Notícia
Estudos revelam novos mecanismos da artrite causada por vírus transmitidos por mosquitos
O vírus Chikungunya e o vírus do Rio Ross são transmitidos por mosquitos e a infecção causa artrite severa, dores musculares e febre
Divulgação, Universidade Griffith
Fonte
Universidade Griffith
Data
sábado, 12 março 2022 12:35
Áreas
Biomedicina. Bioquímica. Doenças Infecciosas. Imunologia.
Algumas terapias bem-sucedidas no tratamento da artrite reumatoide podem ajudar a entender melhor como combater doenças virais debilitantes transmitidas por mosquitos, descobriu uma nova pesquisa da Universidade Griffith, na Austrália.
O vírus Chikungunya (CHIKV) e o vírus do Rio Ross (RRV) são transmitidos por mosquitos e a infecção causa artrite severa, dores musculares e febre. Atualmente não há medicamentos ou terapias específicas para prevenir essas infecções.
“A doença causada por essas infecções virais tem várias semelhanças com uma forma de artrite autoimune conhecida como artrite reumatoide. Na artrite reumatoide grave, os pacientes expressam altos níveis de uma molécula imunológica chamada Interleucina-17 (ou IL-17), que é alvo de novos medicamentos anti-artrite”, disse o Dr. Ali Zaid, principal autor do estudo e pesquisador do Menzies Health Institute Queensland.
Em dois novos estudos publicados nas revistas científicas PLOS Pathogens e mBio, as questões de pesquisa foram se a IL-17 também foi observada em infecções por CHIKV e RRV e se poderia ser direcionada de forma semelhante para reduzir a doença artrítica.
Em colaboração com o professor Dr. Roque Almeida, do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), a equipe de pesquisa analisou amostras de soro de pacientes infectados por CHIKV coletadas durante o surto de 2019 no Brasil. Enquanto alguns pacientes com doença aguda apresentaram níveis elevados de IL-17, os pacientes crônicos com CHIKV apresentaram um aumento significativamente maior nos níveis em comparação com indivíduos controles saudáveis.
“Quando analisamos amostras de soro de pacientes com RRV do Dubbo Infection Outcomes Study (DIOS) em colaboração com o professor Dr. Andrew Lloyd da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), os níveis de IL-17 também foram elevados, o que nos levou a perguntar se esta molécula estava conduzindo a doença”, disse a Dra. Helen Mostafavi, cujo projeto de doutorado investigou o papel da IL-17 na infecção por RRV.
“Usando um modelo experimental de artrite viral em camundongos, descobrimos que direcionar IL-17 em camundongos infectados por vírus melhorou a doença e reduziu a inflamação, demonstrando assim que algumas terapias que foram bem-sucedidas no tratamento da artrite reumatoide podem ser de benefício potencial para tratar pessoas com doenças virais”, destacou a Dra. Hellen Mostafavi.
No entanto, os autores descobriram que uma ausência completa de IL-17 não era necessariamente ideal: camundongos geneticamente modificados que não tinham IL-17 mostraram um aumento no RNA viral na fase pós-aguda da doença – apesar de apresentarem inflamação reduzida.
O Dr. Xiang Liu, coautor do estudo, disse que as descobertas têm implicações para a persistência viral e que o direcionamento da IL-17 na doença do alfavírus deve ser abordado com cautela.
Em outro estudo publicado na revista científica mBio, os autores investigaram o papel de uma proteína chamada TRIF, que as células usam para ‘sentir’ o RNA viral e iniciar uma forte resposta antiviral, que alerta as células vizinhas. Usando camundongos geneticamente modificados que não possuem a proteína TRIF, os autores descobriram que a TRIF era necessária para ajudar a gerar anticorpos neutralizantes contra o RRV.
“Isso foi surpreendente porque sabíamos que a TRIF era muito importante nas primeiras respostas antivirais (ou seja, logo após a infecção), mas descobrimos que essa molécula também era importante no suporte às respostas de anticorpos que fornecem imunidade em longo prazo e reduzem infecções virais persistentes” disse o Dr. Xiang Liu.
“Essas descobertas fornecem novo conhecimento sobre como diferentes braços da resposta imune cooperam para garantir uma defesa duradoura contra vírus como CHIKV e RRV e abrirão caminho para o desenvolvimento de novas imunoterapias para tratar essas doenças”, concluíram os pesquisadores.
Acesse o artigo científico completo publicado na revista PLOS Pathogens (em inglês).
Acesse o artigo científico completo publicado na revista científica mBio (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Griffith (em inglês).
Fonte: Deborah Marshall, Universidade Griffith. Imagem: Divulgação, Universidade Griffith.
Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Farma e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Farma, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar