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Reprodução assistida: estudo cria ferramenta que pode reduzir custos e agilizar processo

Ao identificar os melhores óvulos das pacientes, software possibilita conhecer antecipadamente a qualidade do embrião que será formado após a fertilização in vitro

ZEISS Microscopy via Wikimedia Commons

Fonte

UFRGS | Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Data

sexta-feira, 14 outubro 2022 11:25

Áreas

Bioinformática. Biomedicina. Biotecnologia. Empreendedorismo. Reprodução.

O problema da infertilidade é hoje uma realidade para muitas pessoas que desejam constituir uma família. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 190 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem com esse problema, afetando aproximadamente 50 milhões de casais. No Brasil, a estimativa é de que atinja os 8 milhões de indivíduos.

Tendo em vista esses números, uma tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas: Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) criou métodos para conseguir auxiliar as clínicas de reprodução assistida na escolha dos melhores óvulos das pacientes. A pesquisa gerou, além de cinco artigos em periódicos internacionais, o teste de software Ostera Test e uma startup operacional, a Ostera. A ferramenta busca aumentar as taxas de sucesso do processo de reprodução assistida, que, hoje, ficam em torno de 30%.

A infertilidade é a inaptidão que um casal possui após um ano de tentativas falhas para engravidar, impactando 15% dos pares em idade reprodutiva e 30% em países subdesenvolvidos. Na pesquisa, a Dra. Lucia von Mengden Meirelles identificou componentes distintos dos processos celulares, do metabolismo e das defesas antioxidantes das células do Cumulus, que têm a função de coordenar o desenvolvimento folicular e a proteção do oócito, que dá origem ao óvulo. Como esse material é rico em informações biológicas sobre a condição do oócito, é possível antecipar métodos e tecnologias aplicáveis ao ambiente clínico para conseguir, então, auxiliar pacientes em tratamento de reprodução assistida.

Após a coleta de 223 amostras de células de Cumulus humanas, a pesquisadora trabalhou em diferentes cenários in vitro (em laboratório) e in vivo (em organismos vivos) para identificar pontos determinantes para o desenvolvimento do oócito. Outro objetivo foi encontrar marcadores prognósticos de qualidade, isto é, características que permitiriam identificar as melhores células.

O modelo que consegue prever a qualidade oocitária trabalha analisando níveis de expressão gênica de 25 genes-alvo selecionados. Subsequentemente avaliados pelo software, esses dados ajudam a formar um ‘ranking’ dos melhores oócitos de cada paciente.

Os testes mostraram que o projeto, por meio desse parecer dos oócitos da paciente, é capaz de antecipar a qualidade do embrião que será formado depois da fertilização in vitro. A pesquisadora chegou a uma acurácia média de 84% para indicar a capacidade de os embriões se desenvolverem até a próxima etapa do processo embrionário. Dessa forma, a ferramenta auxilia na escolha do melhor embrião para ser transferido ao útero.

Mudanças clínicas com o uso da Ostera

A Dra. Lucia Meirelles contou que, nas clínicas de reprodução assistida, as pacientes realizam uma estimulação para a produção de óvulos, para que, a partir disso, os médicos analisem os gametas. “A gente não pode transferir tantos embriões do útero materno porque é um risco muito grande de uma gestação gemelar (mais de um feto)”, disse a pesquisadora. “Falta uma ferramenta que auxilie o embriologista na identificação [do potencial do embrião], para que não seja só visual. E o que o Ostera Test faz é exatamente isso”, acrescentou.

Outro objetivo da startup é evitar que pacientes mantenham os óvulos congelados por anos sem ter a certeza do potencial de seus possíveis futuros embriões. Dessa forma, se poderia saber desde o início do processo a probabilidade de aquela célula ter sucesso de se tornar uma gestação futura.

A Dra. Lucia destacou que o trabalho pode abrir portas para novos estudos desse segmento, como, por exemplo, a continuação da elucidação dos processos biológicos do folículo ovariano e da fertilidade feminina.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da Universidade-Ciência/UFRGS.

Fonte:

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