Notícia

Pesquisadores conseguem mapear a comunicação do câncer de pâncreas

Estudo abre portas a novas terapias para pacientes com câncer de pâncreas

Divulgação, i3S/Universidade do Porto

Fonte

Universidade do Porto

Data

segunda-feira, 26 fevereiro 2024 15:15

Áreas

Biologia. Biomarcadores. Biomedicina. Biotecnologia. Fisiologia. Imunologia. Microbiologia. Oncologia. Patologia. Saúde Pública.

Imagine uma espécie de ‘espião’ que permitisse perceber tudo o que acontece dentro de um pâncreas com células tumorais e, especificamente, como é que este tipo de câncer se desenvolve de forma silenciosa, é tão eficaz na sua proliferação e tem uma taxa de mortalidade tão elevada. Pode parecer ficção, mas foi exatamente isso que uma equipe do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, em Portugal, liderada pela pesquisadora Dra. Sónia Melo, fez e conseguiu, pela primeira vez, mapear a comunicação do câncer de pâncreas.

O estudo foi publicado na revista científica Nature Communications e abre portas para novas terapias que permitam enfrentar a doença.

Já se sabia que as células cancerígenas pancreáticas segregam exossomas ou vesículas extracelulares, e que são estas vesículas que estabelecem a comunicação local e à distância com outras células. Contudo, a forma como estas vesículas se distribuem no espaço e no tempo e quais os órgãos que as recebem, assim como o impacto que têm nesses órgãos, ainda era desconhecido.

Para responder a estas questões, o grupo de pesquisa do i3S começou por criar um camundongo geneticamente modificado com câncer de pâncreas cujas células tumorais segregavam vesículas com cor. “Isso permitiu-nos mapear com que células e órgãos estas vesículas se comunicam, que mensagens transmitem e de que forma ajudam o tumor a se desenvolver”, explicou a Dra. Sónia Melo.

Ao analisar a distribuição das vesículas do pâncreas durante a progressão do tumor pancreático, os investigadores perceberam que a comunicação não é aleatória, mas sim direcionada e coordenada, de modo a permitir a progressão da doença e modificar órgãos à distância a seu favor.

“Um dos principais órgãos que recebe comunicação destas vesículas segregadas pelas células tumorais pancreáticas é o timo, onde são produzidas as células do sistema imunitário”, revelou a pesquisadora do i3S e do Porto Comprehensive Cancer Center Raquel Seruca. E a informação que o pâncreas envia, acrescentou, “poderá modificar a resposta imune ao tumor, impedindo as células imunes de o reconhecer”.

Esta ‘viagem’ das vesículas de células tumorais pancreáticas foi comparada com o percurso feito pelas vesículas de um pâncreas saudável e, explicou a Dra. Sónia Melo, “provamos que estas vesículas, quando provenientes de um pâncreas sem câncer, são importantes para conter a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos estimulada pelo crescimento tumoral), ou seja, podem ser uma forma de manter o equilíbrio global do corpo humano e a aptidão dos órgãos”.

O estudo, sublinhou a pesquisadora do i3S e também professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), “contribui para uma melhor compreensão do significado biológico dos exossomas do pâncreas na saúde e na doença”.

“Estas descobertas têm potencial para melhorar os cuidados prestados aos pacientes, uma vez que os exossomas podem ser utilizados como alvos terapêuticos, nomeadamente através do bloqueio destas vias de comunicação”. concluiu a Dra. Sónia Melo.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.

Fonte: Luísa Melo, i3S/Universidade do Porto. Imagem: Dra. Sónia Melo no laboratório. Fonte: Divulgação, i3S/Universidade do Porto.

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