Notícia
Vacina experimental contra o Vírus Sincicial Respiratório provoca intensa resposta imune
Dr. Jason McLellan
Fonte
Universidade do Texas em Austin
Data
sexta-feira, 9 agosto 2019 10:20
Áreas
Imunologia, Vacinas.
Uma vacina experimental contra o vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de mortes por doenças infecciosas em recém-nascidos, mostrou ser promissora em um ensaio clínico humano de Fase 1. Uma equipe de pesquisadores, incluindo o Dr. Jason McLellan, da Universidade do Texas em Austin, relatou na revista científica Science que uma dose da vacina candidata provocou provocou um aumento significativo nos anticorpos neutralizantes do VSR, que foram mantidos por vários meses.
As pessoas podem contrair o VSR em todas as fases da vida, mas o vírus é mais perigoso nas pessoas muito jovens e nos muito velhos. O vírus causa pneumonia, bronquiolite e outras doenças do trato respiratório inferior. Todos os anos, milhões de pessoas ficam doentes com o VSR e mais de 100.000 morrem, principalmente em áreas que não têm acesso a cuidados médicos modernos. Para crianças com menos de 1 ano de idade, o VSR perde apenas para a malária em termos de mortes por doenças infecciosas.
O Dr. Barney Graham e o Dr. Peter Kwong, do Centro de Pesquisa em Vacinas (VRC, da sigla em inglês) do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, juntamente com o professor Jason McLellan, lideraram o desenvolvimento da vacina candidata chamada DS-Cav1.
Os cientistas tentaram criar uma vacina para o VSR usando métodos tradicionais por mais de 50 anos – e até agora nenhuma tinha funcionado. Em vez disso, McLellan e seus colegas adotaram uma nova abordagem, chamada de projeto de vacina baseado em estrutura.
Já se sabia que uma certa parte do VSR, chamada proteína F, aciona o sistema imunológico humano para produzir anticorpos. Mas a proteína F é um metamorfo – antes de infectar uma célula, ela toma uma forma e depois durante a infecção, ela muda para uma segunda forma. Se o sistema imune encontra um vírus VSR com a proteína F na primeira forma, produz anticorpos potentes. Mas se a proteína está na segunda forma, menos anticorpos são produzidos, e eles não são muito eficazes. A produção de vacinas contra o VSR usando métodos tradicionais geralmente leva a proteínas F na segunda forma e, portanto, a uma fraca resposta de anticorpos.
É aí que entra a abordagem baseada em estrutura. Primeiro, os pesquisadores usaram uma técnica chamada cristalografia de raios X para determinar a estrutura em nível atômico da proteína F na primeira forma. Em seguida, eles reprojetaram a proteína F para remover sua capacidade de mudança de forma, bloqueando-a na forma que produz os melhores anticorpos.
Em 2013, os pesquisadores testaram várias versões da vacina tanto em camundongos como em primatas. Estas variantes de proteína provocaram elevados níveis de anticorpos neutralizantes e protegeram os animais contra a infecção por VSR. “Na nossa primeira vez testando essas moléculas estabilizadas em animais, a resposta foi 10 vezes mais intensa do que qualquer [vacina] que já se viu antes”, destacou o Dr. McLellan. A mais promissora dessas vacinas candidatas, a DS-Cav1, foi selecionada para avaliação clínica e posteriormente fabricada pelo VRC.
O artigo publicado na revista Science é uma análise parcial dos dados dos primeiros 40 voluntários adultos saudáveis inscritos no estudo, que começaram no Centro Clínico dos Institutos Nacionais de Saúde em 2017. Os pesquisadores descobriram que a vacina candidata provoca um aumento de mais de 10 vezes nos anticorpos neutralizantes, comparados com o número de anticorpos que uma pessoa produz naturalmente quando da exposição ao VSR.
Os resultados finais do estudo são esperados para o próximo ano.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade do Texas em Austin (em inglês).
Fonte: Marc Airhart, Universidade do Texas em Austin. Imagem: Antes do VSR começar a infectar uma célula, sua proteína F tem a forma mostrada à esquerda. Durante a infecção, ela se reorganiza na segunda forma, à direita. A nova vacina contra o VSR foi desenvolvida para bloquear a proteína F na primeira forma, para que o sistema imunológico possa produzir os melhores anticorpos. Fonte: Dr. Jason McLellan.
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