Notícia

Nova tecnologia cria produto para aplicação farmacológica a partir do açaí

Pesquisadores da UFRN desenvolveram tecnologia capaz de, a partir do processo de obtenção de sistemas binários do óleo essencial de açaí e cicloamiloses, criar um produto para aplicação farmacológica

Cícero Oliveira, Agecom/UFRN

Fonte

UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Data

sábado, 19 março 2022 12:40

Áreas

Alimentos. Bioquímica. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Entrega de Medicamentos. Microbiologia. Química Medicinal.

A porção comestível do açaí tem como característica a abundância de componentes polifenólicos, moléculas existentes nas plantas com diversas comprovações a respeito de seus efeitos positivos à saúde. Os polifenóis são divididos em subclasses conforme a sua estrutura química, onde cada uma indica propriedades específicas. No açaí, especificamente, há alguns componentes polifenólicos presentes em maior quantidade, como a orientina, a isoorientina e o ácido vanílico, bem como antocianinas cianidina-3-glucósido e cyanidin-3-rutinoside.

A presença destas substâncias confere ao fruto atividades antioxidantes, anti-inflamatórias e  cardioprotetoras, e, sendo assim, o açaí é considerado também como alimento funcional, podendo promover diferentes ações em organismos vivos, sobretudo no ser humano, ajudando a manter sua saúde e auxiliando no desempenho de funções fisiológicas. Este cenário motivou pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no desenvolvimento de uma nova tecnologia capaz de, a partir do processo de obtenção de sistemas binários do óleo essencial de açaí e cicloamiloses, criar um produto para aplicação farmacológica.

O Dr. Adley Antonini Neves de Lima, coordenador da pesquisa, explicou que o grupo de cientistas fez uma transformação do óleo para uma forma em pó, com a forma sólida facilitando sobremaneira a aplicação, por trazer maior estabilidade ao composto criado. “Pensamos nele para uso anti-inflamatório, antimicrobiano, antioxidante e anti-aging, com aplicação para as indústrias química, farmacêutica, cosmética e alimentícia”, complementou o professor do Departamento de Farmácia da UFRN.

O pesquisador explicou que, ao encapsular o pó, obtém-se uma alternativa farmacológica para diversas formas farmacêuticas, promovendo o aumento da solubilidade e da estabilidade do óleo e, desse modo, viabilizando o efeito anti-inflamatório, antimicrobiano e antioxidante da matéria-prima. “A tecnologia foi pensada para maior comodidade da pessoa, seja no uso interno ou externo, com a possibilidade de ser administrado por via oral, mas também pela via tópica, intramuscular, intravenosa, intraperitoneal, subcutânea ou transdérmica. Falei em pessoas, mas é bom frisar que a utilização desse produto abrange o ramo veterinário também”, destacou o professor Adley.

O estudo contou com a participação das pesquisadoras Dra. Thalita Magalhães, Dra. Elissa Ostrosky, Pollyana Macedo e Érika Cibely da Costa e rendeu três artigos científicos internacionais, um capítulo de livro e a participação da equipe no programa nacional de inovação Emerge Amazônia, quando ficaram entre as nove melhores tecnologias do país.

Além disso, houve um depósito de pedido de patente em 2018. O grupo de pesquisadores realça que, na época, quanto à utilização de sistemas binários, isto é, sistema composto por duas substâncias (no caso do invento, o óleo e a cicloamilose) para a veiculação do óleo essencial de açaí e às suas propriedades farmacêuticas, ainda não existem estudos publicados demonstrando o seu grande potencial e utilização. Segundo o documento apresentado ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e que circunstancia o pedido, “a invenção apresenta como particularidade o fato de ainda não ter sido utilizada nenhuma molécula capaz de veicular o óleo essencial de açaí, com a finalidade de obter uma forma farmacêutica sólida a ser utilizada por via oral”.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Fonte: Wilson Galvão. Agir/UFRN. Imagem: Cícero Oliveira, Agecom/UFRN.

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