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Pesquisadores identificam cepa resistente a um dos fármacos mais prescritos em paciente com leishmaniose
Ao analisar amostras de um paciente de 46 anos residente no Maranhão, pesquisadores identificaram pela primeira vez no país uma cepa circulante do parasita Leishmania amazonensis resistente à anfotericina B, um dos fármacos utilizados no tratamento da leishmaniose cutânea.
A doença é caracterizada por lesões na pele que persistem por meses, mas podem se curar. No caso em questão, porém, o indivíduo apresentava a forma difusa de leishmaniose cutânea, considerada rara, de difícil tratamento e associada a uma resposta imune inadequada do organismo.
Além disso, o paciente apresentava coinfecção pelo vírus HIV (causador da Aids), o que tornou o quadro ainda mais difícil de ser combatido. Ele já havia sido submetido a tratamentos prévios sem sucesso, mostrando-se refratário ao esquema terapêutico com dois medicamentos comumente utilizados contra a leishmaniose no país: o antimoniato de meglumina, que foi a primeira escolha para o tratamento da doença por várias décadas apesar de sua baixa taxa de eficácia, e a anfotericina B, que compõe uma das poucas opções no país para tratar a leishmaniose cutânea difusa.
Por esse motivo, pesquisadores decidiram fazer ensaios in vitro e in vivo com a cepa isolada do paciente para testar sua sensibilidade à anfotericina B. “No modelo in vivo, utilizamos camundongos infectados com o parasita isolado e tratados com a anfotericina B, além de submetidos a outros dois medicamentos aos quais o paciente não tinha sido exposto, a miltefosina e a paromomicina”, explicou o Dr. Adriano Cappellazzo Coelho, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e coordenador do estudo.
Resultados da pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foram publicados na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases.
Os cientistas compararam os resultados obtidos nos ensaios in vitro e in vivo com testes feitos com outra cepa da mesma espécie sabidamente sensível a esses medicamentos. Assim, concluíram que a cepa proveniente do paciente analisado apresentou resistência à anfotericina B nos dois casos. Já na análise com os fármacos com os quais o paciente não foi previamente tratado (miltefosina e paromomicina), os animais responderam ao tratamento de maneira similar aos infectados com a cepa sensível a esses fármacos, mostrando que a diferença estava especificamente na resposta à anfotericina B.
“Dessa forma, nosso trabalho demonstrou pela primeira vez a presença de uma cepa circulante no país que é resistente à anfotericina B e, como ela é uma das poucas opções contra a leishmaniose cutânea difusa, isso indica a necessidade urgente de buscarmos fármacos alternativos para combater essa parasitose, já que a falha no tratamento da leishmaniose consiste em um sério problema de saúde pública no Brasil”, afirmou o professor Adriano Coelho.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.
Fonte: Thais Szegö, Agência FAPESP.
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