Notícia
Terapia com plasma convalescente para a COVID-19: novos estudos clínicos
Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins trabalharam para validar uma terapia sérica convalescente para tratar a COVID-19 usando plasma sanguíneo de pacientes recuperados
Pixabay
Fonte
Universidade Johns Hopkins
Data
sexta-feira, 10 abril 2020 12:20
Áreas
Biomedicina. Doenças Infecciosas. Imunologia. Saúde Pública.
Sob a liderança do imunologista Dr. Arturo Casadevall, a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, está participando de estudos sobre o uso de uma terapia sérica convalescente, um potencial tratamento para pacientes com COVID-19.
No último dia 24 de março, a agência Food and Drug Administration (FDA) começou a permitir que os pesquisadores solicitassem autorização de emergência para o uso desta terapia. Dentro de três dias, hospitais em Houston e Nova York iniciaram tratamentos, e agora sob um “programa de acesso expandido” da FDA, um número muito grande de hospitais nos Estados Unidos seguirá o exemplo.
No dia 03 de abril, a agência FDA aprovou um ensaio clínico específico para a Universidade Johns Hopkins, que permitirá que seus pesquisadores testem mais a terapia como forma de impedir que pessoas saudáveis, principalmente a equipe médica da linha de frente, fiquem doentes. A aprovação da FDA está pendente para um segundo ensaio clínico em pacientes que estão com doença leve ou moderada para ver se o soro os manterá fora das UTIs e ajudará a recuperá-los.
Nas últimas semanas, o Dr. Casadevall liderou uma equipe de médicos e cientistas para estabelecer uma rede de pelo menos 40 hospitais e bancos de sangue em 20 estados nos Estados Unidos que podem começar a coletar, isolar e processar plasma sanguíneo de sobreviventes do COVID-19. As pessoas que se recuperam de uma infecção desenvolvem anticorpos que circulam no sangue e podem neutralizar o patógeno. Os pesquisadores esperam usar a técnica para tratar pacientes com COVID-19 em estado crítico e impulsionar o sistema imunológico de profissionais de saúde e socorristas. Atualmente, não existem terapias medicamentosas comprovadas ou vacinas eficazes para o tratamento do novo coronavírus.
“No final de janeiro, eu sabia que essa doença sairia da China e sabia que havia uma enorme história do uso de plasma e soro no século 20”, disse o Dr. Arturo Casadevall, que é professor de Microbiologia Molecular, Imunologia e Doenças Infecciosas na Escola de Saúde Pública e na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.
Milhares de sobreviventes podem em breve doar seu plasma rico em anticorpos, de acordo com os médicos. Mas isso ocorrerá apenas se os primeiros estudos promissores sobre a terapia realizada na China forem confirmados por estudos nos EUA que mostrem “efeitos e melhorias significativas” nos pacientes, afirma o Dr. Aaron Tobian, patologista e diretor da Divisão de Medicina de Transfusão do Hospital Johns Hopkins. Ele está otimista de que a terapia fará exatamente isso. “Eu acho que esse poderá ser o melhor tratamento que teremos nos próximos meses”.
Essa terapia de anticorpos passivos tem sido usada desde a década de 1890 para combater doenças como sarampo, SARS, Ebola, gripe H1N1 e poliomielite – e mantém a promessa de manter o vírus sob controle até que uma vacina possa ser desenvolvida (as estimativas atuais são de que uma vacina para uso emergencial possa estar disponível no início de 2021). Durante o surto de SARS em 2002–2003, um estudo com 80 pessoas que usaram soro convalescente em Hong Kong descobriu que aquelas que usaram a terapia por duas semanas após a manifestação dos sintomas tiveram uma chance maior de receber alta do hospital do que aquelas que não foram tratadas com a terapia.
A beleza da terapia, segundo o Dr. Casadevall, é que ela envolve um método bem estabelecido – e seguro – de doação de sangue. Exceto neste caso, o plasma (ou soro) dos sobreviventes, que contém o anticorpo para COVID-19, é separado dos glóbulos vermelhos e transfundido nas três categorias de receptores: os doentes críticos como medida de “cuidado compassivo”; os pacientes que estão levemente ou moderadamente doentes para mantê-los fora das UTIs e sem necessitarem de ventilação mecânica, e finalmente os profissionais da linha de frente, para evitar que fiquem doentes. Um volume de soro de 200 mililitros (uma unidade) seria administrado a cada receptor, segundo o Dr. Aaron Tobian, com cada doador fornecendo soro suficiente para até quatro pacientes (cada doador pode fornecer de duas a quatro unidades de soro).
Fonte: Universidade Johns Hopkins
Pesquisas na China
Recentemente, a proposta de uso da terapia com plasma convalescente para tratamento da COVID-19 foi estudada por pesquisadores chineses do Hospital do Terceiro Povo de Shenzhen, do Centro Nacional de Pesquisa Clínica para Doenças Infecciosas e do Laboratório de Engenharia de Proteínas e Vacinas do Instituto de Biotecnologia Industrial de Tianjin.
Os pesquisadores relataram que a administração de plasma convalescente contendo anticorpos neutralizantes foi seguida por melhora no estado clínico dos pacientes, porém o tamanho limitado da amostra e o desenho do estudo impediam uma afirmação definitiva sobre a eficácia potencial desse tratamento, sugerindo a necessidade de mais estudos clínicos.
Acesse a notícia do Canal Farma – COVID-19: transfusão de plasma convalescente em pacientes críticos é testada por pesquisadores chineses
No Brasil, Anvisa e Ministério da Saúde orientam serviços de hemoterapia sobre coleta, processamento e transfusão de plasma para uso experimental no tratamento de pacientes com COVID-19
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou no último dia 08 de abril uma nota técnica com orientações para serviços de hemoterapia sobre os procedimentos de coleta, processamento, armazenamento, transporte e transfusão de plasma convalescente. O objetivo é atender projetos de pesquisa sobre o uso desse plasma como procedimento experimental no combate à Covid-19.
As orientações estão na Nota Técnica 21/2020, assinada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde (MS). Antes dela, já havia sido publicada a Nota Técnica 19/2020, que orienta pesquisadores e médicos sobre o uso de plasma convalescente de forma experimental no combate à doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Johns Hopkins (em inglês).
Acesse a notícia no Canal Farma sobre as pesquisas na China.
Acesse a notícia completa na página da Anvisa.
Fontes: George Spencer, Universidade Johns Hopkins e Ascom/Anvisa. Imagem: Pixabay.
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