Notícia

Seda de aranha pode estabilizar proteína supressora do câncer

Fonte

Instituto Karolinska

Data

sexta-feira, 18 março 2022 11:50

Áreas

Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Microbiologia. Oncologia.

A proteína p53 protege nossas células do câncer e é um alvo interessante para tratamentos contra o câncer. O problema é que ela se decompõe rapidamente na célula. Mas pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, descobriram uma maneira incomum de estabilizar a proteína e torná-la mais potente: ao adicionar uma proteína da seda de aranha à p53, eles mostraram que é possível criar uma proteína mais estável e capaz de matar células cancerígenas. O estudo foi publicado na revista científica Structure.

A p53 desempenha um papel fundamental na defesa do corpo contra o câncer, em parte descobrindo e prevenindo mutações genéticas que podem levar ao câncer. Se uma célula não tem p53 funcional, ela rapidamente pode se tornar uma célula cancerosa que começa a se dividir descontroladamente. Pesquisadores de todo o mundo estão, portanto, tentando desenvolver tratamentos contra o câncer que, de alguma forma, tenham como alvo a p53.

Inspiração da natureza

“O problema é que as células produzem apenas pequenas quantidades de p53 e depois a quebram rapidamente, pois é uma proteína muito grande e desordenada”, disse o Dr. Michael Landreh, coautor do estudo e pesquisador do Departamento de Microbiologia, Tumores e Biologia Celular do Instituto Karolinska. “Fomos inspirados em como a natureza cria proteínas estáveis ​​e usamos proteína da seda de aranha para estabilizar a p53. A seda da aranha consiste em longas cadeias de proteínas altamente estáveis ​​e é um dos polímeros mais fortes da natureza”, continuou o pesquisador.

Em um projeto colaborativo com, entre outros, o Dr. Jan Johansson e a Dra. Anna Rising, do Departamento de Biociências e Nutrição do Karolinska, que usam seda de aranha em suas pesquisas, os pesquisadores anexaram uma pequena seção de uma proteína sintética de seda de aranha à proteína p53 humana. Quando eles a introduziram nas células, descobriram que as células começaram a produzi-la em grandes quantidades. A nova proteína também provou ser mais estável que a p53 comum e capaz de matar células cancerígenas. Usando microscopia eletrônica, simulações de computador e espectrometria de massa, eles foram capazes de mostrar que a razão provável para isso foi a maneira como a parte da seda da aranha conseguiu dar estrutura às seções desordenadas da p53.

Vacina contra o câncer?

Os pesquisadores agora planejam estudar a estrutura da proteína em detalhes e como suas diferentes partes interagem para prevenir o câncer. Eles também esperam descobrir como as células são afetadas pela nova e potente proteína p53 e quão bem elas toleram seu componente da seda de aranha.

“Criar uma variante mais estável da p53 nas células é uma abordagem promissora para a terapia contra o câncer, e agora temos uma ferramenta para isso que vale a pena explorar”, disse Sir David Lane, coautor e professor sênior do Instituto Karolinska. “Nós esperamos desenvolver uma vacina contra o câncer baseada em mRNA, mas antes disso precisamos saber como a proteína é manipulada nas células e se grandes quantidades podem ser tóxicas”.

O estudo foi uma colaboração entre pesquisadores do Instituto Karolinska, KTH Royal Institute of Technology e da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e a Agência de Ciência, Tecnologia e Pesquisa de Cingapura (A*STAR).

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto Karolinska (em inglês).

Fonte: Felicia Lindberg, Instituto Karolisnka. Imagem: Sonel via Pixabay.

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