Notícia

Qualquer tipo de anticoncepcional hormonal pode aumentar o risco de câncer de mama

Fonte

Universidade de Oxford

Data

segunda-feira, 27 março 2023 06:05

Áreas

Biologia. Bioquímica. Farmacologia. Metabolismo. Microbiologia. Oncologia. Saúde da Mulher.

Uma análise de dados realizada por pesquisadores da Unidade de Epidemiologia do Câncer da Universidade de Oxford (Oxford Population Health), no Reino Unido, mostrou que o uso de contraceptivos hormonais apenas com progestogênio está associado a um risco 20-30% maior de câncer de mama. Os resultados foram publicados na revista científica PLOS Medicine.

Estudos anteriores mostraram que o uso da pílula anticoncepcional combinada, que combina estrogênio e progestogênio, está associado a um pequeno aumento no risco de desenvolver câncer de mama, que diminui após a interrupção do uso. O uso de anticoncepcionais apenas com progestogênio aumentou substancialmente nos últimos anos, mas as informações sobre sua associação com o risco de câncer de mama eram limitadas. Em 2020, havia quase tantas prescrições emitidas na Inglaterra para contraceptivos orais apenas com progestogênio quanto para contraceptivos orais combinados.

Os pesquisadores analisaram dados de 9.498 mulheres que desenvolveram câncer de mama invasivo entre as idades de 20 a 49 anos e 18.171 mulheres semelhantes sem câncer de mama que atuaram como controles. Os dados foram coletados pelo Clinical Practice Research Datalink (CPRD). 44% das mulheres com câncer de mama e 39% das mulheres sem câncer de mama incluídas no estudo tiveram uma prescrição de contraceptivo hormonal em média três anos antes do diagnóstico, cerca de metade das quais receberam pela última vez um contraceptivo apenas de progestogênio.

Os dados foram usados para calcular a força da associação entre o uso de cada tipo de contraceptivo hormonal e o risco de câncer de mama. Esses cálculos foram então ajustados para levar em conta fatores de risco estabelecidos, como índice de massa corporal (IMC), número de nascimentos registrados e o tempo desde o último nascimento. Os pesquisadores combinaram os resultados do CPRD sobre o uso de contraceptivos orais com os de outros estudos publicados anteriormente para estimar o excesso de riscos absolutos, o que significa o número adicional de mulheres que provavelmente desenvolveriam câncer de mama entre aquelas que usaram contraceptivos orais em comparação com aquelas que não o fizeram.

Principais conclusões do estudo

• Nos dados do CPRD, houve um aumento significativo no risco de câncer de mama associado ao uso de contraceptivos hormonais, independentemente de o último contraceptivo prescrito ter sido uma preparação oral combinada (estrogênio e progestogênio) (23%, OR=1,23 IC 95% 1,14 -1,32), uma preparação oral apenas com progestogênio (26%, OR=1,26 95% CI 1,16-1,37), um progestogênio injetado (25%, OR=1,25 95% CI 1,07-1,45) ou um dispositivo uterino intra-liberador de progestogênio  (32%, OR=1,32 IC 95% 1,17-1,49);
• Nos dados do CPRD, o aumento do risco de câncer de mama associado ao uso de contraceptivos orais diminuiu após a interrupção do uso. Os riscos aumentados foram: última prescrição no último ano (33%, OR=1,33 IC 95% 1,23-1,44); última prescrição de um a quatro anos (17%, OR=1,17 IC 95% 1,07-1,29); última prescrição há cinco anos ou mais (15%, OR=1,15 IC 95% 1,04-1,28);
• Quando os achados de contraceptivos só de progestogênio foram combinados com estudos publicados anteriormente, houve um risco aumentado de câncer de mama em usuárias atuais e recentes de todos os quatro tipos de preparações só de progestogênio: oral (29%, OR=1,29, 95% CI 1,21-1,37), injetados (18%, OR=1,18, 95% CI 1,07-1,30), implantados (28%, OR=1,28, 95% CI 1,08-1,51) e dispositivos intra-uterinos (21%, OR =1,21, IC 95% 1,14-1,28);
• Os pesquisadores estimaram que o risco excessivo absoluto de desenvolver câncer de mama ao longo de um período de 15 anos em mulheres com cinco anos de uso de contraceptivos orais variou de oito em 100.000 mulheres para uso com idade de 16 a 20 anos, para 265 em 100.000 para uso com idade entre 35 e 39 anos.

A Dra. Kirstin Pirie, programadora estatística da Oxford Population Health e uma das principais autoras do estudo, explicou: “As descobertas sugerem que o uso atual ou recente de todos os tipos de contraceptivos apenas com progestogênio está associado a um leve aumento no risco de câncer de mama, semelhante ao [risco] associado ao uso de contraceptivos orais combinados. Dado que o risco subjacente de uma pessoa desenvolver câncer de mama aumenta com o avanço da idade, o risco excessivo absoluto de câncer de mama associado a qualquer tipo de contraceptivo oral será menor em mulheres que o usam em idades mais jovens. Esses riscos excessivos devem, no entanto, ser vistos no contexto dos benefícios bem estabelecidos do uso de anticoncepcionais nos anos reprodutivos das mulheres.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Oxford (em inglês).

Fonte: Universidade de Oxford. Imagem: Shutterstock.

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