Notícia

Pesquisa da UFC aprimora tratamento contra câncer colorretal

Trabalho identificou o que torna algumas pessoas mais suscetíveis aos efeitos colaterais do principal medicamento para esse tipo de câncer

Viktor Braga, UFC

Fonte

UFC | Universidade Federal do Ceará

Data

sábado, 14 agosto 2021 06:45

Áreas

Bioinformática. Medicina de Precisão. Oncologia.

Pesquisadores dos laboratórios de Farmacologia da Inflamação do Câncer e de Citogenômica do Câncer, ambos da Universidade Federal do Ceará (UFC), conseguiram identificar os fatores que tornam parte da população mais suscetível aos efeitos colaterais da quimioterapia contra o câncer colorretal. Esses efeitos são tão graves que alguns têm de interromper o tratamento.

Uma vez descoberto isso, os pesquisadores querem aplicar a ‘medicina de precisão’ para identificar previamente esses pacientes e definir um tratamento personalizado. O trabalho foi feito em parceria com o Laboratório de Biologia Molecular e Genética, do Instituto do Câncer do Ceará, além de outras universidades e instituições.

O câncer colorretal se localiza na parte final do intestino; atinge principalmente pessoas com mais de 50 anos e, se detectado cedo, tem alto índice de cura. O tratamento inclui quimioterapia, radioterapia e cirurgia.

Um dos problemas encontrados, no entanto, são os efeitos colaterais do irinotecano, um dos fármacos mais utilizados na quimioterapia para esse tipo de câncer. Entre 15% e 25% dos pacientes que utilizam esse medicamento desenvolvem casos de diarreia grave – que é quando ocorrem pelo menos sete episódios de diarreia líquida por dia.

“É algo que pode gerar intensa desidratação e desequilíbrio no organismo como um todo. O paciente pode vir a óbito devido a essa toxicidade: ele não morreria do câncer, mas dos efeitos colaterais da quimioterapia”, explicou o professor Dr. Roberto Lima Júnior, um dos coordenadores do Laboratório de Farmacologia da Inflamação do Câncer. “É um paradoxo. Você trata o paciente e, por conta desse tratamento, ele vai desencadear efeitos colaterais que o colocam nessa situação (de diarreia grave)”, disse a pesquisadora Dra. Deysi Wong, professora visitante do Departamento de Patologia e Medicina Legal da UFC e principal responsável pelo estudo.

Questão genética

A partir da análise genética de voluntários, os pesquisadores conseguiram identificar que pacientes com variações moleculares em um receptor celular chamado ‘toll-like 4’ são predispostos a desenvolver esse tipo de reação de diarreia grave quando em contato com o irinotecano.

A situação é mais ou menos assim: a quimioterapia é utilizada para destruir as células tumorais, mas, nesse processo, destrói também células saudáveis que fariam a proteção da mucosa intestinal. Sem essa primeira linha de defesa, bactérias que normalmente existem no intestino passam a invadir outros tecidos. A função dos receptores ‘toll-like 4’ é identificar essas infecções, se acoplar a essas bactérias e iniciar um processo inflamatório de baixo grau, benéfico, importante para “conter” as invasões.

Na maioria dos pacientes, isso resulta em um quadro de diarreia leve e controlável. Mas há pacientes que apresentam o chamado polimorfismo genético, uma variação na sequência destes receptores, que os impedem de se defender da invasão.

O estudo acaba de ser publicado na revista científica British Journal of Pharmacology. Para chegar a essa constatação, os pesquisadores coletaram o DNA de pacientes em tratamento contra o câncer colorretal e realizaram o mapeamento dos genes. Os resultados foram, então, comparados aos efeitos colaterais que cada um dos pacientes estava sentindo.

Também foram feitos testes com animais. Nesses casos, os testes foram feitos com camundongos que tinham o ‘toll-like 4’ normal e também com aqueles que tiveram o gene modificado para impedir que eles produzissem esse receptor. Com isso, os pesquisadores confirmaram que a ausência do ‘toll-like 4’ agravou a diarreia dos camundongos.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFC.

Fonte: Erick Guimarães, Agência UFC. Imagem: Viktor Braga, UFC.

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