Notícia
Nova abordagem ajuda a manter a artrite reumatoide sob controle
Pesquisadores descobriram que a molécula DEL-1 – já conhecida por proteger contra a periodontite e outras doenças inflamatórias em modelos animais – da mesma forma oferece proteção contra a inflamação da artrite na articulação.
Ian Furst via Wikimedia Commons
Fonte
UPenn | Universidade da Pensilvânia
Data
segunda-feira, 4 outubro 2021 06:30
Áreas
Saúde do Idoso.
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória autoimune. Embora o mecanismo preciso da doença seja apenas parcialmente compreendido, as pessoas com artrite produzem anticorpos que têm como alvo seus próprios tecidos, contribuindo para a inflamação dolorosa nas articulações que pode causar perda óssea.
Em um novo estudo publicado na revista científica Journal of Clinical Investigation, pesquisadores da Escola de Medicina Dentária da Universidade da Pensilvânia (UPenn), nos Estados Unidos, descobriram que a molécula DEL-1 – já conhecida por proteger contra a periodontite e outras doenças inflamatórias em modelos animais – da mesma forma oferece proteção contra a inflamação prejudicial da artrite na articulação.
Usando dois modelos distintos de artrite reumatoide, a equipe liderada pelo Dr. George Hajishengallis, da Universidade da Pensilvânia , nos Estados Unidos, e pelo Dr. Triantafyllos Chavakis, da Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, mostrou que a DEL-1 agia de duas maneiras: nas próprias articulações, evitando que as células imunológicas promovessem a inflamação, e nos gânglios linfáticos, interferindo na produção de anticorpos que danificam as articulações.
“Descobrimos que a DEL-1 tem dupla ação, tanto prevenindo a indução de autoanticorpos, que é um mecanismo totalmente novo, mas também restringindo o recrutamento de células inflamatórias nas articulações. Acho que a DEL-1 pode ser uma terapêutica muito, muito valiosa para a artrite reumatoide, embora precisemos realizar estudos clínicos em humanos”, disse o Dr. George Hajishengallis.
Os pesquisadores estudaram extensivamente a DEL-1 por anos em outras condições inflamatórias, incluindo a periodontite, uma forma grave de doença gengival, e a esclerose múltipla, uma doença do sistema nervoso central. Eles mostraram que a DEL-1 pode conter o início da inflamação e também resolver a inflamação em curso, dependendo do contexto e local em que é expressa. “Este é mais um exemplo da versatilidade funcional da DEL-1 baseada em sua expressão compartimentada”, disse o Dr. Chavakis.
Sabendo que a inflamação é o contribuinte crítico para a artrite reumatoide também, eles procuraram testar se e como a DEL-1 agia neste novo contexto de doença. “Apesar das diferenças em sua etiologia, a artrite reumatoide é semelhante à periodontite, pois ambas são doenças de perda óssea”, disse o Dr. Hajishengallis.
Para começar, os pesquisadores analisaram camundongos que foram criados sem a DEL-1 e descobriram que, em comparação com camundongos geneticamente normais, eles eram muito mais suscetíveis à artrite inflamatória, apontando para um papel protetor para a DEL-1.
Para ver se o aumento dos níveis de DEL-1 poderia proteger os animais de doenças graves, a equipe examinou camundongos criados para superexpressar s DEL-1 apenas em suas células endoteliais, que eles descobriram anteriormente estarem envolvidas na prevenção do recrutamento de células imunes inflamatórias. Os pesquisadores identificaram que esses animais tinham doença menos grave em dois modelos diferentes de artrite inflamatória e também tinham menor abundância de macrófagos e neutrófilos recrutados em suas articulações.
“Isso significa que a DEL-1 confere proteção contra a artrite, pelo menos em parte, ao restringir o recrutamento de células inflamatórias. Isso era esperado com base em nosso trabalho anterior; não era algo novo”, destacou o Dr. Hajishengallis.
O que foi surpreendente, no entanto, foram as diferenças que eles observaram entre os dois mecanismos de indução da doença quando estudaram camundongos criados para superexpressar a DEL-1 em células estromais mesenquimais, incluindo fibroblastos, células do tecido conjuntivo que estão envolvidas nos processos da artrite. Em um modelo da doença, os pesquisadores administraram anticorpos diretamente contra o colágeno nos camundongos, causando a artrite inflamatória. Mas, no outro modelo, o colágeno é administrado e os próprios animais produzem os anticorpos que têm como alvo o colágeno.
Em seus experimentos com DEL-1 superexpresso em fibroblastos, eles observaram que camundongos imunizados com colágeno estavam protegidos de inflamação articular severa. Mas os animais que receberam anticorpos diretamente não estavam protegidos. “Isso nos fez pensar que a DEL-1 podia estar fazendo algo relacionado à produção de anticorpos, e não apenas à contenção das células do sistema imunológico”, disse o professor Hajishengallis.
Analisados em conjunto com outros trabalhos anteriores sobre a DEL-1 e as condições inflamatórias, as novas descobertas dão suporte à ideia de que a próprio DEL-1 poderia ser um agente terapêutico na artrite e talvez em outros contextos, ou que níveis baixos de DEL-1 poderiam servir como um diagnóstico para a artrite reumatoide.
“Quanto mais ferramentas genéticas temos para investigar o papel da DEL-1, mais aprendemos sobre como ela está agindo nessas condições inflamatórias. Esperamos atingir essas descobertas no futuro”, concluiu o Dr. George Hajishengallis.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade da Pensilvânia (em inglês).
Fonte: Katherine Unger Baillie, Universidade da Pensilvânia. Imagem: Ian Furst via Wikimedia Commons.
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