Notícia

Estudo avalia papel de enzima no tratamento de câncer gástrico

Funcionando como um biomarcador, a enzima AURKA pode ser alvo de fármacos para reduzir a agressividade do câncer

Divulgação, UFC

Fonte

UFC | Universidade Federal do Ceará

Data

sábado, 28 agosto 2021 12:20

Áreas

Biologia Celular. Bioquímica. Desenvolvimento de Fármacos. Oncologia.

Além de ser um dos tipos mais frequentes no mundo, o câncer gástrico, também chamado câncer de estômago, é ainda um dos mais perigosos por ser normalmente diagnosticado em estágios avançados, em fase metastática (quando se espalha para outros órgãos). O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima, apenas para 2022, 13.360 casos novos da doença em homens e 7.870 em mulheres.

Dada a gravidade, esforços de pesquisa na área da saúde para abrandar o problema passam pela descoberta de formas para combater o câncer de modo precoce e direcionado, identificando sua presença em estágios iniciais por meio de biomarcadores no organismo, que podem funcionar ainda como alvos de terapia. É esse o foco de estudo desenvolvido na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Em artigo publicado na revista científica Journal of Cellular Biochemistry, com autoria principal do doutorando em Farmacologia Felipe Mesquita, a equipe de pesquisadores da UFC, em parceria com a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (EUA), avaliou o potencial da quinase Aurora A (AURKA) para cumprir a função de biomarcador e servir como alvo de fármacos, de modo a controlar o avanço do câncer.

Na prática, isso significa que, a partir da identificação e do estudo aprofundado do biomarcador AURKA, enzima que cumpre funções importantes no organismo relacionadas ao avanço do câncer, seria possível o desenvolvimento de novos medicamentos com foco na própria enzima.

Essa é uma conclusão possível por conta da maior expressão de AURKA tanto nas células cancerígenas usadas como modelo no estudo quanto nos tecidos tumorais analisados. Para o paciente, essa superexpressão significa um avanço maior da doença e uma menor possibilidade de cura. Atingindo e controlando a enzima, portanto, poderia haver uma diminuição na gravidade do câncer.

“Por estar em altas quantidades na célula de câncer, [o AURKA] pode ser um alvo para medicamentos que vão inibir o progresso do tumor. Isso, sem dúvida, traria benefício para o paciente. Entretanto, estamos ainda longe de afirmar que isso possibilitaria a cura da doença”, aponta a professora Dra. Raquel Montenegro, do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC, orientadora da pesquisa.

Inibidores

Para comprovar a possibilidade de afetar as células cancerígenas e, consequentemente, o avanço da doença usando esse biomarcador como alvo terapêutico, os pesquisadores fizeram testes de inibição da enzima. Ao todo, 145 inibidores da quinase foram avaliados, realizando a exploração de seus efeitos antiproliferativos e antimigratórios (para impedir as células doentes de migrar para outras partes do organismo).

Um desses inibidores foi o GW779439X, molécula desenhada especificamente para coibir o avanço da AURKA que apresentou os melhores resultados na pesquisa. Com a ação dessa molécula, constatou-se o impedimento da proliferação da célula tumoral gástrica, que acaba morrendo.

A pesquisa revelou que o inibidor da quinase causou ainda uma redução da expressão, na linhagem celular estudada, do c-MYC, oncogene também ligado ao nível de agressividade e proliferação do câncer. Com isso, promove-se uma rota relevante para o bloqueio do ciclo e da proliferação das células cancerígenas.

“Quando ele [o c-MYC] está em grandes quantidades, o câncer de estômago tende a progredir para a metástase. Vimos na nossa pesquisa que, quando inibimos o biomarcador AURKA nas células de câncer gástrico, a quantidade de c-MYC na célula é reduzida. Com isso, podemos impedir o progresso maligno da doença”, explicou a professora Raquel.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Kevin Alencar, Agência UFC. Imagem: Células cancerígenas mortas (em verde): à esquerda, menor número, sem o uso de inibidor; à direita, maior número de células mortas com o uso do inibidor. Fonte: Divulgação, UFC.

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