Notícia
Potente peptídeo antifibrótico pode reverter a fibrose em vários órgãos
Divulgação, Universidade Médica da Carolina do Sul
Fonte
MUSC | Universidade Médica da Carolina do Sul
Data
terça-feira, 11 janeiro 2022 11:05
Áreas
Bioquímica. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Patologia.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Médica da Carolina do Sul (MUSC), nos Estados Unidos, liderada pela Dra. Carol Feghali-Bostwick, relatou na revista científica Journal of Clinical Investigation Insight que o peptídeo E4 reverte a fibrose, ou cicatrizes, em tecidos humanos e de camundongos, ativando uma via antifibrótica que é comum a todos os sistemas orgânicos.
As descobertas da equipe são significativas porque sugerem que o peptídeo pode ser eficaz na reversão da fibrose em vários órgãos. A fibrose está implicada em uma ampla gama de doenças, incluindo doenças cardíacas, fibrose pulmonar, cirrose hepática e doença renal crônica.
A Dra. Feghali-Bostwick, autora sênior do artigo, identificou o peptídeo E4 como um potente agente antifibrótico enquanto trabalhava na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, antes de ingressar na MUSC em 2013. No entanto, o mecanismo pelo qual a fibrose teria sido revertida permaneceu incompletamente compreendido.
“Identificamos esse peptídeo há cerca de uma década e descrevemos sua atividade antifibrótica em diferentes tecidos. Nosso trabalho atual explica como o peptídeo exerce efeito antifibrótico e o que o torna tão eficaz”, disse a pesquisadora.
Todos os órgãos compartilham um caminho comum para a fibrose em estágio final: produção excessiva e deposição de colágeno e proteínas semelhantes. O colágeno é o tecido conjuntivo do corpo e fornece a estrutura física para nossos órgãos. No entanto, o excesso de colágeno pode fazer com que os órgãos encolham, endureçam e deixem de funcionar corretamente. Pacientes com fibrose em estágio final têm poucas opções de tratamento e muitos precisarão de transplante do órgão afetado.
O peptídeo E4 é derivado de um fragmento de uma proteína de colágeno. No entanto, quando a proteína original é cortada, o fragmento resultante pode ter vários papéis diferentes, incluindo a interrupção da fibrose.
Para entender melhor como o E4 reverte a fibrose, a equipe da MUSC realizou estudos para determinar como ele interagia com outras proteínas do corpo. O peptídeo E4 teve efeitos em proteínas envolvidas na via da uroquinase, que é conhecida por inibir a fibrose. A via funciona ativando enzimas que quebram o excesso de colágeno. A via também interrompe a produção de colágeno fibrótico.
A equipe conduziu seus estudos usando células coletadas de pulmões humanos. Os membros da equipe também construíram núcleos de tecido de pulmões fibróticos doados de pacientes com fibrose pulmonar. Pulmões saudáveis são mais comumente doados, então núcleos de tecido também foram construídos a partir deles, e então a fibrose foi induzida. Esses núcleos de tecido fornecem um modelo que é mais relevante para a doença humana do que as células sozinhas.
O peptídeo E4 foi capaz de reverter a fibrose mesmo nos pulmões fibróticos em estágio final. Os resultados foram então reproduzidos em camundongos com fibrose pulmonar, mostrando que o E4 tinha as mesmas funções in vitro e em um sistema vivo, ativando a via da uroquinase em ambos os casos.
“Já foi demonstrado que, quando ativada, a via da uroquinase pode efetivamente reverter a fibrose em diferentes órgãos. Encontramos uma maneira de ativá-la com o peptídeo”, destacou a Dra. Feghali-Bostwick.
O estudo vinculou o peptídeo E4 a essa conhecida via antifibrótica para fornecer uma possível solução clínica para pacientes com fibrose. “A propriedade intelectual em torno do peptídeo já foi licenciada e há uma empresa fazendo o desenvolvimento”, disse a professora Feghali-Bostwick. A empresa, iBio Inc. está atualmente fazendo testes pré-clínicos do peptídeo e se preparando para os testes de segurança da fase 1. Nenhum efeito colateral negativo foi observado nos modelos experimentais em que o E4 foi testado.
“Agora que sabemos como o peptídeo funciona, estamos confiantes de que será benéfico para a fibrose em diferentes órgãos. O peptídeo é derivado de uma molécula natural no corpo, então não esperamos que tenha efeitos colaterais”, disse Feghali-Bostwick.
Surpreendentemente, o E4 ativa a via da uroquinase ligando-se a uma proteína da membrana celular chamada enolase, que está envolvida na quebra do açúcar. Pesquisas futuras permitirão que a equipe analise diferentes parceiros de ligação, mecanismos adicionais pelos quais o E4 pode prevenir e reverter a fibrose e o comprimento ideal do peptídeo E4.
“É uma pesquisa básica meticulosa como essa que leva a avanços clínicos. É importante apreciar o poder da pesquisa básica na identificação de possíveis terapias, que podem ser desenvolvidas pelas empresas para fornecer soluções translacionais para os pacientes”, concluiu a Dra. Carol Feghali-Bostwick.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Médica da Carolina do Sul (em inglês).
Fonte: Caren Doueiry, Universidade Médica da Carolina do Sul. Imagem: Dra. Carol Feghali-Bostwick em seu laboratório. Fonte: Divulgação, Universidade Médica da Carolina do Sul.
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