Notícia

Hesitação em tomar a vacina contra o HPV: o caso do Japão

Fonte

Universidade Hokkaido

Data

sexta-feira, 21 fevereiro 2020 11:50

Áreas

Imunologia. Saúde Pública. Vacinas.

A infecção persistente por um ou mais tipos de papilomavírus humano (HPV) de alto risco pode levar ao desenvolvimento de câncer cervical. A vacina contra o HPV está disponível desde 2006. A vacinação gratuita para meninas de 12 a 16 anos começou no Japão em 2010 e, em abril de 2013, as vacinas foram incluídas no programa nacional de imunização. Dois meses depois, as recomendações pró-ativas para as vacinas foram suspensas após relatos não confirmados de eventos adversos que mais tarde foram identificados como não relacionados à vacinação, mas amplamente divulgados na mídia. A cobertura caiu de mais de 70% para menos de 1%, onde permanece até fevereiro de 2020.

Um estudo conjunto de pesquisadores da Universidade Hokkaido, no Japão, e do Conselho de Câncer de Nova Gales do Sul, na Austrália, utilizou modelagem matemática para quantificar o impacto da queda na cobertura até o momento. “Em janeiro de 2019, a Organização Mundial da Saúde listou a hesitação em tomar vacinas como uma das dez principais ameaças à saúde global”, diz a Dra. Sharon Hanley, uma das co-autoras do estudo. “No entanto, nenhum estudo estimou o impacto detalhado na saúde da hesitação da vacina contra o HPV no Japão”.

Usando dados epidemiológicos japoneses sobre a prevalência do HPV, cobertura de triagem e incidência e mortalidade de câncer do colo do útero, o grupo estimou cânceres adicionais que serão diagnosticados e vidas que serão perdidas, bem como os possíveis ganhos de saúde se a cobertura fosse restaurada. Vários cenários de recuperação foram simulados.

O grupo constatou que um adicional de 25.000 casos de câncer do colo do útero e mais de 5.000 mortes adicionais entre mulheres nascidas entre 1994 e 2007 podem ocorrer ao longo da vida, se a cobertura se mantiver a uma taxa de 70%.

Se a cobertura de menos de 1% continuar, cerca de 60.000 casos evitáveis ​​e 10.000 mortes evitáveis ​​devido ao câncer do colo do útero podem ocorrer no Japão nos próximos 50 anos, em comparação com a situação de captação de 70%.

No entanto, os pesquisadores também descobriram que se 70% da cobertura fosse restaurada em crianças de 12 anos em 2020, juntamente com 50% de cobertura em meninas de 13 a 20 anos usando a vacina de segunda geração contra o HPV 9, 70% -80% desses casos e mortes poderiam ser evitadas.

“Nossa pesquisa ilustra o significativo custo intermediário e de longo prazo da hesitação da vacina contra o HPV no Japão, mas a boa notícia é que também mostra que grande parte do dano poderia ser mitigada se o apoio político de alto nível à vacinação contra o HPV fosse restaurado e recomendações proativas fossem restabelecidas “, concluem os pesquisadores.

Os resultados do estudo foram publicados na revista científica The Lancet Public Health.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Hokkaido (em inglês).

Fonte: Naoki Namba, Universidade Hokkaido. Imagem: Divulgação.

Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.