Notícia
Vírus Epstein-Barr na saliva de pacientes com cirrose dá pistas sobre queda imunológica
Vírus da família herpesvírus humano foi encontrado em 30% dos pacientes que aguardam transplante de fígado
NIAID/NIH
Fonte
Jornal da USP
Data
segunda-feira, 12 agosto 2024 12:30
Áreas
Biologia. Biomarcadores. Biomedicina. Biotecnologia. Hepatologia. Imunologia. Microbiologia. Odontologia. Patologia. VIrologia.
Em um estudo piloto desenvolvido na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), foi observado em pacientes com cirrose hepática uma relação entre a diminuição de células do sistema imunológico e o aumento da presença do vírus Epstein-Barr (EBV) na saliva. Os linfócitos, células que apresentaram a queda, estão envolvidos diretamente na resposta imune a esse vírus, o que permite inferir que seu declínio levaria à menor vigilância contra o microrganismo.
O vírus Epstein-Barr pertence à família do herpesvírus humano (HHV), e além de causar mononucleose infecciosa – conhecida como ‘doença do beijo’ – está relacionado a outros quadros. “Ele é um vírus importante porque, em estados de imunodepressão, pode ocasionar doenças que costumam ser severas”, destacou a Dra. Karem Ortega, professora da FOUSP e orientadora do trabalho.
O grupo de pacientes foi formado por pessoas que aguardavam por um transplante de fígado, majoritariamente homens ex-alcoolistas. “Por causa da vigilância imunológica alterada nesse grupo, alguns desses vírus podem ser perigosos quando se trata de um prognóstico de transplante”, disse Gabriella Marinho, que realizou a pesquisa em seu doutorado na FO.
Mas, “o que a gente pode dizer nesse momento, com este estudo, é que os pacientes com cirrose e diminuição de linfócitos podem ter uma chance maior de transmitir o vírus para outras pessoas”, afirmou a professora Karem Ortega. A pesquisadora também destacou que a presença desse vírus em um nível alto, e que afeta a imunidade circulante, acende um alerta quanto ao contágio entre os próprios pacientes.
Vírus Epstein-Barr e imunidade comprometida
Os resultados do trabalho mostram que a deficiência imunológica dos pacientes com cirrose pode afetar a eliminação do vírus Epstein-Barr na saliva, uma vez que ele é relativamente comum nesse fluido por ter afinidade com algumas células das glândulas salivares.
Foi identificado o vírus Epstein-Barr em 30% entre os 72 indivíduos que fizeram parte do estudo. Além disso, dos sete subgrupos restantes da família do herpesvírus humano (HHV), o HHV-7, um vírus que causa doenças em momentos de baixa imunidade, apareceu em 43% dos voluntários, mas não foi encontrada relação entre o vírus e o declínio ou aumento de células do sistema imunológico, medidas através de exames de sangue.
O grande problema no caso do grupo estudado é que, em quadros de disfunções imunológicas, esse vírus já foi relacionado a infecções que podem levar à rejeição de órgãos transplantados. “Portanto, ainda que o vírus na saliva desse grupo de pacientes não traga nenhum sinal clínico nesse momento, pode causar um mau prognóstico depois do transplante”, esclareceu Gabriella Marinho. Pacientes transplantados utilizam medicamentos imunossupressores, que diminuem a atividade do sistema imunológico para evitar a rejeição ao órgão. Por isso, há uma preocupação sobre a reativação de vírus latentes nesses casos.
Além disso, o estudo apontou uma relação entre o aumento do EBV e a diminuição do número de linfócitos, que estão envolvidos diretamente na resposta imune a esse vírus, inferindo que essa queda pode levar a menor vigilância contra o microrganismo.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Gabriele Mello e Fabiana Mariz, Jornal da USP. Imagem: micrografia eletrônica mostrando três vírus Epstein-Barr em vermelho-alaranjado. Fonte: NIAID/NIH.
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