Notícia

Pesquisadores estudam mecanismos neurais de diferentes anestésicos por meio de imagens funcionais do cérebro

Fonte

Universidade Turku

Data

quinta-feira, 6 julho 2023 18:30

Áreas

Anestesiologia. Biologia. Bioquímica. Cirurgia. Entrega de Medicamentos. Estudo Clínico. Farmacologia. Imagens Médicas. Indústria Farmacêutica. Neurociências. Química Medicinal. Tomografia PET.

Os mecanismos neurais dos anestésicos gerais, que causam alterações na consciência e na capacidade de resposta, ainda não são completamente compreendidos. Estudos anteriores investigaram principalmente as diferenças na atividade cerebral entre a vigília não medicada e o estado não responsivo induzido pela anestesia. No entanto, o desafio tem sido identificar as alterações na atividade cerebral que estão especificamente relacionadas às alterações na consciência e distingui-las dos outros efeitos dos anestésicos.

Recentemente, um novo estudo foi realizado no Turku PET Center e na Universidade Turku, na Finlândia, como um esforço conjunto de dois grupos de pesquisa. O objetivo principal era descobrir quais alterações na atividade metabólica do cérebro humano estão relacionadas à incapacidade de experimentar e reagir a estímulos externos, ou seja, ao chamado ‘estado desconectado’.

“O ponto chave de nossa pesquisa está relacionado a uma nova configuração experimental. Em colaboração com o Dr. Michael Alkire, pesquisador [do Centro de Neurobiologia da Aprendizagem e da Memória] da Universidade da Califórnia em Irvine (UCI), projetamos um estudo que permitiu correlacionar mudanças na atividade cerebral com mudanças no estado de consciência”, enfatizou o Dr. Harry Scheinin, professor da Universidade Turku e pesquisador principal do estudo.

Anestésicos afetam áreas corticais amplas e os efeitos específicos da consciência são muito mais restritos

Indivíduos saudáveis foram aleatoriamente designados para receber propofol, dexmedetomidina, sevoflurano, S-cetamina ou placebo, e a atividade metabólica cerebral foi medida com exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET).

As doses dos diferentes anestésicos foram escolhidas de modo que cerca de metade dos indivíduos em cada grupo retivesse e metade perdesse a capacidade de resposta. Todos os indivíduos no mesmo grupo de drogas receberam a mesma dosagem do anestésico e, comparando as diferenças na atividade cerebral entre indivíduos responsivos e não responsivos, bem como entre os medicamentos e o placebo, os pesquisadores foram capazes de relacionar as diferenças observadas no estado de consciência com mais precisão. Para garantir o estado de desconexão dos sujeitos não responsivos, eles foram cuidadosamente entrevistados imediatamente após acordar.

“Ao estudar quatro anestésicos com diferentes mecanismos de ação em uma configuração experimental comparável, buscamos encontrar possíveis semelhanças e diferenças em seus efeitos cerebrais. A inclusão do grupo placebo nos permitiu examinar também o efeito geral dos anestésicos no mesmo experimento”, disse Oskari Kantonen, doutorando e primeiro autor do estudo.

O estado desconectado foi especificamente relacionado à atividade reduzida dos núcleos centrais do tálamo em indivíduos que receberam propofol, dexmedetomidina ou sevoflurano. Em vez disso, os efeitos gerais das drogas foram vistos como mudanças generalizadas no córtex cerebral. Em particular, os achados relacionados ao estado de consciência foram claramente mais limitados. Ao contrário das outras drogas, a desconexão com a S-cetamina pareceu estar associada ao aumento da atividade no córtex parietal esquerdo.

Embora a atividade reduzida do tálamo já tenha sido associada aos efeitos da maioria dos anestésicos, não está claro se a redução está especificamente relacionada a uma mudança no estado de consciência ou a outros efeitos dos anestésicos. Com base nos achados do presente estudo, a atividade reduzida do tálamo parece desempenhar um papel fundamental na manutenção do estado desconectado durante a anestesia com o uso de propofol, dexmedetomidina ou sevoflurano.

“A S-cetamina é conhecida por ser um anestésico muito diferente, mas uma nova descoberta interessante foi que seus efeitos regionais na atividade cerebral relacionados ao estado de consciência também diferem muito claramente de outros anestésicos”, acrescentou Oskari Kantonen.

O estudo atual, publicado na revista científica The Journal of Neuroscience, é uma continuação de um trabalho publicado em 2021, no qual foi aplicado um desenho experimental diferente.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse  a notícia completa na página da Universidade Turku (em inglês).

Fonte: Universidade Turku. Imagem: efeitos gerais dos anestésicos foram vistos como mudanças generalizadas no córtex cerebral. Fonte: Professor Dr. Harry Scheinin, Universidade Turku.

Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.