Notícia
Transplante de arcabouços de fígados sem células estimula regeneração de órgãos com cirrose
Estudo realizado em ratos é a prova de conceito de que, no futuro, fígados bioartificiais poderão ser transplantados com sucesso em humanos
Divulgação, GEF-IBCCF/UFRJ
Fonte
FAPERJ | Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Data
segunda-feira, 26 agosto 2024 16:35
Áreas
Biologia. Biotecnologia. Engenharia Biológica. Hepatologia. Medicina Regenerativa. Microbiologia. Saúde Pública. Transplantes.
Uma pesquisa liderada por cientistas do Grupo de Estudos do Fígado (GEF) do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) demonstrou, pela primeira vez, que o transplante de trechos de fígado descelularizado pode estimular a regeneração do órgão com cirrose, recuperando sua função.
O trabalho, que contou com a colaboração de cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), recebeu o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Um artigo sobre o estudo, tendo como primeiro autor o Dr. Marlon Lemos Dias, pesquisador do GEF/IBCCF/UFRJ, foi publicado na revista científica Cells. “Nesse artigo, o grupo investigou a hipótese de que arcabouços acelulares poderiam ser transplantados diretamente em um animal receptor doente, confiando inteiramente na sua capacidade de promover a repopulação de células residentes capazes de regenerar o tecido hepático. Nossos resultados indicaram que, mesmo em condições de doença hepática, o corpo pode agir para promover a recelularização de arcabouços acelulares e que estes induzem a regeneração hepática em fígados cirróticos após o transplante”, explicou o Dr. Marlon Dias.
O trabalho fez parte da tese de doutorado do pesquisador, intitulada “Bioengenharia de arcabouços hepáticos acelulares: da hemocompatibilidade à recelularização in situ”, defendida em 2023, e que valeu a ele o Prêmio de Melhor Tese do Ano do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas-Biofísica (PPG Biofísica) do IBCCF e uma indicação ao Prêmio Capes de Teses. O pesquisador foi orientado pela professora Dra. Regina Coeli dos Santos Goldenberg, coordenadora do GEF.
O estudo realizado em ratos é a prova de conceito de que, no futuro, fígados bioartificiais – órgãos doentes recuperados em laboratório – poderão ser transplantados com sucesso em humanos, tornando-se uma alternativa para os pacientes que aguardam na fila a recepção do órgão. Até março de 2024, mais de 1.300 pacientes adultos e pediátricos esperavam por um transplante de fígado, de acordo com os números do Registro Brasileiro de Transplantes, atualizado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
O mesmo estudo demonstrou outros fatos importantes. “Observamos que o fígado descelularizado pode ser recelularizado por células saudáveis, que criaram um tecido hepático organizado e funcional após o transplante em animais com cirrose hepática”, explicou o pesquisador.
“Além disso, fornecemos provas de que os produtos de engenharia de tecidos, como os biomateriais, podem ser combinados com citocinas terapêuticas e oferecer uma nova abordagem terapêutica para o tratamento de doenças hepáticas agudas e crônicas em humanos”, afirmou o jovem cientista que, ao concluir o pós-doutorado na University College London, no Reino Unido, retornou ao GEF-IBCCF-UFRJ, onde atua como professor substituto.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.
Fonte: Marcos Patricio, FAPERJ.
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