Notícia

Nova classe de fármacos é capaz de eliminar 80% dos tumores de leucemias agudas

Resultados foram obtidos em modelos experimentais e células de pacientes, por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas e da Faculdade de Medicina da USP

Wikimedia Commons

Fonte

ICB-USP | Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo

Data

sábado, 25 março 2023 16:55

Áreas

Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Estudo Clínico. Farmacologia. Hematologia. Indústria Farmacêutica. Oncologia. Química Medicinal. Saúde Pública. Toxicologia.

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) identificaram um possível novo tratamento para as leucemias agudas — tipos de câncer cuja mortalidade em adultos pode chegar a mais de 50%. Com a molécula sintética THZ-P1-2, recém-lançada pela indústria farmacêutica, foi possível eliminar mais de 80% dos tumores em ensaios ex-vivo (em células retiradas de pacientes).

As leucemias agudas são divididas em duas categorias: as leucemias mieloides agudas (LMA) e as leucemias linfoblásticas agudas (LLA). A maior parte dos casos da LLA acontece em crianças e não costuma levar a óbito pois há muitas terapias já consolidadas para esses casos, o que não ocorre com os adultos. Já a LMA é mais comum em adultos, o que, pela falta de opções terapêuticas para a faixa etária, ajuda a explicar a alta taxa de mortalidade. “Ambas são muito agressivas: as pessoas que não recebem nenhum tratamento podem ir a óbito em poucos meses”, explicou o Dr. João Agostinho Machado-Neto, professor do Departamento de Farmacologia do ICB-USP.

No estudo foram realizados testes em células de 40 pacientes do Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e de 25 pacientes do Centro Médico da Universidade de Groningen, nos Países Baixos, parceiro na pesquisa. O trabalho foi coordenado pelo professor João Agostinho Machado-Neto, do Laboratório de Biologia do Câncer e Antineoplásicos do ICB-USP, e pelo professor Dr. Eduardo Magalhães Rego, líder da Divisão de Oncologia e Hematologia Clínica do HC-FMUSP. Os resultados foram publicados na revista científica Blood Cancer Journal.

Trata-se do primeiro estudo que descreve com detalhes o mecanismo de ação dessa molécula, inibidora das proteínas PIP4K2s, no tratamento de câncer. Os resultados são baseados em duas hipóteses desenvolvidas anteriormente no laboratório do ICB-USP: “Os quadros de pacientes com LMA, com maiores níveis das PIP4K2s, evoluem mais rapidamente e têm mais chances de levar a óbito; já pacientes com polimorfismos [variantes genéticas e hereditárias] no gene PIP4K2A têm maiores chances de desenvolver a LLA”, explicou Keli de Lima, doutoranda em Ciências Médicas pela FMUSP e primeira autora do estudo.

Molécula seletiva

Parte da eficácia pode ser explicada por um diferencial da molécula THZ-P1-2. “Ela ataca os tumores de múltiplas formas, causando: apoptose [morte celular programada], autofagia, mudanças no metabolismo das células e indução de diferenciação celular [diferenciar células cancerosas das células saudáveis]. Tudo isso aumenta as chances de sucesso do tratamento”, detalhou a pesquisadora.

O inibidor também se mostrou seguro, pois não houve qualquer tipo de ameaça à integridade das células não tumorais. “Também aplicamos a molécula em células hematopoiéticas [precursoras das células do sangue] saudáveis e não houve qualquer efeito. Vimos que a molécula tem uma boa seletividade, sendo capaz de atacar preferencialmente as células tumorais”, explicou o professor Machado-Neto.

A THZ-P1-2 aparentou ser mais indicada para a LLA, pois a molécula gerou efeitos nas células de todos os pacientes com essa condição. Enquanto na LMA, cinco pacientes não tiveram nenhum tipo de resposta.

Os resultados foram obtidos por meio de ensaios de curva concentração-resposta para avaliar viabilidade celular (testes colorimétricos), análises por citometria de fluxo, expressão gênica e proteica realizados no ICB-USP. Também foram realizados ensaios de citometria de fluxo, respirometria de alta resolução e proteômica na Universidade de Groningen. “Em colaboração com o grupo holandês, nós conseguimos definir com maior precisão os marcadores de resposta ao THZ-P1-2, o que nos permitirá identificar, no futuro, quais são os pacientes com mais chances de resposta ao novo fármaco”, destacou o professor.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

Fonte: Gabriel Martino, Acadêmica Agência de Comunicação, ICB/USP. Imagem: Tipos morfológicos de leucemia linfoblástica aguda (LLA) [da esquerda para a direita]: Tipo L1, Tipo L2 e Tipo L3. Fonte: Wikimedia Commons.

Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Farma e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Farma, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 farma t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional nas áreas de Ciências Biológicas, Biomédicas e Farmacêuticas, Saúde e Tecnologias 

Entre em Contato

Enviando

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

Create Account