Notícia
Estudo explica por que alguns cremes e cosméticos podem causar erupção cutânea
Alguns produtos químicos deslocam moléculas naturais de gordura nas células da pele e como ingredientes comuns de cremes e cosméticos podem desencadear a dermatite alérgica de contato
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Fonte
Centro Médico da Universidade Columbia
Data
segunda-feira, 6 janeiro 2020 10:15
Áreas
Bioquímica. Cosmética. Dermatologia.
As reações alérgicas na pele podem ser causadas por muitos compostos químicos diferentes encontrados em cremes, cosméticos e outros produtos de consumo tópico, mas os mecanismos que desencadeiam as reações permanecem obscuros.
Um novo estudo sugere como alguns produtos químicos deslocam moléculas naturais de gordura nas células da pele e como ingredientes comuns de cremes e cosméticos podem desencadear a dermatite alérgica de contato e também sugere uma nova maneira de tratar a doença.
O estudo foi liderado por pesquisadores do Centro Médico da Universidade Columbia e do Hospital Brigham and Women’s, nos Estados Unidos, e da Universidade Monash, na Austrália, e foi publicado na revista científica Science Immunology.
Por que alguns produtos químicos desencadeiam dermatite é um mistério
Vários ingredientes encontrados em produtos de uso tópico podem desencadear erupção cutânea.
A reação alérgica começa quando as células T do sistema imunológico reconhecem um produto químico como estranho. Pesquisas sugerem que esses compostos precisam passar por uma reação química com proteínas maiores para se tornarem “reconhecidos” pelas células T. “No entanto, muitos compostos em produtos para cuidados com a pele que desencadeiam dermatites alérgicas de contato não possuem os grupos químicos necessários para que essa reação ocorra”, explica a Dra. Annemieke de Jong, professora de dermatologia da Universidade Columbia. “Esses produtos químicos deveriam ser invisíveis para as células T, mas não são”, continua a especialista.
As células da pele desmascaram substâncias químicas indutoras de alergias
Os pesquisadores suspeitam que a CD1a, uma molécula abundante nas células de Langerhans (células imunes na camada externa da pele), possa ser responsável por tornar esses produtos químicos visíveis para as células T.
No estudo, realizado com células humanas em cultura, os pesquisadores descobriram que vários produtos químicos comuns conhecidos por desencadear dermatites alérgicas de contato foram capazes de se ligar a moléculas CD1a na superfície das células de Langerhans e ativar células T.
Esses produtos químicos incluíam o Bálsamo do Peru e o farnesol, encontrados em muitos produtos de cuidados pessoais, como cremes para a pele, creme dental e fragrâncias. No Bálsamo do Peru, os pesquisadores identificaram o benzoato de benzila e o cinamato de benzila como os produtos químicos responsáveis pela reação, e no geral identificaram mais de uma dúzia de pequenos produtos químicos que ativaram as células T através da CD1a.
“Nosso trabalho mostra como esses produtos químicos podem ativar as células T na cultura de tecidos, mas precisamos ser cautelosos ao afirmar que é definitivamente assim que funciona em pacientes alérgicos. O estudo abre caminho para outros estudos de acompanhamento para confirmar o mecanismo em pacientes alérgicos e projetar inibidores da resposta”, ressaltou a Dra. Annemieke de Jong.
Novas idéias para tratamento
A descoberta dos pesquisadores aumenta a possibilidade de que a dermatite alérgica de contato possa ser interrompida aplicando lipídios concorrentes na pele para deslocar aqueles que desencadeiam a reação imune.
Atualmente, a única maneira de interromper a dermatite alérgica de contato é identificar e evitar o contato com o produto químico ofensivo. Pomadas tópicas podem ajudar a aliviar as erupções cutâneas, que geralmente desaparecem em menos de um mês. Em casos graves, os médicos podem prescrever corticosteroides orais, agentes anti-inflamatórios que suprimem o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções e outros efeitos colaterais.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Centro Médico da Universidade Colúmbia (em inglês).
Fonte: Centro Médico da Universidade Colúmbia. Imagem: Freepik.
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