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Pesquisadores identificam cepa resistente a um dos fármacos mais prescritos em paciente com leishmaniose

Fonte

Agência FAPESP

Data

sexta-feira. 16 agosto 2024 12:15

Ao analisar amostras de um paciente de 46 anos residente no Maranhão, pesquisadores identificaram pela primeira vez no país uma cepa circulante do parasita Leishmania amazonensis resistente à anfotericina B, um dos fármacos utilizados no tratamento da leishmaniose cutânea.

A doença é caracterizada por lesões na pele que persistem por meses, mas podem se curar. No caso em questão, porém, o indivíduo apresentava a forma difusa de leishmaniose cutânea, considerada rara, de difícil tratamento e associada a uma resposta imune inadequada do organismo.

Além disso, o paciente apresentava coinfecção pelo vírus HIV (causador da Aids), o que tornou o quadro ainda mais difícil de ser combatido. Ele já havia sido submetido a tratamentos prévios sem sucesso, mostrando-se refratário ao esquema terapêutico com dois medicamentos comumente utilizados contra a leishmaniose no país: o antimoniato de meglumina, que foi a primeira escolha para o tratamento da doença por várias décadas apesar de sua baixa taxa de eficácia, e a anfotericina B, que compõe uma das poucas opções no país para tratar a leishmaniose cutânea difusa.

Por esse motivo, pesquisadores decidiram fazer ensaios in vitro e in vivo com a cepa isolada do paciente para testar sua sensibilidade à anfotericina B. “No modelo in vivo, utilizamos camundongos infectados com o parasita isolado e tratados com a anfotericina B, além de submetidos a outros dois medicamentos aos quais o paciente não tinha sido exposto, a miltefosina e a paromomicina”, explicou o Dr. Adriano Cappellazzo Coelho, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e coordenador do estudo.

Resultados da pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foram publicados na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases.

Os cientistas compararam os resultados obtidos nos ensaios in vitro e in vivo com testes feitos com outra cepa da mesma espécie sabidamente sensível a esses medicamentos. Assim, concluíram que a cepa proveniente do paciente analisado apresentou resistência à anfotericina B nos dois casos. Já na análise com os fármacos com os quais o paciente não foi previamente tratado (miltefosina e paromomicina), os animais responderam ao tratamento de maneira similar aos infectados com a cepa sensível a esses fármacos, mostrando que a diferença estava especificamente na resposta à anfotericina B.

“Dessa forma, nosso trabalho demonstrou pela primeira vez a presença de uma cepa circulante no país que é resistente à anfotericina B e, como ela é uma das poucas opções contra a leishmaniose cutânea difusa, isso indica a necessidade urgente de buscarmos fármacos alternativos para combater essa parasitose, já que a falha no tratamento da leishmaniose consiste em um sério problema de saúde pública no Brasil”, afirmou o professor Adriano Coelho.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Thais Szegö, Agência FAPESP.

 

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