Notícia

Novo método otimiza extração de antioxidante e corante da casca de jabuticaba

Processo desenvolvido por cientistas da Unicamp e da Universidade de Cádiz, na Espanha, obtém com melhor rendimento antocianina de resíduos da fruta

Bruno.karklis via Wikimedia Commons

Fonte

Agência FAPESP

Data

quarta-feira, 26 junho 2024 16:10

Áreas

Alimentos e Alimentação. Bioquímica. Biotecnologia. Negócios. Química Medicinal. Suplementos.

Cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de Cádiz, na Espanha, utilizaram com sucesso um novo método para extrair compostos químicos com alto valor agregado a partir de cascas de jabuticaba (Plinia cauliflora). A abordagem, que simplifica o processo e aprimora sua eficiência, foi detalhada em artigo publicado na revista científica Journal of Food Composition and Analysis.

O objetivo do grupo foi otimizar a extração de antocianina, um potente antioxidante encontrado em frutas como morango, amora, framboesa e jabuticaba. Além de promover ação anti-inflamatória no organismo, a antocianina também é um corante natural, responsável pelas cores vermelha, azul e violeta nessas frutas.

O estudo se concentrou na extração e purificação simultâneas de antocianinas derivadas de casca de jabuticaba, um resíduo lignocelulósico. “A investigação ajustou meticulosamente os parâmetros de extração para alcançar resultados ótimos”, contou a Dra. Tânia Forster-Carneiro, professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp desde 2013, onde trabalha na área de bioengenharia e biotecnologia.

Após a otimização das condições de extração, o estudo incorporou uma etapa de purificação do processo utilizando um material desenvolvido a partir do próprio resíduo da jabuticaba, conhecido como biossorvente. Em termos simples, um biossorvente é como uma esponja seletiva que absorve determinadas substâncias de uma mistura, deixando outras passarem.

“É comumente empregado em processos de purificação, removendo poluentes ou substâncias indesejadas de líquidos ou gases. Em essência, funciona como um filtro que separa o que desejamos do que não desejamos em uma mistura”, explicou a professora Tânia Forster-Carneiro. As condições otimizadas de tempo, temperatura e composição de solvente para obtenção de antocianinas foram, respectivamente, 40 minutos de extração por maceração, 60°C e 50% de MeOH (metanol).

Nesse contexto, o biossorvente desenvolvido a partir do subproduto da jabuticaba demonstrou sua eficácia purificando as antocianinas do extrato com uma eficiência superior a 90%, taxa que supera o desempenho do adsorvente comercial (PoraPak™ Rxn), utilizado para comparação. O método alcançou uma classificação ‘EcoScale‘ de 86 (máximo de 100), que, segundo a pesquisadora, é impressionante.

EcoScale é uma métrica semiquantitativa para avaliação das condições de reação química em escala de laboratório. A ferramenta usa uma escala de 0 a 100, com ‘0’ representando uma reação totalmente falha (0% de rendimento) e ‘100’ representando a reação ideal: composto A (substrato) reage com (ou na presença de) composto barato B para dar o composto desejado C com 100% de rendimento, à temperatura ambiente, com um risco mínimo para o operador e um impacto mínimo para o meio ambiente.

No artigo, os pesquisadores comparam o novo método de extração de antocianinas com nove outros processos descritos em artigos científicos, entre os quais a EcoScale varia de 33,95 a no máximo 73,6 (média de 51,79).

“Embora ainda haja mais pesquisas a serem feitas para adaptar esse método em larga escala, representa um avanço significativo na área”, concluiu a professora Tânia Forster-Carneiro.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Ricardo Muniz, Agência FAPESP. Imagem: Bruno.karklis via Wikimedia Commons.

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