Notícia

Pesquisadores descobrem como eliminar o ‘alimento’ da bactéria causadora da pneumonia, o que pode ajudar a desenvolver novos antibióticos

Pesquisadores determinaram a estrutura do ‘portal’ exclusivo que o pneumococo usa para roubar manganês do corpo

CDC/Janice Carr via Wikimedia Commons

Fonte

Universidade de Melbourne

Data

quinta-feira, 19 agosto 2021 06:15

Áreas

Bioquímica. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Doenças Infecciosas.

Pesquisadores australianos revelaram como a bactéria Streptococcus pneumoniae (pneumococcus) obtém seu nutriente essencial – o manganês – de nossos corpos, o que poderá levar a novas terapias para atingir o que é um patógeno resistente a antibióticos e que pode causar risco de vida.

O pneumococo é um dos organismos mais mortais do mundo, responsável por mais de um milhão de mortes a cada ano e é a principal causa infecciosa de mortalidade em crianças menores de cinco anos. É a principal causa de pneumonia bacteriana, bem como uma das principais causas de meningite, septicemia e infecções do ouvido interno (otite média).

Após dez anos de investigações detalhadas, pesquisadores do Instituto Doherty – uma joint venture entre a Universidade de Melbourne, o The Royal Melbourne Hospital e o Bio21 Molecular Science & Biotechnology Institute (Bio21), em conjunto com colaboradores da Universidade Nacional da Austrália e da Universidade de Quioto, no Japão, determinaram a estrutura do único ‘portal’ que o pneumococo usa para roubar manganês do corpo. Os resultados do estudo foram publicados recentemente na revista Science Advances.

Todos os organismos, incluindo os patógenos, precisam de vitaminas e minerais para sobreviver. Embora os pesquisadores soubessem que o manganês era fundamental para a sobrevivência do pneumococo, não se entendia como ele retirava o manganês do corpo. A Dra. Megan Maher, professorada Universidade de Melbourne e chefe de laboratório da Bio21, disse que notou que a bactéria estava atraindo nutrientes de uma forma regulada.

“Eventualmente, descobrimos que isso era devido a um portal exclusivo que fica na membrana da bactéria que se abre e fecha para permitir a entrada de manganês”, disse o professor associado Maher. “Esta é uma estrutura completamente nova que nunca foi vista em um patógeno como este”, destacou a professora.

O Dr. Christopher McDevitt, professor da Universidade de Melbourne e chefe do laboratório do Instituto Doherty, disse que a descoberta do estudo muda o que sabemos sobre a sobrevivência do patógeno: “Anteriormente, pensava-se que esses ‘gateways’ agiam como canais revestidos de Teflon, no sentido de que tudo fluía. Agora entendemos que ele está atraindo seletivamente o manganês. Qualquer perturbação neste portal deixa o patógeno sem alimentação, o que o impede de causar doenças”, explicou o professor McDevitt.

Esta pode ser a chave para novas terapias e alternativas contra o pneumococo. Embora exista uma vacina pneumocócica, ela oferece proteção limitada contra as cepas circulantes e as taxas de resistência aos antibióticos estão aumentando rapidamente.

“É um alvo terapêutico realmente atraente, visto que fica na superfície da bactéria, e nossos corpos não usam esse tipo de porta de entrada”, disse o professor McDevitt.

“Em um momento em que vemos uma resistência crescente aos nossos antibióticos de primeira e última linha e o surgimento de ‘superbactérias’, é importante pensarmos em novas estratégias para controlar este organismo mortal”, concluiu o Dr. Christopher McDevitt.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Melbourne (em inglês).

Fonte: Catherine Somerville, Universidade de Melbourne. Imagem: Micrografia Eletrônica de Varredura de Streptococcus pneumoniae. Fonte: CDC/Janice Carr via Wikimedia Commons.

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