Notícia

Pesquisadores detectam em bactérias processo inédito de resposta a vírus

Fonte

UFJF | Universidade Federal de Juiz de Fora

Data

sábado, 3 dezembro 2022 17:35

Áreas

Bacteriologia. Biologia. Imunologia. Microbiologia.

Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) chegaram a um achado científico inédito ao identificar o impacto que vírus provocam em bactérias presentes em ecossistemas de água doce. Por abrir portas para novos entendimentos sobre como diferentes espécies se relacionam em escala microbiana, o estudo foi publicado na revista científica Environmental Microbiology. O trabalho é fruto de estudos de quase duas décadas, feitos por meio da parceria entre dois laboratórios da universidade: o de Biologia Celular e o de Ecologia Aquática, ambos vinculados ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB).

A descoberta dos cientistas consiste na identificação da capacidade, até então ainda não reconhecida, de bactérias de água doce produzirem uma grande quantidade de vesículas extracelulares em resposta à infecção por vírus. Essa constatação abre as portas para novos desdobramentos científicos sobre a funcionalidade do comportamento de bactérias frente a infecções virais, considerando que vírus são grandes reguladores biológicos de bactérias e estas, por sua vez, são as principais decompositoras da matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos – sendo, portanto, de importância ecológica significativa para o meio ambiente.

Em suma, “a produção dessas vesículas pode indicar até mesmo uma estratégia de sobrevivência mediante ao ataque de vírus”, explicou o Dr. Nathan Barros, pesquisador coautor do estudo. As vesículas extracelulares são associadas a vários processos biológicos importantes para a comunidade bacteriana aquática – como, por exemplo, a comunicação e a transferência de material genético entre as bactérias, como explicou o pesquisador Dr. Thiago Pereira da Silva.

“Além disso, vesículas extracelulares podem funcionar como ‘armadilhas’ para os vírus, porque eles precisam se ligar à superfície da célula bacteriana para a infectá-la, injetando seu material genético. Com o ambiente cheio de vesículas, os vírus ‘confundem’ a superfície de vesículas com a superfície de células, injetando o material genético deles na vesícula”, exemplificou o Dr. Thiago Silva.

Vírus e bactérias em alta resolução

Para identificar o que foi descrito na pesquisa, o grupo de cientistas realizou um estudo sistemático usando microscopia eletrônica de transmissão, para conseguir visualizar tanto os vírus quanto as vesículas extracelulares em alta resolução. A pesquisadora Dra. Rossana Melo, líder do grupo de pesquisa em Biologia Celular do ICB da UFJF, coordenou esta etapa do estudo, viabilizando as análises de imagens de células para quantificar as vesículas que nasceram na superfície de bactérias. “Nosso grupo vem estudando vesículas extracelulares produzidas por células humanas e é surpreendente identificar que estes pequenos contêineres são também liberados por bactérias com impacto em ecossistemas aquáticos”, destacou a professora Rossana Melo.

“Utilizamos técnicas de microscopia de fluorescência aliadas à marcação molecular em amostras dos ambientes aquáticos estudados. Adicionalmente, também cultivamos estas mesmas bactérias no laboratório e as submetemos à presença de vírus, também isolados dos mesmos ambientes aquáticos. A microscopia eletrônica permitiu a identificação direta de aspectos morfológicos e processos celulares”, resumiu o Dr. Thiago Silva.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Fonte: UFJF. Imagem: bactéria aquática observada por microscopia eletrônica. Fonte: Dra. Rossana Melo, Laboratório de Biologia Celular da UFJF.

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