Notícia

Pesquisadoras descobrem duas novas espécies de fungos do gênero Penicillium

Projeto de extensão da UFPE permitiu monitorar fungos de plantas cultivadas e fungos presentes no solo

Divulgação, UFPE

Fonte

UFPE | Universidade Federal de Pernambuco

Data

segunda-feira, 20 março 2023 06:15

Áreas

Biologia. Micologia. Microbiologia. Química Medicinal.

A doutoranda Amanda Lucia Alves, do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos (PPGBF) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fez a descoberta de novas espécies de fungos no território brasileiro. Os resultados da pesquisa são provenientes do projeto de extensão ‘Monitoramento participativo de microrganismos em policultivos de transição agroecológica no Assentamento Chico Mendes III: uma aproximação do conhecimento científico e o conhecimento dos agricultores”, coordenado pela professora Dra. Patricia Vieira Tiago.

O projeto de extensão permitiu monitorar os fungos das plantas cultivadas, bem como os presentes no solo. Em 2016, Amanda Alves iniciou seus estudos baseados na análise de amostras de solo coletadas em três áreas: no sistema agroflorestal (SAF) da agricultora Gercina Maria da Costa, no fragmento de Mata Atlântica e na área de consórcio de três culturas (macaxeira, jerimum e quiabo).

As novas espécies de Penicillium foram identificadas durante a análise de fungos presentes nos solos de duas localidades pertencentes ao município de Paudalho, em Pernambuco. Na análise de solo da propriedade de Gercina, situada no Assentamento Chico Mendes III, foi descoberta a espécie Penicillium gercinae, que recebeu esta nomenclatura em homenagem à agricultora. Gercina implementou o sistema agroflorestal (SAF), caracterizado por plantios diversificados em uma mesma área e adotou a transição agroecológica. Esta, por sua vez, consiste na mudança do sistema de cultivo convencional para o sistema produtivo de base ecológica.

Já a outra espécie nomeada Penicillium stangiae, em homenagem à religiosa Dorothy Mae Stang, foi encontrada na Mata Atlântica próxima ao assentamento. A religiosa, conhecida por Irmã Dorothy, lutava pela proteção da floresta Amazônica e defendia uma reforma agrária justa.

A descoberta possui grande relevância científica, visto que “a diversificação de plantas e o manejo sustentável em ambientes agrícolas suprimem a ação patogênica de diversos microrganismos, fazendo com que cada um fique em seu nicho ecológico e mantendo o ambiente em equilíbrio dinâmico, como é observado em ambientes naturais”, apontou Amanda Alves. Logo, as espécies de fungos do gênero Penicillium proporcionam benefícios ao agroecossistema. Dessa forma, como decompositores de matéria orgânica, produzem nutrientes para o desenvolvimento das plantas, além de protegê-las de doenças e pragas. “Os fungos que pertencem a este gênero possuem diferentes aparatos enzimáticos que realizam a decomposição da matéria orgânica do solo melhorando a qualidade física e química deste”, complementou Amanda.

Ainda conforme a pesquisadora, dentro do gênero Penicillium, existem grupos comumente encontrados como o que pertence a espécie P. stangiae (Lanata-divaricata) e grupos raros como o que pertence a nova espécie P. gercinae (Ramigena). O grupo Ramigena, ao qual pertence a P. gercinae, é raro no mundo, visto que cresce em poucos substratos em condições de laboratório. “Foram quase dois anos testando diferentes meios de cultura, diferentes condições de pH e submetendo-os a diferentes temperaturas, além de diferentes programações para amplificação do DNA”, explicou Amanda Alves.

O processo de análise ocorreu no Laboratório de Fungos Fitopatogênicos e Biocontroladores do Departamento de Micologia da UFPE. Dessa maneira, a partir da metodologia de isolamento de fungos de solo, foi realizada a identificação morfológica e de partes de regiões gênicas dos fungos. Ao descrever as características morfológicas e investigar o DNA, foi possível verificar a qual gênero eles pertencem. “É com base na análise das características morfológicas que a gente analisa as características da colônia, como ela cresce, e isso tem que ser analisado em meios de cultura específicos”, comentou a professora Patrícia.

Em resumo, o procedimento adotado consistiu na coleta do solo, realização de uma diluição seriada em água destilada esterilizada e transferência das amostras para um meio de cultura. Após o processo de incubação, houve o crescimento de diferentes colônias. Em seguida, cada uma delas foi purificada para que assim fosse feita a identificação dos fungos.

O estudo foi publicado na revista científica Acta Botanica Brasilica.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Pernambuco.

Fonte: Raiane Andrade, Ascom/UFPE. Imagem: Penicillium gercinae e Penicillium stangiae. Fonte: Divulgação, UFPE.

Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Farma e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Farma, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 farma t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional nas áreas de Ciências Biológicas, Biomédicas e Farmacêuticas, Saúde e Tecnologias 

Entre em Contato

Enviando

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

Create Account