Notícia
Pesquisadores usam mutação para obter novos antibióticos a partir do veneno de escorpião
Nova tecnologia foi objeto de pedido de patente no ano de 2015 e recebeu recentemente a concessão da carta patente
Divulgação, AGIR/UFRN
Fonte
UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Data
segunda-feira, 9 outubro 2023 17:50
Áreas
Bioinformática. Biologia. Bioquímica. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Doenças Infecciosas. Farmacologia. Imunologia. Indústria Farmacêutica. Microbiologia. Saúde Pública.
Um problema global, responsável direta e indiretamente por seis milhões de mortes no ano de 2019, mais do que a Aids e a Malária. O dado do artigo Global burden of bacterial antimicrobial resistance in 2019: a systematic analysis, publicado na revista científica The Lancet em 2022, diz respeito a infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos e leva em consideração o fato de as pessoas estarem morrendo de infecções comuns, anteriormente tratáveis. Com a pandemia que se seguiu e com as pessoas se submetendo a toda espécie de tratamento, o cenário negativo foi intensificado.
Uma alternativa para esse problema é o desenvolvimento de novos agentes antibióticos. Foi o que fez um grupo de quatro pesquisadores do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Eles usaram um peptídeo nativo do escorpião, a Stigmurina, e realizaram mutações pontuais em regiões específicas. Essas transformações geraram 31 peptídeos diferentes, chamados de análogos, com carga e polaridade que favorecem a ligação mais potente deles a membranas bacterianas de importância médica. As características permitem potencializar as atividades antimicrobiana e anticâncer da substância, presente na glândula de peçonha do escorpião Tityus stigmurus (escorpião amarelo), amplamente encontrado no Nordeste brasileiro.
O Dr. Matheus de Freitas Pedrosa, pesquisador responsável pela coordenação e supervisão dos estudos, explicou que essas ‘sequências peptídicas’ foram promovidas por meio de estudos de bioinformática, com amplo uso. “A aplicabilidade dessa descoberta científica se dá tanto na medicina humana quanto na veterinária. Esses novos peptídeos são, tecnicamente, moléculas obtidas a partir de ferramentas computacionais que apresentaram, por análise in silico e posteriormente in vitro, ação antibiótica e antiproliferativa superior à molécula nativa do escorpião”, relatou.
A nova tecnologia foi objeto de pedido de patente no ano de 2015 e recebeu, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a concessão da carta patente no último dia 12 de setembro, sob a denominação Peptídeos análogos da Stigmurina com atividade antibiótica e antiproliferativa e sua aplicação em formulações farmacêuticas. A Dra. Alessandra Daniele da Silva, uma das cientistas envolvidas na pesquisa, identificou que, até mais do que 2015, o cenário atual requer mais novos peptídeos nessa perspectiva – um exemplo é a ampla incidência do crescimento anormal do número de células (situação que ocasiona casos de cânceres) em todo o mundo.
“Essas moléculas multifuncionais surgem como uma fonte promissora para a obtenção de novas alternativas terapêuticas por mostrarem elevada ação contra diferentes linhagens de células cancerígenas em cultura celular, com ação superior ao peptídeo nativo. Estudos experimentais realizados por nosso laboratório, com parte das moléculas depositadas nessa patente, têm de fato mostrado elevada ação antibacteriana contra diferentes”, descreveu a pesquisadora.
Além de Matheus e de Alessandra, o grupo de inventores é formado, ainda, pela Dra. Andréia Bergamo Estrela e pela Dra. Adriana Marina e Silva Parente. O processo do desenvolvimento das novas moléculas foi realizado justamente durante o mestrado de Alessandra Daniele e Adriana Parente, ambas, na época, alunas do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas e do programa de Pós-graduação em Bioquímica e Biologia Molecular da UFRN, respectivamente.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Fonte: Wilson Galvão, AGIR/UFRN. Imagem: Divulgação, AGIR/UFRN.
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