Notícia
Mini-estômagos recriados em laboratório ajudam a estudar infecções pela COVID-19 em crianças
Equipe internacional desenvolveu em laboratório um modelo de estômago humano que pode ser utilizado para estudar como as infecções afetam o sistema gastrointestinal
Divulgação, Universidade de Pádua
Fonte
Universidade de Pádua
Data
sexta-feira, 3 dezembro 2021 06:40
Áreas
Biologia. Doenças Infecciosas. Saúde Pública.
Com o avanço da pandemia da COVID-19, diversos hospitais relataram, principalmente nos casos envolvendo crianças, sintomas gastrointestinais da doença, associados aos efeitos mais usuais, como tosse e dificuldades respiratórias. A partir dessas evidências, uma equipe de pesquisa internacional – liderada pelo Dr. Nicola Elvassore, do Veneto Institute of Molecular Medicine (VIMM) e do Departamento de Engenharia da Universidade de Pádua, na Itália, e pelo Dr. Paolo De Coppi, do Great Ormond Street Institute of Child Health da University College London (UCL), no Reino Unido – desenvolveu e adaptou um modelo de mini-estômago para estudar como uma infecção por SARS-CoV-2 afeta o estômago de meninas e meninos. O estudo foi publicado na revista científica Nature Communications.
A evidência experimental foi possibilitada por avanços recentes na criação de “miniorgãos” em laboratório, conhecidos como organoides. Esses organoides fornecem aos pesquisadores ferramentas inestimáveis para estudar o funcionamento dos órgãos, tanto em seu estado fisiológico quanto em condições de doença. Neste caso específico, os pesquisadores conseguiram criar um modelo in vitro que imita o funcionamento de um estômago humano e replica seu comportamento em diferentes estágios de desenvolvimento – fetal, infantil e adulto – isolando células-tronco de amostras de estômago de pacientes e cultivando-as em condições controladas em laboratório para obtenção de mini-estômagos.
Graças à colaboração de uma equipe de virologistas, liderada pelo Dr. Francesco Bonfante, do Departamento de Ciências Biomédicas Comparadas do Instituto Zooprofilático Experimental de Veneza (IZSVe), foi possível simular uma infecção intragástrica, expondo a superfície das células do mini-estômago ao vírus SARS-CoV-2. Dessa forma, os pesquisadores demonstraram que o vírus tem a capacidade de se replicar no estômago, e mais evidentemente em organoides desenvolvidos a partir de células fetais e infantis tardias do que em células fetais adultas e iniciais.
Além disso, também foi possível observar o impacto da infecção nas células dos organoides, mostrando que um grupo específico de células – chamadas células delta, produtoras do hormônio somatostatina – estava sendo destruído pelo vírus, o que pode explicar alguns sintomas estomacais experimentados em pacientes.
“Este estudo mostrou que a infecção por SARS-CoV-2 infecta o sistema gastrointestinal através do estômago em crianças e bebês”, disse o Dr. Paolo De Coppi, que é Cirurgião Pediátrico Consultor e professor de Cirurgia Pediátrica na UCL.
“Estamos orgulhosos de como um esforço internacional ditado pela emergência sanitária global conseguiu envolver três grupos de pesquisa, dois deles italianos e um inglês, criando uma equipe altamente interdisciplinar composta por pesquisadores de diferentes áreas, da engenharia à biologia, biotecnologia e medicina”, concluiu o Dr. Nicola Elvassore, pesquisador principal do VIMM.
A equipe de pesquisa agora planeja continuar seu trabalho de engenharia de novos modelos criados em laboratório de miniorgãos do trato gastrointestinal, sistema respiratório e sistema nervoso central, com o objetivo de aumentar a compreensão de como as infecções podem se desenvolver e ajudar a criar novas terapias.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Pádua (em italiano).
Fonte: Universidade de Pádua. Imagem: reprodução do modelo utilizado. Em azul e lilás, o mini-estômago; em verde, a infecção por SARS-CoV-2. Fonte: Divulgação, Universidade de Pádua.
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