Notícia

Formulação nanotecnológica de insulina para ser administrada por via oral pode revolucionar o tratamento do diabetes

Insulina encapsulada em minúsculos nanotransportadores poderia ser administrada por via oral

Dr. Nicholas Hunt

Fonte

UiT | Universidade Ártica da Noruega

Data

domingo, 18 fevereiro 2024 17:30

Áreas

Biotecnologia. Engenharia Biológica. Entrega de Medicamentos. Estudo Clínico. Farmacologia. Indústria Farmacêutica. Metabolismo. Microbiologia. Nanotecnologia. Química Medicinal. Saúde Pública.

Existem aproximadamente 425 milhões de pessoas em todo o mundo com diabetes. Destas pessoas, aproximadamente 75 milhões  injetam insulina diariamente. Mas agora elas poderão em breve ter uma nova alternativa às seringas ou bombas de insulina. Os cientistas descobriram uma nova maneira de entregar a insulina.

A nova insulina poderá ser consumida em cápsula ou, melhor ainda, dentro de um pedaço de chocolate.

Nas cápsulas, encontram-se minúsculos nanotransportadores aos quais a insulina é encapsulada. As partículas têm um décimo milésimo da largura de um fio de cabelo humano e são tão pequenas que nem podem ser vistas em um microscópio normal.

“Essa forma de entregar a insulina é mais precisa porque disponibiliza a insulina rapidamente nas áreas do corpo que mais precisam dela. Quando você toma a insulina que está em uma seringa, ela se espalha por todo o corpo, podendo causar efeitos colaterais indesejados”, explicou o Dr. Peter McCourt, professor da Universidade Ártica da Noruega (UiT). Ele é um dos pesquisadores envolvidos no estudo.

A pesquisa foi publicada recentemente na revista científica Nature Nanotechnology.

Medicamento entregue diretamente ao fígado

Foram pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, em colaboração com pesquisadores da UiT, que descobriram há anos que era possível entregar medicamentos através de nanotransportadores ao fígado. O método foi então desenvolvido na Austrália e na Europa.

Muitos medicamentos podem ser tomados por via oral, mas até agora as pessoas tinham que injetar insulina pela via subcutânea. O professor Peter McCourt explicou que o problema da insulina com nanotransportador é que ela entraria em decomposição no estômago e, portanto, não chegaria onde é necessária. Este tem sido um grande desafio para o desenvolvimento de um medicamento para diabetes que possa ser administrado por via oral.

Mas agora os pesquisadores resolveram esse desafio: “Criamos um revestimento para proteger a insulina de ser decomposta pelo ácido estomacal e pelas enzimas digestivas em seu caminho através do sistema digestivo, mantendo-a segura até chegar ao seu destino, ou seja, o fígado”, disse o professor McCourt.

O revestimento é então decomposto no fígado por enzimas que ficam ativas apenas quando os níveis de glicose no sangue estão elevados, liberando a insulina; então, ela pode atuar no fígado, nos músculos e na gordura para remover a glicose do sangue.

“Isso significa que quando a glicemia está alta, há uma liberação rápida de insulina e, ainda mais importante, quando a glicemia está baixa, nenhuma insulina é liberada”, disse o Dr. Nicholas Hunt, pesquisador da Universidade de Sydney, que lidera o projeto juntamente com a Dra. Victoria Cogger.

O professor Nicholas Hunt explicou que este é um método mais prático e fácil de controlar o diabetes porque reduz muito o risco de ocorrência de um evento de hipoglicemia e permite a liberação controlada de insulina dependendo das necessidades do paciente, ao contrário das injeções onde todos a insulina é liberada de uma só vez.

Menos efeitos colaterais

O novo método funciona de forma semelhante ao modo como a insulina funciona em pessoas saudáveis. O pâncreas produz insulina, que primeiro passa pelo fígado, onde uma grande parte dela é absorvida e mantém níveis estáveis de açúcar no sangue. No novo método de administração da insulina, o nanotransportador libera insulina no fígado, onde pode ser captada ou entrar no sangue para circular no corpo. Assim, com o novo método, haverá menos efeitos colaterais.

Finalmente, não será necessário usar uma agulha para administrar a insulina e, além disso, esta forma de insulina não precisa ser refrigerada.

Pronta para uso em 2 a 3 anos

“Os testes em humanos começarão em 2025, liderados pela empresa spin-out Endo Axiom. Os estudos clínicos são realizados em 3 fases; no estudo de fase I, iremos investigar a segurança da insulina oral e analisar criticamente a incidência de hipoglicemia em pacientes saudáveis ​​e diabéticos tipo 1. Nossa equipe está muito entusiasmada para ver se podemos reproduzir em humanos os resultados de ausência de hipoglicemia observados em babuínos, pois isso seria um grande avanço. Os experimentos seguem rígidos requisitos de qualidade e devem ser realizados em colaboração com médicos para garantir que sejam seguros para as cobaias”, afirmou o Dr. Nicholas Hunt.

“Depois desta fase saberemos que o medicamento é seguro para humanos e investigaremos como substituir as injeções para pacientes diabéticos nos ensaios de fase 2”, concluiu o pesquisador.

Os pesquisadores esperam que o novo medicamento possa estar disponível comercialmente em 2 a 3 anos.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Ártica da Noruega (em inglês).

Fonte: Ellen Kathrine Bludd, UiT. Imagem: Insulina em cápsulas. Fonte: Dr. Nicholas Hunt.

 

 

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