Notícia

Influenza A: cientistas avançam na compreensão do mundo oculto da infecção viral respiratória

Fonte

Universidade de Glasgow

Data

quarta-feira, 15 fevereiro 2023 18:15

Áreas

Biologia. Doenças Infecciosas. Imunologia. Microbiologia. Saúde Pública. VIrologia.

No inverno, muitas pessoas sentem os sintomas causados por resfriados e gripes. Tosses, espirros, dores de garganta e febres são todos causados por visitantes virais indesejados que se instalam temporariamente no sistema respiratório. Mas o que realmente está acontecendo dentro do corpo enquanto os vírus lutam para dominar o sistema imunológico?

Recentemente, cientistas do Centro de Pesquisa de Vírus (CVR) da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, revelaram mais sobre o mundo oculto da infecção viral respiratória. A nova pesquisa, publicada na revista científica PLOS Biology, destacou os dramas virais secretos que acontecem na garganta e nos pulmões.

Neste novo estudo, os pesquisadores mostraram como um dos vírus  mais comuns e potencialmente graves – o vírus influenza A – cria e defende territórios microscópicos dentro de seu hospedeiro. As imagens do estudo mostraram que, ao pegar uma infecção por influenza, as vias aéreas se tornam uma colcha de retalhos de pequenos territórios. E, embora dentro de cada território os vírus estejam cooperando para infectá-lo ainda mais, entre cada território eles estarão lutando entre si pela sobrevivência.

Os vírus se replicam entrando nas células e assumindo suas funções normais. Muitos vírus desenvolveram maneiras de bloquear o acesso a uma célula depois de entrar nela, impedindo que qualquer outro vírus do mesmo tipo entre e inicie uma competição pelos recursos da célula. No entanto, um vírus leva algum tempo após invadir uma célula para estabelecer as barreiras necessárias para impedir a entrada de vírus adicionais, e os pesquisadores estavam ansiosos para entender o que acontece antes desse ponto crucial.

Usando vírus projetados para produzir proteínas fluorescentes em duas cores diferentes, os cientistas conseguiram rastrear quais vírus conseguiram entrar nas células – e quais não – tanto em culturas de células quanto em camundongos infectados. O estudo foi capaz de mostrar que esse pequeno atraso de defesa significa que, à medida que os vírus se espalham de uma célula para outra, eles dividem seu hospedeiro em territórios microscópicos separados.

Os pesquisadores descobriram que os vírus da gripe que saem de uma única célula infectada podem entrar juntos nas células vizinhas, antes que qualquer barreira seja ativada, permitindo que eles se ajudem ao infectar novas células. Por outro lado, os vírus que se espalham para essa região vindos de outras partes do hospedeiro só atingirão as células infectadas depois que as barreiras forem colocadas e, portanto, não podem entrar e competir com os vírus que já estão lá.

Os pesquisadores disseram que este trabalho será importante para estudar como potenciais futuros vírus da gripe pandêmica são criados e, potencialmente, como melhorar a proteção contra a gripe.

A Dra. Anna Sims, pesquisadora do CVR e líder do estudo, destacou: “Este estudo nasceu ao ver algo inesperado no microscópio e procurar descobrir mais. Anteriormente, tínhamos usado vírus fluorescentes em um experimento muito padrão, mas quando olhamos, também pudemos ver sinais de que eles estavam lutando. A ideia de que os vírus podem estabelecer territórios em seus hospedeiros é incrível porque, na biologia, observamos o estabelecimento e a defesa de territórios em muitas áreas, desde formigas, árvores, até câncer. Agora acreditamos que os vírus estão fazendo exatamente a mesma coisa em humanos, mas em um nível microscópico”.

O Dr. Ed Hutchinson, autor sênior do estudo e também pesquisador do CVR, explicou: “A colcha de retalhos de vírus que Anna identificou surge de uma propriedade simples do tempo de replicação do vírus. Isso significa que provavelmente se aplica a muitos vírus diferentes que se espalham em seus hospedeiros. No caso da gripe, sabemos que novas cepas pandêmicas de gripe aparecem quando diferentes vírus da gripe entram em um hospedeiro separadamente, se replicam e depois se unem para formar um novo vírus à medida que se espalham pelas vias aéreas do hospedeiro. O trabalho realizado neste estudo mostra que é muito mais difícil do que pensávamos para os vírus influenza fazerem isso. Esse conhecimento agora pode ser usado para descobrir quais fatores ajudam os vírus pandêmicos a superar essas barreiras”.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Glasgow (em inglês).

Fonte: Universidade de Glasgow. Imagem: dois vírus influenza A, um rotulado com magenta e outro rotulado com verde, se espalharam rapidamente, mas são incapazes de cruzar o território um do outro. Fonte: Dra. Anna Sims, Centro de Pesquisa de Vírus da Universidade de Glasgow.

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