Notícia

UFRN recebe patente de processo de entrega de fármacos com nanotecnologia

Funcionalidade é alcançada por meio de partículas carreadoras em escala nanométrica e micrométrica capazes de incorporar moléculas terapêuticas de natureza tanto hidrofílica como hidrofóbica

Cícero Oliveira, Agecom/UFRN

Fonte

UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Data

quinta-feira, 3 agosto 2023 13:50

Áreas

Bioquímica. Biotecnologia. Engenharia Biológica. Entrega de Medicamentos. Farmacologia. Indústria Farmacêutica. Microbiologia. Nanotecnologia.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recebeu a carta patente de um processo que consegue a liberação direcionada de fármacos em diferentes regiões do trato gastrointestinal. A funcionalidade é alcançada por meio de partículas carreadoras em escala nanométrica e micrométrica capazes de incorporar moléculas terapêuticas de natureza tanto hidrofílica como hidrofóbica, ou seja, independente de sua afinidade ou aversão a água.

A Dra. Waldenice de Alencar Morais, professora do Departamento de Farmácia da UFRN e orientadora da pesquisa que deu origem ao depósito do pedido de patente em 2015, explicou que a nova tecnologia pode ser aplicada à indústria farmacêutica de uso humano ou veterinário, química e de alimentos: “A invenção refere-se ao método de preparo e produto de sistemas nanoparticulados e microparticulados de quitosana, para liberação modificada de substâncias, as quais podem incluir fármacos, peptídeos, proteínas, DNA/RNA, inseticidas, entre outros. Isso foi possível a partir de sistemas particulados à base de quitosana, sulfato e genipina, sendo biocompatíveis e caracterizados com uma carga de superfície positiva. Assim, apresentam uma maior estabilidade para resistir a condições ácidas de pH, extremamente útil para administração oral de agentes terapêuticos”, detalhou a professora.

A carta-patente tem o título ‘Método de preparação e produto de co-reticulação de sistemas particulados de quitosana com sulfato de sódio e genipina aplicada à incorporação de moléculas terapêuticas para fins de liberação modificada‘ e sua elaboração contou com a participação também do Dr. Arnóbio Antônio da Silva Júnior e Gabriela Diniz Fonseca. A pesquisa que deu origem à invenção foi realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFRN.

O Dr. Arnóbio Júnior, também professor do Departamento de Farmácia da UFRN, explicou que são atrativos do processo tecnológico criado a simplicidade e a versatilidade. Ele destacou que o método de co-reticulação ocorre efetivamente em uma única etapa simultânea e nas mesmas condições de pH ácido não antes possível. “A situação influencia na solubilização da matriz polimérica quitosana, bem como para a administração e compatibilidade de moléculas terapêuticas nessa faixa de pH. Ademais, esse processo permite obter um sistema particulado em escala nano, ou seja, em tamanhos muito reduzidos, mas não só. Alcançamos isso com um padrão de reticulação polimérico mais uniforme de reticulação iônica e química”, ressaltou o pesquisador. Além disso, os sistemas obtidos aplicam-se para moléculas que necessitem ter resistência ao pH ácido, como é caso existente no estômago, e serem liberados de maneira prolongada ou controlada visto o uso de reticulação física e química.

A professora Waldenice acrescentou que o grupo de cientistas conseguiu chegar até esse ponto com o emprego de materiais biocompatíveis de origem natural e de baixa toxicidade, como a quitosana e a genipina (reticulante químico), e o sulfato sódio exercendo função de ‘substância ligante e precipitante’. A junção dos processos em um mesmo sistema possibilita a característica de liberação modificada dos agentes terapêuticos incorporados. “Desse modo, a liberação torna-se controlada, mantendo a concentração do fármaco constante na faixa terapêutica por um período prolongado, utilizando-se de uma única dosagem. Dessa forma, com o intuito de melhorar tais aspectos, a obtenção de sistemas particulados na escala nano ou micrométrica é largamente utilizada como meio de proteção e controle da liberação”, explicou a pesquisadora.

Sobre as pesquisas atuais, destacam experimentos ligados à linha de pesquisa em produtos farmacêuticos, a partir de sistemas em escala micro ou nanométrica a base de produtos naturais, como quitosana, papaína e lecitinas, empregando a nanotecnologia farmacêutica com um impacto social. São exemplos os hidrogéis de quitosana e papaína para tratamento de feridas e nanoemulsões à base de lecitinas para desenvolvimento de larvicidas ou repelentes de origem natural para o combate ao Aedes aegypti, também objetos de pedido de patente.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Fonte: Wilson Galvão, AGIR/UFRN. Imagem: professora Waldenice no laboratório. Fonte: Cícero Oliveira, Agecom/UFRN.

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