCHUM e professor da Universidade de Montreal.
As células B contribuem para a fase progressiva da esclerose múltipla. Certos medicamentos, comumente conhecidos como medicamentos anti-células B, reduzem sua progressão e a incapacidade resultante. “A molécula ALCAM é expressa em níveis mais altos nas células B de pessoas com esclerose múltipla. Ao direcionar especificamente essa molécula, agora poderemos explorar outras vias terapêuticas para o tratamento desta doença ”, explicou o Dr. Prat.
Sobre a esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma doença crônica que afeta cerca de 35 mil pessoas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), para a qual não há cura. A esclerose múltipla ocorre quando o sistema imunológico ataca anormalmente o isolamento em torno de células nervosas (bainha de mielina) no cérebro, medula espinhal e nervos ópticos, causando inflamação e danos consequentes. Este dano pode causar uma ampla gama de sintomas, incluindo fraqueza muscular, fadiga e dificuldade visual, e pode, eventualmente, levar à deficiência. A maioria das pessoas com esclerose múltipla são mulheres e experimentam seu primeiro sintoma entre 20 e 40 anos de idade, tornando a doença a principal causa de incapacidade não-traumática em adultos mais jovens.
A esclerose múltipla remitente recorrente é a forma mais comum da doença, aproximadamente 85% dos diagnosticados, e caracteriza-se por episódios de sinais ou sintomas novos ou agravados (recorrências), seguidos de períodos de recuperação. A maioria dos pacientes desta forma da doença irá, eventualmente, fazer transição para esclerose múltipla secundária progressiva, em que eles experimentam agravamento contínuo da deficiência ao longo do tempo.
Já a esclerose múltipla primária progressiva, a forma mais debilitante da doença, é marcada por sintomas que se agravam de forma constante, mas tipicamente sem recorrências distintas ou períodos de remissão. Aproximadamente 15% dos pacientes com esclerose múltipla diagnosticada têm a forma progressiva da doença e, até agora, não havia nenhuma terapia aprovada.
A atividade da doença consiste em inflamação no sistema nervoso e perda permanente de células nervosas no cérebro e medula espinhal, mesmo quando seus sintomas clínicos não são aparentes ou não parecem estar piorando. O objetivo do tratamento é reduzir a atividade da doença para impedir que a incapacidade progrida.
Estudo aponta que 40% das pessoas com esclerose múltipla estão fora do mercado de trabalho no Brasil
Pesquisa inédita realizada pelo Centro de Inovação SESI Higiene Ocupacional, ligado à Firjan, com o apoio da Roche Farma Brasil, revela que 40% das pessoas com esclerose múltipla não estão trabalhando. Nos últimos quatro anos, foram concedidos 7.300 benefícios para pessoas com a doença no País, sendo 1.860 por invalidez – 3 em cada 4 delas se aposentaram antes dos 50 anos.
O estudo também destaca que a média anual de afastamento do trabalho é de 128 dias e que, em 2020, o custo público estimado com aposentadorias e afastamentos relacionados à esclerose múltipla será de R$ 411 milhões.
Saiba mais sobre o estudo realizado pela Firjan na página da Roche Farma Brasil.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Montreal (em inglês).
Fonte: Jeff Heinrich e Bruno Geoffroy, Universidade de Montreal; e Roche Farma Brasil. Imagem: Pixabay.
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