Notícia

Por que o câncer de pulmão não responde bem à imunoterapia?

Novo estudo revela que os gânglios linfáticos próximos aos pulmões criam um ambiente que enfraquece as respostas das células T aos tumores

Divulgação, MIT

Fonte

MIT | Instituto de Tecnologia de Massachusetts

Data

sexta-feira, 3 fevereiro 2023 17:10

Áreas

Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Imunologia. Imunoterapia. Oncologia. Saúde Pública.

A imunoterapia – tratamento medicamentoso que estimula o sistema imunológico a atacar os tumores – funciona bem contra alguns tipos de câncer, mas tem mostrado sucesso às vezes limitado contra o câncer de pulmão.

Um novo estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, ajuda a esclarecer por que o sistema imunológico apresenta uma resposta tão fraca ao câncer de pulmão, mesmo após o tratamento com medicamentos imunoterápicos. Em um estudo com camundongos, os pesquisadores descobriram que as bactérias encontradas naturalmente nos pulmões ajudam a criar um ambiente que suprime a ativação das células T nos gânglios linfáticos próximos aos pulmões.

Os pesquisadores não encontraram esse tipo de ambiente imunossupressor nos gânglios linfáticos próximos aos tumores que crescem perto da pele dos camundongos. Eles esperam que essas descobertas possam levar ao desenvolvimento de novas maneiras de acelerar a resposta imune aos tumores pulmonares.

“Existe uma diferença funcional entre as respostas das células T que estão nos diferentes gânglios linfáticos. Esperamos identificar uma maneira de neutralizar essa resposta supressiva, para que possamos reativar as células T direcionadas ao tumor pulmonar”, disse a Dra. Stefani Spranger, professora do Departamento de Biologia do MIT, membro do Koch Institute for Integrative Cancer Research do MIT e autora sênior do novo estudo.

Maria Zagorulya, estudante de pós-graduação do MIT  é a principal autora do artigo, que foi publicado na revista científica Immunity.

Falha ao atacar

Por muitos anos, os cientistas sabem que as células cancerígenas podem enviar sinais imunossupressores, o que leva a um fenômeno conhecido como exaustão das células T. O objetivo da imunoterapia contra o câncer é rejuvenescer essas células T para que possam começar a atacar os tumores novamente.

Um tipo de medicamento comumente usado para imunoterapia envolve inibidores de checkpoint, que removem os freios das células T esgotadas e ajudam a reativá-las. Essa abordagem funciona bem com cânceres como o melanoma, mas não tão bem com o câncer de pulmão.

O trabalho recente da professora Stefani Spranger ofereceu uma explicação possível para isso: ela descobriu que algumas células T param de funcionar antes mesmo de atingirem um tumor, devido a uma falha em serem ativadas no início de seu desenvolvimento. Em um artigo de 2021, ela identificou populações de células T disfuncionais que podem ser distinguidas das células T normais por um padrão de expressão gênica que as impede de atacar células cancerígenas quando entram em um tumor.

“Apesar do fato de que essas células T se proliferam e se infiltram no tumor, elas não têm a ‘licença para atacar’”, disse a pesquisadora.

No novo estudo, sua equipe se aprofundou nessa falha de ativação, que ocorre nos gânglios linfáticos, que filtram os fluidos que drenam dos tecidos próximos. Os gânglios linfáticos são onde as ‘células T assassinas’ encontram as células dendríticas, que apresentam antígenos (proteínas tumorais) e ajudam a ativar as células T.

Para explorar por que algumas células T assassinas não são ativadas adequadamente, a equipe da professora Stefani Spranger estudou camundongos com tumores implantados nos pulmões ou no flanco. Todos os tumores eram geneticamente idênticos.

Os pesquisadores descobriram que as células T nos gânglios linfáticos que drenam dos tumores pulmonares encontraram células dendríticas e reconheceram os antígenos tumorais exibidos por essas células. No entanto, essas células T falharam em se tornar totalmente ativadas, como resultado da inibição por outra população de células T chamadas células T reguladoras.

Essas células T reguladoras tornaram-se fortemente ativadas nos gânglios linfáticos que drenam dos pulmões, mas não nos gânglios linfáticos próximos aos tumores localizados no flanco, descobriram os pesquisadores. As células T reguladoras são normalmente responsáveis por garantir que o sistema imunológico não ataque as próprias células do corpo. No entanto, os pesquisadores descobriram que essas células T também interferem na capacidade das células dendríticas de ativar células T assassinas que visam tumores pulmonares.

Os pesquisadores também descobriram como essas células T reguladoras suprimem as células dendríticas: removendo proteínas estimuladoras da superfície das células dendríticas, o que as impede de ativar a atividade das células T assassinas.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês).

Fonte:  MIT News Office. Imagem: novo estudo do MIT explica por que as células dendríticas (em verde) nos gânglios linfáticos que drenam dos pulmões falham em estimular as células T assassinas (brancas) para atacar os tumores pulmonares. Fonte: Divulgação, MIT.

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