Notícia

Os impactos negativos do uso da cannabis durante a gravidez

O uso da cannabis durante a gravidez leva a piores resultados de saúde para o bebê

Ömürden Cengiz via Unsplash

Fonte

Universidade de Adelaide

Data

segunda-feira, 15 junho 2020 12:10

Áreas

Bioquímica. Neurociências. Saúde Pública. Toxicologia.

Novo estudo descobriu que o uso continuado de cannabis às 15 semanas de gravidez está associado a um peso ao nascer significativamente menor, menor perímetro cefálico, menor comprimento e menor idade gestacional, bem como a morbidades neonatais graves mais frequentes ou morte do bebê. O estudo foi conduzido pela Universidade de Adelaide, na Austrália, Universidade de Auckland, na Nova Zelândia e King’s College de Londres, Universidade de Liverpool, Universidade de Manchester e Universidade de Leeds, no Reino Unido. Os resultados foram publicados na revista científica The Medical Journal of Australia.

O líder do estudo, Dr. Luke Grzeskowiak, do Instituto de Pesquisa Robinson da Universidade de Adelaide, disse que a cannabis é a droga ilícita mais usada por mulheres em idade reprodutiva na Austrália, mas os efeitos de seu uso durante a gravidez nos resultados neonatais não estavam claros.

“Neste estudo, envolvendo pesquisadores da Austrália, Reino Unido e Nova Zelândia, descobrimos que a alta e contínua frequência de uso de cannabis durante a gravidez estava associada a resultados neonatais significativamente piores, independentemente do uso de tabaco. Além disso, a frequência de morbidade e óbito neonatal foi maior em bebês de mães que continuaram a usar a droga às 15 semanas, o que é consistente com os resultados de um estudo americano recente”, explicou o Dr.  Grzeskowiak.

“Por outro lado, não foram observadas diferenças nos resultados neonatais entre as mulheres que relataram ter parado de usar a droga no início da gravidez. Isso deve ser tranquilizador para as mulheres que usaram cannabis antes de saberem que estavam grávidas. Como a cannabis pode prejudicar os resultados neonatais não está claro, mas sabemos que os componentes da droga podem atravessar a placenta e isso levanta uma série de preocupações sobre os efeitos na saúde e no desenvolvimento infantil. À luz dessas descobertas, é necessária uma investigação mais aprofundada sobre os possíveis efeitos em longo prazo do uso de cannabis durante a gravidez na saúde e desenvolvimento infantil”, destacou o pesquisador.

O Dr. Grzeskowiak disse esperar que as descobertas também possam ser usadas para educar mulheres e profissionais de saúde sobre os possíveis danos do consumo da cannabis durante a gravidez: “Isso é particularmente importante, dada a crescente percepção na comunidade de que a maconha é uma droga segura”.

A equipe de pesquisa analisou dados de 5610 mulheres, que eram de baixo risco e com gestações pela primeira vez, recrutadas para o estudo SCOPE, realizado de novembro de 2004 a fevereiro de 2011. Entre 14 e 16 semanas de gravidez, as mulheres foram agrupadas pelo uso auto-relatado da droga.

Os pesquisadores descobriram que 314 mulheres (5,6%) relataram usar a droga nos três meses antes da gravidez ou durante a gravidez; Destas, 97 (31%) pararam de usá-la antes e 157 (50%) durante as primeiras 15 semanas de gravidez, enquanto 60 (19%) ainda usavam cannabis às 15 semanas.

Comparados aos bebês de mães que nunca usaram a droga, os bebês das que ainda a usavam com 15 semanas apresentaram valores médios mais baixos para peso ao nascer, perímetro cefálico, comprimento ao nascimento e idade gestacional ao nascer. As diferenças para todos os desfechos, exceto a idade gestacional, foram maiores para as mulheres que usaram cannabis mais de uma vez por semana do que para as que usavam menos frequentemente.

[Nota do Canal Farma: Para saber mais sobre as diferenças entre a cannabis e a cannabis medicinal, sugere-se o artigo “Pesquisadora esclarece diferença entre Cannabis medicinal e outros usos da maconha“, publicado pelo portal da Confap, com os esclarecimentos da Dra. Aline Fidelis, farmacêutica e doutora em Química e Biotecnologia].

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Adelaide (em inglês).

Fonte: Cathy Parker, Universidade de Adelaide. Imagem: Ömürden Cengiz via Unsplash.

 

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