Notícia

Pesquisadores da UFRN estudam processos inflamatórios associados ao envelhecimento

A pesquisa concluiu que IL-6, TNFα e zinco mostraram ser marcadores responsivos para caracterizar o envelhecimento por inflamação em idosos institucionalizados

Divulgação, UFRN

Fonte

UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Data

sexta-feira, 10 dezembro 2021 06:45

Áreas

Biomarcadores. Bioquímica. Saúde do Idoso.

O processo de envelhecimento e sua consequência natural, a velhice, constituem uma das maiores preocupações da sociedade moderna, sobretudo devido ao rápido crescimento da parcela idosa da população com relação aos demais grupos etários. Diante desse cenário, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) fizeram um estudo com 178 idosos que residiam, exclusivamente, em instituições de longa permanência para idosos (ILPI) na cidade de Natal-RN. O objetivo do estudo foi identificar Inflamm-aging (processos inflamatórios associados ao envelhecimento), dentre esses, os aumentos de marcadores biológicos como colesterol do tipo HDL e LDL, por exemplo, e contribuir na literatura com uma identificação mais clara desses aspectos, validação de valores de referência e biomarcadores.

A pesquisa concluiu que IL-6, TNFα e zinco mostraram ser marcadores responsivos para caracterizar o envelhecimento por inflamação em idosos institucionalizados. Indivíduos com alto estado inflamatório apresentam maiores concentrações ou perfis lipídicos alterados de HDL, LDL e triglicerídeos em relação aos indivíduos com poucas características inflamatórias, demonstrando a associação do perfil lipídico com elevada inflamação corporal. Em relação aos aspectos sociodemográficos, observou-se que os idosos mais longevos apresentaram maior influência do envelhecimento inflamatório.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado recentemente na revista Scientific Reports e contou com a participação de diversos pesquisadores, entre eles o ex- aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCOL/UFRN) e atual professor do Departamento de Artes da UFRN, Dr. Leônidas Neto, orientado pelo professor Dr. Kenio Lima, do Departamento de Saúde Coletiva da UFRN, e a professora do Departamento de Fisiologia e Comportamento (DFS/CB/UFRN) e coordenadora do Laboratório de Medidas Hormonais (LMH), Dra. Nicole Leite. Também assina o estudo o aluno de doutorado do Programa de Psicobiologia, Vagner Deuel.

Participaram da pesquisa nove instituições, cinco destas sem fins lucrativos. Do total de 304 idosos residentes nas instituições, 24 se ​​recusaram ou não tiveram participação autorizada por seus responsáveis, enquanto outros 71 foram excluídos por atenderem a algum dos critérios de exclusão. Dentre os critérios estavam idosos que não residiam nas ILPIs, aqueles que apresentavam dificuldade de acesso venoso, estes pelo motivo de ser difícil a coleta de sangue para catéter de estado inflamatório e biomarcadores (parâmetros de referência). A amostra final, incluindo os eliminados, foi de 178 idosos.

De acordo com a professora Nicole, que atua também como docente da Universidade do Oeste de Sydney, na Austrália, o tema escolhido ainda levanta muitas dúvidas. Segundo ela, percebe-se na literatura, em sua maior parte, conteúdo teórico, sem muita pesquisa clínica, principalmente para os idosos institucionalizados. “Uma das lacunas na literatura que chamou bastante atenção foi o fato acerca dos valores normativos/referência para encontrar o processo da Inflamm-aging e a validação de biomarcadores que permaneciam em aberto” comentou.

A inflamação é uma resposta do sistema imunológico a um agente invasor, como um vírus, uma bactéria ou até mesmo uma farpa no dedo, ou seja, uma resposta natural para a proteção do organismo. Existem diversos fatores relacionados ao envelhecimento do corpo que podem provocar inflamações nos idosos, como genética; obesidade; aumento da permeabilidade intestinal, que causa a má absorção de nutrientes e pode provocar desnutrição e infecções crônicas. Entre os idosos, as inflamações são um fator de risco para doenças renais, diabetes, câncer, depressão, demência e sarcopenia (perda acentuada de massa muscular).

Para dar maior confiabilidade ao estudo, foram realizadas análises de variáveis ​​antropométricas, bioquímicas, sociodemográficas e relacionadas à saúde. Também houve a coleta de exames de sangue como a Interleucina 6 (IL-6), Fatores de Necrose Tumoral (TNF-α), zinco, lipídios de baixa densidade (LDL), lipídios de alta densidade (HDL) e triglicerídeos que foram associados ao envelhecimento inflamatório.

O estudo transversal é o braço de um grande projeto que durou aproximadamente dois anos e contou com uma equipe multidisciplinar da UFRN, além de contribuir para a formação acadêmica de alunos da graduação e da pós. Em tempo, os pesquisadores enfatizaram a relevância desse estudo para a sociedade e o público-alvo escolhido: “É importante, pois podem orientar no planejamento e na implementação de ações que objetivem reduzir essa carga inflamatória e a dislipidemia [níveis altos de gordura no sangue], proporcionando assim uma melhor qualidade de vida a uma população naturalmente desprivilegiada”.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFRN.

Fonte: Liciane Viana, Agecom/UFRN. Imagem: Professora Nicole Leite. Fonte: Divulgação, UFRN.

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