Destaque

Pesquisadores identificam peptídeo anti-hipertensivo no sangue humano

Fonte

UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais

Data

segunda-feira. 6 maio 2024 14:25

Pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanobiofarmacêutica (INCT-Nanobiofar), sediado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pode proporcionar novo avanço no tratamento da hipertensão, doença que afeta cerca de 40% da população brasileira. Liderados pelo Dr. Robson dos Santos, professor emérito da UFMG e coordenador do Instituto, os pesquisadores identificaram novo componente do sistema renina-angiotensina (SRA), um dos principais pontos de ataque para o tratamento da hipertensão arterial.

Batizado de Alamandina-(1-5), o novo peptídeo, que é um fragmento de proteína, integra o complexo mecanismo bioquímico de regulação arterial e pode abrir novas frentes para o controle da hipertensão.

Segundo o professor Robson dos Santos, o novo peptídeo apresentou importante efeito anti-hipertensivo associado em parte a uma ação no coração, que é a redução da quantidade de sangue ejetada na circulação por minuto, chamada de débito cardíaco. Em pacientes com doença renal crônica (síndrome nefrótica), constatou-se aumento de até 800% na concentração do peptídeo no plasma.

A descoberta foi possível graças a um esforço conjunto de diferentes grupos que integram o INCT-Nanobiofar. Os pesquisadores utilizaram métodos sofisticados e de alta tecnologia (espectrometria de massa), além de ferramentas de Genética, Biologia Molecular, Proteômica, Fisiologia, Farmacologia e Bioquímica. “Esse novo componente, a Alamandina-(1-5), está presente na circulação humana e tem vários efeitos vasculares e cardíacos que sugerem um papel significativo na modulação das ações fisiológicas do sistema cardiovascular”, descreveu o pesquisador.

Clássico e protetor

O sistema renina-angiotensina é formado por dois eixos principais: o clássico, que é alvo dos principais medicamentos anti-hipertensivos, e o protetor, que antagoniza as ações do eixo clássico. Quando ativado inadequadamente, o último resulta em aumento da pressão arterial e várias complicações, incluindo aumento do risco de doenças como aterosclerose, cardiomiopatia, AVC e nefropatia. As ações do SRA são mediadas pelas angiotensinas, pequenos fragmentos de proteína. A angiotensina II é a principal mediadora do eixo clássico, enquanto a Angiotensina-(1-7) exerce papel análogo no eixo protetor.

Na década de 1980, durante residência pós-doutoral na Cleveland Clinic Foundation, em Ohio, Estados Unidos, o Dr. Robson dos Santos e outros pesquisadores identificaram no sangue uma forma de angiotensina, a Angiotensina-(1-7), um dos integrantes do sistema renina-angiotensina que fazia a musculatura dos vasos relaxar e a pressão arterial diminuir em animais espontaneamente hipertensos.

Sob situações de estresse psicológico ou condições que alteram a concentração de sais ou o volume de líquido no sangue (como diarreia e hemorragia), os rins iniciam a produção da renina, enzima que aciona a geração em cascata de algumas formas de angiotensina capazes de fazer a pressão subir. Quando é ativado ocasionalmente, esse mecanismo é essencial para manter a saúde do organismo, mas se torna danoso se a ativação for contínua.

Em 2008, o grupo liderado pelo professor Robson dos Santos descobriu mais um peptídeo, a Alamandina. Agora, a identificação da Alamandina-(1-5) representa passo importante na compreensão do sistema renina-angiotensina. Ao integrar-se a ele, esse fragmento de proteína pode abrir portas para novas abordagens terapêuticas relacionadas à lesão de órgãos-alvo (rim, vasos, cérebro e coração) decorrentes da hipertensão arterial.

O estudo foi publicado na forma de pré-impressão (ainda não revisado por pares), na plataforma bioRxiv.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Minas Gerais.

Fonte: UFMG e Assessoria de Comunicação do INCT-Nanobiofar.

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