Notícia

Pesquisadores e estudantes desenvolvem projeto de creme para tratar Xeroderma Pigmentoso

Conceito do produto foi premiado em competição internacional na Cidade do México

Agnieszka Kwiecień via Wikimedia Commons

Fonte

Jornal UFG

Data

quarta-feira, 27 dezembro 2023 19:40

Áreas

Biologia. Biologia Sintética. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Dermatologia. Genética. Produtos Naturais. Química Medicinal.

O clube de Biologia Sintética (SynBio) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveu o projeto de um creme terapêutico para prevenir tumores de pele e melhorar o tratamento de pessoas com Xeroderma Pigmentoso (XP), doença genética caracterizada pela extrema sensibilidade à radiação ultravioleta (UV).

A proposta do creme AraraSun ficou em segundo lugar na classificação geral no Synbio Festival, uma competição internacional realizada pela Fundação iGEM, realizada em dezembro na Cidade do México.

O grupo é coordenado pelo Dr. André Kipnis, professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), e é formado por estudantes dos cursos de Biotecnologia e de Biomedicina e por biotecnologista formada pela UFG. O produto concebido durante a competição combina quatro flavonoides (compostos naturais encontrados em plantas) e um peptídeo sintético (cadeia de aminoácidos) com propriedades antioxidantes e antitumorais.

A abordagem inovadora envolveu a compreensão sobre a doença, por meio de encontros on-line com moradores do povoado de Araras, no município de Faina, a 200 quilômetros de Goiânia. Também houve colaboração com o Dr. Carlos Menck, professor da Universidade de São Paulo (USP) e com a dermatologista Dra. Sulamita Chaibub, ambos especialistas em XP.

O povoado de Araras abriga a maior proporção de pessoas com XP do mundo. Enquanto a incidência global é de um caso a cada 1 milhão de pessoas, no distrito goiano essa taxa é de um a cada 40 habitantes. A doença não é contagiosa, mas a alta sensibilidade aos raios UV aumenta a possibilidade de câncer de pele.

Protótipo

Na busca por um creme que não apenas protegesse a pele dos pacientes dos raios solares mas que também melhorasse a qualidade de vida, o SynBio UFG selecionou para o AraraSun quatro flavonoides – kaempferol, quercetin, luteolin e myricetin – presentes em árvores do Cerrado brasileiro, como pata de vaca, fava d’anta e cagaita.

O outro componente do creme é o peptídeo sintético Selera-2, rico em aminoácidos do tipo selenocisteína, que funciona como um agente antimutagênico, prevenindo transformações malignas das células.

Depois de várias análises, o grupo de pesquisadores projetou circuitos genéticos complexos utilizando Escherichia coli, uma bactéria benigna que pode permitir a produção controlada de flavonoides em grande escala e de maneira sustentável. Além de ter boa purificação, ela também pode reduzir os custos de produção e garantir a padronização entre lotes de cremes.

Para a etapa de testes, o SynBio UFG propôs que sejam feitas simulações computacionais – os chamados estudos in silico. Já os estudos práticos envolveriam a análise da formulação e dos excipientes (ingredientes para dar forma e consistência) para manter a vida útil do creme, bem como testes de alergia e proteção solar.

O projeto apresentado no Synbio Festival obteve reconhecimento em 12 das 15 categorias, conquistando quatro prêmios e uma medalha de ouro na categoria Saúde Humana e Biomedicina. A equipe também assegurou o segundo lugar na classificação geral. Agora o grupo está em busca de parcerias para o financiamento das próximas etapas do projeto.

Biologia Sintética

O grupo de Biologia Sintética da UFG teve sua origem em 2021, mas foi no fim de 2022 que o projeto ganhou corpo. Estudante de Biomedicina, Jhenyfer Elíria Brachmann contou que começou a divulgar a temática em eventos como o seminário do IPTSP e o Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão (Conpeex) da UFG, por meio dos quais formou a equipe para o Synbio Festival.

Outra integrante do grupo, Jaqueline Jacintho enfatizou o estímulo do SynBio UFG para a realização de ações voltadas ao bem-estar social e à divulgação científica. Alexandre Nascimento acrescentou que a Biologia Sintética expande os conhecimentos na área, apresentando novas aplicações da Biotecnologia e introduzindo ferramentas in silico. Ainda compõe o grupo a estudante Bianca Cornélio.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Goiás.

Fonte: Maria Sousa e Luiz Felipe Fernandes, Jornal UFG. Imagem: pata de vaca (Bauhinia forficata). Fonte: Agnieszka Kwiecień via Wikimedia Commons.

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